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Índice de suicídio aumenta em homens na cidade de São Paulo

 

Índice de suicídio aumenta em homens na cidade de São Paulo
Crescimento do índice foi de 2,5% ao ano, em média, registrado no período entre os anos de 2002 e 2009

 

O índice de suicídio entre homens na cidade de São Paulo aumentou 2,5% ao ano entre 2002 e 2009, aponta pesquisa da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP). O estudo do geógrafo Daniel Hideki Bando também mostra que o maior aumento aconteceu na faixa etária de 25 a 44 anos, depois de 2004. Segundo o trabalho, os maiores riscos estão em pessoas do sexo masculino, solteiras e de origem asiática. O meio de suicídio mais comum entre homens é o enforcamento, enquanto nas mulheres é o envenenamento.

A pesquisa utilizou dados do Programa de Aprimoramento das Informações de Mortalidade (PRO-AIM), mantido pela prefeitura, apurados entre os anos de 1996 e 2009. “Nesse período, há registro de um total de 6.002 casos de suicídio, o que representa uma taxa de 4,6 por 100.000 habitantes (7,5 para homens e 2,0 em mulheres)”, diz o geógrafo. Os números são analisados em tese de doutorado defendida na FMUSP em maio do ano passado, orientada pelo professor Paulo Lotufo, da FMUSP. Os resultados foram publicados na edição de outubro de 2012 da “Revista Brasileira de Psiquiatria”.

Entre os homens, ocorreram em média 10 suicídios a cada 100.000 moradores da cidade em 2009. “Na faixa etária entre 25 e 44 anos, entre 1996 e 2004, houve uma queda de 4,6% ao ano”, conta Bando. “Entretanto, a partir de 2004, verificou-se um crescimento de 8,6% ao ano, uma tendência que também é verificada em pesquisas no exterior.”

O índice de suicídio entre mulheres permaneceu estável durante todo o período analisado na pesquisa. “A média tem se mantido em torno de 2 suicídios para cada 100.000 mil habitantes”, aponta o geógrafo. “Esse número também segue a tendência observada nos estudos internacionais, em que o número de homens que se suicidam sempre é maior, com exceção da China.”

Risco em potencial
A partir dos dados apurados na pesquisa, foram calculados os grupos em que há maior risco em potencial de suicídios. “Com relação ao estado civil, a maior tendência está entre os solteiros”, conta Bando. “Ela é superior a dos divorciados, enquanto os casados apresentaram os menores riscos. Isso sugere que o isolamento é um fator de risco ao suicídio, dado encontrado em outros estudos.”

Durante a pesquisa de mestrado do geógrafo, publicada no livro “Suicídio na cidade de São Paulo”, escrito em parceria com a professora Ligia Barrozo, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP , e lançado em 2010, foram identificadas elevadas taxas na região central da cidade, que concentra o maior percentual de solteiros.

Quanto a raça e cor, o maior risco foi apurado nas pessoas de origem asiática e o menor entre pardos e mestiços. Em relação ao país de origem, “dos estrangeiros que vivem na cidade, a tendência é maior entre os asiáticos, especialmente aqueles vindos da China, Coreia e Japão, seguidos pelos europeus, o que possivelmente se deve a fatores culturais específicos desses países”, observa o geógrafo. “Todos os grupos de imigrantes apresentaram risco, mas ele é menor entre os originários de países da América Latina.”

O meio de suicídio mais comum entre os homens é o enforcamento, seguido da utilização de armas de fogo. “Entre as mulheres, o meio mais utilizado é o envenenamento, e logo após o enforcamento”, diz Bando. “Pesquisas anteriores já haviam mostrado diferenças entre as formas de suicídio predominantes entre homens e mulheres, o que talvez se deva a diferenças no acesso a armas de fogo e venenos, entre outros meios.”

De acordo com o geógrafo, a identificação dos grupos de risco é importante para ajudar no planejamento de políticas de prevenção. “De posse desses números é possível traçar estratégias de atendimento psicológico e psiquiátrico, com foco naqueles grupos que apresentaram as maiores tendências ao suicídio”, ressalta.

Em outro artigo, publicado na edição de agosto de 2012 da revista “BMC Psychiatry” , o geógrafo investigou a relação entre taxas de suicídio no Brasil, no Estado de São Paulo e na cidade de São Paulo com os níveis de renda. “No período entre 1996 e 2008, as taxas foram de 6,2, 6,6 e 5,4 por 100.000, respectivamente (para população com idade acima de 15 anos)”, aponta. “No Brasil e na cidade de São Paulo o suicídio foi mais frequente em áreas ricas, porém no Estado de São Paulo ocorreu o oposto, o que reforça a necessidade de mais pesquisas para verificar as razões dessa diferença.”

Mais informações: email danielhban@gmail.com, com Daniel Hideki Bando

Matéria de Júlio Bernardes, da Agência USP de Notícias, publicada pelo EcoDebate, 07/01/2013


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