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Notícia

O ‘Caso Rosemary’ e a esquerda que não tem medo de se nomear esquerda

 

conjuntura

 

A análise da Conjuntura da Semana é uma (re)leitura das Notícias do Dia publicadas diariamente no sítio do IHU. A análise é elaborada, em fina sintonia com o Instituto Humanitas Unisinos – IHU, pelos colegas do Centro de Pesquisa e Apoio aos Trabalhadores – CEPAT, parceiro estratégico do IHU, com sede em Curitiba-PR, e por Cesar Sanson, professor na Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN, parceiro do IHU na elaboração das Notícias do Dia.

Sumário:

Operação Porto Seguro

Apenas uma trama das elites?
Pequenas corrupções, grandes negócios
Avanços sociais. Atenuante para os erros?
O ‘Rosegate’ em frases

Eis a análise.

Operação Porto Seguro. Apenas uma trama das elites?

A vinda à tona da operação Porto Seguro – o “caso Rosemary” – logo após o julgamento do mensalão reforçou a tese defendida por muitos de que há uma ação orquestrada e persecutória contra Lula e o PT tramada pelas elites. No caso, as elites segundo os que defendem essa tese, seriam os setores que nunca engoliram a chegada de Lula ao poder e a continuidade do PT no Palácio do Planalto. Derrotados nas urnas no último decênio, esses setores procuram minar as principais lideranças do PT, particularmente Lula, e ato contínuo desqualificar as conquistas sociais desse período.

Essa linha de raciocínio é bastante difundida nas redes sociais, no universo da blogosfera e nas agências de notícias por militantes e intelectuais de esquerda. Nessas análises, o foco é o rancor e o preconceito das elites, da imprensa burguesa e do judiciário contra Lula que veio do ‘andar de baixo’ e ousou romper com o poder de mando do ‘andar de cima’.

Este tipo de raciocínio é reproduzido, entre outros, pelo sociólogo Emir Sader: “A direita repete, na Era Lula, os mesmos mecanismos da Era Getúlio. Enquanto os governos desenvolvem políticas econômicas e sociais que favorecem à grande maioria, recebem dela o apoio majoritário e derrotam sistematicamente a direita, resta a esta atividades golpistas. Se antes batiam às portas dos quartéis (eram chamadas de ‘vivandeiras de quartel’), agora usam a mídia para bater às portas do Judiciário”.

De acordo com esse raciocínio, o “caso Rosemary” é uma reedição da prática udenista levado a cabo pela direita nos anos 50. Mudaram-se os tempos e a conjuntura, mas a estratégia continuaria a mesma. As afirmações do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso acusando Lula, os editorias dos grandes jornais, reportagens de determinadas revistas e análises de determinados colunistas de jornais reforçam essa linha de argumentação de que está em curso uma conspiração para desqualificar Lula, o PT e “apagar” os avanços sociais conquistados nesses últimos anos. Nessa linha de raciocínio, a direita que se encontra debilitada ganhou um discurso para retornar à cena política: o denuncismo de caráter moralizante.

É inegável e incontestável que a direita procura se apropriar do mensalão e agora do ‘caso Rosemary’ para desqualificar e minar Lula, porém, resumir tudo a essa linha de raciocínio é empobrecer, simplificar e despolitizar a gravidade dos acontecimentos.

O jornalista Ricardo Kostcho, de longa trajetória no PT, amigo de amigo de Lula e pessoa próxima dos principais dirigentes do partido, está entre os que concordam com a análise de que a direita se agarrou ao ‘mensalão’ e ao ‘caso Rosemary’ para atingir Lula e o Partido dos Trabalhadores. O jornalista faz, porém, uma ressalva: “Sem ter o que propor ao eleitorado, após sofrer três derrotas consecutivas nas eleições presidenciais, e perder até mesmo em São Paulo na última disputa municipal, o PSDB e seus aliados na mídia e em outras instituições nacionais agora partem para o vale-tudo na tentativa desesperada de eliminar por outros meios o adversário que não conseguem vencer nas urnas. Nada disso, porém, exime o ex-presidente Lula e o PT de virem a público para dar explicações à sociedade porque não dá mais para fazer de conta que nada está acontecendo e tudo se resume a uma luta política, que é só dar tempo ao tempo”.

Na sequência, o jornalista vai ao ponto central que incomoda parte significativa daqueles que contribuíram para o crescimento, fortalecimento e a chegado do PT ao poder: “A bonita história do partido, que foi fundamental na redemocratização do país, e a dos milhões de militantes que ajudaram a levar o PT ao poder merecem que seus líderes venham a público, não só para responder a FHC e às denúncias sobre a Operação Porto Seguro publicadas diariamente na imprensa, mas para reconhecer os erros cometidos e devolver a esperança a quem acreditou em seu projeto político original, baseado na ética e na igualdade de oportunidades para todos”.

Segundo ele, “é preciso ter a grandeza de vir a público para tratar francamente tanto do caso do mensalão como do esquema de corrupção denunciado pela Operação Porto Seguro, a partir do escritório da Presidência da República em São Paulo, pois não podemos eternamente apenas culpar os adversários pelos males que nos afligem. Isso não resolve”, afirma o jornalista.

Mais do que tudo, diz Kostcho, “é urgente apontar novos caminhos para o futuro, algo que a oposição não consegue, até porque não há alternativas ao PT no horizonte partidário, para uma juventude que começa a desacreditar da política e precisa de referências, como eu e minha geração tivemos, na época da luta contra a ditadura. Conquistamos a democracia e agora precisamos todos zelar por ela”, conclui ele.

Na mesma linha de raciocínio, segue o jornalista Eugênio Bucci, outra figura histórica da militância política no Partido dos Trabalhadores: “O PT vive um refluxo amargo, um atordoamento, embora siga acumulando vitórias eleitorais. Esta semana ficou ainda mais tonto. Foi apanhado no contrapé por outro cruzado de esquerda, com novas denúncias de corrupção”. Segundo Bucci, “se (o PT) não enfrentar e sanar agora, já, os seus próprios desvios, o partido da estrela branca emoldurada de vermelho acabará por queimar sua reputação em praça pública. Será uma pena. A pior de todas as penas”.

Na linha de raciocínio de Kostcho e Bucci, o mensalão e agora a Operação Porto Seguro não podem ser debitadas apenas na tese da teoria conspiratória da direita contra o PT e Lula, mas devem também ser interpretadas a partir das opções que o PT e da sua figura principal, o ex-presidente Lula.

Pequenas corrupções, grandes negócios

Tanto o caso mensalão e agora o caso Rosemary colocam a nu práticas, procedimentos e atitudes na forma de se comportar no poder que sempre foram duramente criticadas pelo PT, ao menos em sua origem. Ainda mais: as entranhas desses casos manifestam uma concepção de gerir o poder que se afasta dos princípios republicanos preconizados pela esquerda.

Não se trata de resvalar para análises moralistas, tampouco, porém, se pode tapar a peneira com o sol. Como diz Kostcho “não se pode brigar com os fatos”. A questão posta de fundo é a não ruptura com os vícios tributários da Velha República, ou seja, a continuidade práticas políticas eivadas pelo autoritarismo, patrimonialismo e o clientelismo.

É disso que se trata, entre outras, coisas a Operação Porto Seguro. Pessoas que se valiam de funções públicas e da proximidade com o poder para traficar e favorecer interesses privados. O fato é atestado pelo ministro da Justiça Eduardo Cardozo: “O que ela fazia era, usando sua condição de chefe do escritório, facilitar contatos de membros da quadrilha em troca de favores”.

A gravidade reside, porém, no fato de que Rosemary Noronha não traficava e atendia apenas a interesses privados seus. O conjunto da Operação Porto Seguro aponta para fortes indícios que a ex-chefe do escritório da Presidência da República em São Paulo servia de preposto para encaminhar outras articulações políticas provenientes de altos círculos de poder do Palácio do Planalto.

Por mais que possa se contestar e não gostar o editorial da Folha de S.Paulo aponta para a gravidade do caso ao afirmar que (…) “a operação Porto Seguro que de início parecia um esquema de favores, vantagens e falcatruas de pequeno porte – descritos como ‘chinelagem’ por policiais – logo subiu de categoria. Engolfa já ilhas inteiras, a concessão de uma empresa de contêineres, a falsificação de diplomas e registros de faculdades… Pequenas corrupções e grandes negócios”.

Ciente do potencial explosivo do caso, o governo articulou no Congresso sua bancada de sustentação para blindar a ex-chefe do escritório da Presidência da República e evitar que a mesma fosse convocada ou convidada a falar sobre as denúncias da operação da Polícia Federal. A mesma blindagem cercou o número dois da Advocacia-Geral da União (AGU), José Weber de Holanda.

A questão de fundo induzida pela Operação Porto Seguro é de que o poder de articulações, nomeações e favores traficados pela secretária Rosemary Noronha não teriam acontecidos sem padrinhos políticos fortes. Ainda mais: Em alguns casos teria sido instrumento de encaminhamentos de atos e iniciativas que atendiam a interesses do mundo da política e suas articulações travadas nos bastidores de Brasília.

Como diz o escritor Ruy Castro, “a corrupção no Brasil ‘pinga do teto e escorre pelas paredes’ (Nelson Rodrigues). Só assim Rosemary Noronha, simples secretária de certo órgão, poderia nomear pessoas para cargos tão acima de sua posição na hierarquia”. O jornalista Hélio Schwartsman chama a atenção para o fato de que “no Brasil, secretárias bem relacionadas se sobrepõem às razões de Estado”.

O caso acabou revelando – destacam notícias da imprensa não desmentidas – que a influência exercida por Rosemary Noronha no governo federal decorre da longa relação de intimidade que ela manteve com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Os dois teriam se conhecido em 1993. Incorporada à equipe da campanha presidencial em 1994, Rosemary acabou se tornando secretária de José Dirceu no PT.

Quando Lula se tornou presidente em 2003, Rosemary foi lotada no braço do Palácio do Planalto em São Paulo, como “assessora especial” do escritório regional da Presidência na capital. Em 2006, por decisão do próprio Lula, foi promovida a chefe do gabinete e passou a ocupar a sala que acabou sendo alvo de operação de busca e apreensão da Polícia Federal.

No papel de chefe do escritório regional da Presidência na capital, Rosemary contava com três assessores e motorista. Sua tarefa oficialmente era a de “prestar, no âmbito de sua atuação, apoio administrativo e operacional ao presidente da República, ministros de Estado, secretários Especiais e membros do gabinete pessoal do presidente da República na cidade de São Paulo”.

A imprensa destila ilações que “durante 19 anos, o relacionamento de Lula e Rose se manteve oculto do público. Em Brasília, a agenda presidencial tornou a relação mais complicada. Quando a então primeira-dama Marisa Letícia não acompanhava o marido nas viagens internacionais, Rose integrava a comitiva oficial”.

A suposta intimidade da secretária com Lula foi alvo de enorme satirização por humoristas [conferir frases abaixo]. O próprio Lula em suposta conversas com amigos teria comentado bem humorado: “Se eu fosse político de direita, iam inventar uma namorada mais jovem, 18 anos. Como sou de esquerda, sobrou uma mais velha”.

Deixando de lado os aspectos privados da trama revelada pela Operação Porto Seguro, alvo de intensa insaciabilidade da imprensa brasileira e mesmo da sociedade, interessa os aspectos do lado público, ou seja, até que ponto a secretaria foi “usada” para traficar interesses de grupos e pessoas da esfera privada.

O PT tratou logo de afastar a figura de Lula do caso e também se eximiu de qualquer responsabilidade pelos acontecimentos. A responsabilidade e toda a culpa das denúncias foram imputadas à secretária e seus amigos, os irmãos Vieira. O ministro da Secretaria Geral da Presidência Gilberto Carvalho disse: “Não é o erro de uma ou de outra pessoa que vai atrapalhar esse projeto que está se consolidando como um projeto de um novo país” e acrescentou “por onde ele [Lula] anda, ele é endeusado”.

O ministro Gilberto Carvalho, disse ainda que esse tipo de operação só se tornou possível no governo do PT. Segundo ele, “a Polícia Federal, que é hoje cantada em prosa e verso pela sua independência, só passou a ser independente sob o governo do presidente Lula e agora da presidenta Dilma, cortando na carne quando necessário. Nos governos Fernando Henrique não havia autonomia. Agora há”, disse ele.

O presidente do PT Rui Falcão afirmou por sua vez que lamentava que “alguém que estava num posto de representação federal possa ter cometido os fatos revelados pela imprensa a partir da investigação da Polícia Federal. O PT não compactua com isso” e disse mais, “se esses fatos se comprovam, são graves. mas não é o PT que está sendo envolvido em escândalo”.

A secretaria Rosemary Noronha se defendeu afirmando que “enquanto trabalhei para o PT ou para a Presidência da República, nunca fiz nada ilegal, imoral ou irregular que tenha favorecido o ex-ministro José Dirceu ou o ex-presidente Lula em função do cargo que desempenhavam”. Lula por sua vez, disse apenas: “Muita gente não quer entender por que nós tiramos 28 milhões de pessoas da miséria, por que se levou 40 milhões de pessoas para a classe média, por que se gerou quase 20 milhões de empregos nesse país” e emendou, “as notícias ruins são manchetes, as notícias boas saem pequenininhas assim”.

Avanços sociais. Atenuante para os erros?

A afirmação de Lula, rarefeita em meio ao bombardeio do caso, é emblemática de determinada postura assumida por muitos quadros, dirigentes, militantes e simpatizantes do PT. A fala do ex-presidente manifesta uma queixa de que os avanços sociais são desconsiderados e ao invés de se falar nas conquistas se prefere o denuncismo. Embora não explicitada diretamente, o que Lula diz nas entrelinhas é que os avanços obtidos na área social nos últimos anos, as políticas inclusivas e a mobilidade social de milhares de brasileiros para cima é uma espécie de salvo-conduto para eventuais deslizes e erros cometidos.

Sobre isso o filósofo Renato Janine Ribeiro pergunta-se se não há uma relação entre avanços sociais, governos de esquerda e a corrupção. Pergunta ele: “Haverá um link entre políticas de inclusão social, levadas a cabo com êxito por governos de esquerda, e a corrupção?”.

É como se todos os avanços verificados no governo Lula servissem de atenuante para os equívocos e mesmo para atos de corrupção e práticas patrimonialistas e clientelistas. É o discurso de que a corrupção é inerente e constitutiva ao mundo da política e o que importa são os resultados conseguidos. Nessa linha de raciocínio erra quem critica o governo porque isso significar fazer o “jogo da direita”. O melhor é ficar apenas com o lado bom, reconhecer e louvar os acertos e empurrar para debaixo do tapete a sujeira. Trata-se de uma postura prepotente que não aceita a autocrítica. Aceitar dialogar com as denúncias, nessa visão, revela fraqueza e abre brechas para oportunizar os ataques da direita.

O “caso Rosemary” trouxe, entretanto, constrangimentos aos militantes e simpatizantes do PT ainda não refeitos dos estragos provocados pelo mensalão. Um dos constrangimentos é destacado pelo sociólogo Rudá Ricci ao comentar que “talvez a maioria dos analistas políticos desconheça que as derrapadas morais, de cunho pessoal, afetem mais os petistas históricos, em especial, aqueles oriundos de movimentos sociais de base e da igreja católica, que os erros políticos”. Segundo ele, “a conduta pessoal foi a pedra de toque na origem do PT. Pedir favor pessoal a um parlamentar era algo merecedor de punição na comissão de ética dos diretórios locais. Havia algo de ‘homem novo’ ou de conduta exemplar para construção de um país fundado na ética e na ação coletiva”, afirma.

O constrangimento, porém, não se resume ao campo ético-moral, ele é também político. Muitos dos que deram das suas melhores energias para a construção do PT e sempre se sentiram felizes por terem ajudado o projeto político do partido na luta pela transformação social – num trabalho realizado gratuitamente –, sentem-se ludibriados. De repente, pessoas que nunca fizeram parte da história do PT, oportunisticamente e ajudados por gente do PT, locupletam-se com poder e dinheiro. Ainda mais grave: verificam-se concessões que se fazem aos grandes interesses do capital financeiro produtivo e do agronegócio. O sentimento é de certa amargura por perceber que os ideais defendidos outrora por todos já não o são e, pior ainda, erros e concessões passam a ser justificados porque o mundo da política funciona assim mesmo.

Os ativistas sociais que se afastaram do PT e hoje o criticam recebem a resposta padrão: “vocês não querem ver ou minimizam os enormes avanços sociais do PT no governo”. Trata-se de um argumento frágil frente às criticas de esvaziamento ideológico do PT. Esses avanços eram esperados. Sempre foi isso que se prometeu e por isso que se lutou. Para muitos, inclusive, houve um enorme rebaixamento na agenda transformada do PT que se rendeu muito mais a uma agenda de políticas compensatórias do que emancipatórias.

Faz-se necessário reafirmar e criticar, mesmo sendo acusado de “jogar água no moinho da direita” que a esquerda que não tem medo de se nomear esquerda não pode prescindir em agir pelos princípios republicanos e isso significa dizer algo muito simples, mas ao mesmo tempo forte: Dinheiro público é dinheiro público e não pode ser apropriado privadamente. O poder exige total e absoluta transparência. O Público é o espaço da luz, da luminosidade. O privado é o espaço da sombra. Isso aprendemos com Hannah Arendt que retomou o conceito de práxis política dos gregos. O que é a corrupção? É a confusão ou a ação deliberada da defesa dos interesses privados no espaço público.

A ética dos fins justifica os meios não é republicana. Para quem efetivamente se quer nomear de esquerda a justificativa de que nunca se fez tanto no país pelos pobres não pode ser aceita com atenuante dos erros e reprodução de práticas viciadas fundadas no patrimonialismo e no clientelismo.

O ‘caso Rosegate’ em frases

Escanteio

“Ela (Rosemary Noronha) tinha contatos ilegais, relações indevidas e foi duramente enquadrada em três tipos criminais, mas não participava do núcleo central da quadrilha. Ao contrário, foi escanteada pelos seus membros, como mostram alguns diálogos interceptados” – José Eduardo Cardozo, ministro da Justiça – Folha de S. Paulo, 05-12-2012.

Lula

“Imaginar que o ex-presidente estivesse envolvido por trás disso está, a meu ver, desmentido” – José Eduardo Cardozo, ministro da Justiça – Folha de S. Paulo, 05-12-2012.

1808

Rose estaria apenas devolvendo aquilo que D. João 6º trouxe para cá em 1808” – Paulo Teixeira, deputado federal – PT-SP -, ironizando especulação de que Rose Noronha teria levado 25 milhões de euros para Portugal em mala diplomática – Folha de S. Paulo, 05-12-2012.

Sobrou para Rosemary

“Se eu fosse político de direita, iam inventar uma namorada mais jovem, 18 anos. Como sou de esquerda, sobrou uma mais velha” – Lula, 67 anos, ex-presidente da República, descontraído, a um grupo de amigos, sobre suas relações com Rosemary Noronha, 57 anos – O Globo, 04-12-2012.

Muy amigo

“Os “elogios” feitos por Eduardo Campos (PSB-PE) a Lula foram mal digeridos pelo PT. O governador de Pernambuco defendeu o ex-presidente no “Rosegate” afirmando que ele “merece respeito” pelo “legado” que deixou ao país. “Ele está aposentando o Lula, dizendo que ele faz parte do passado”, diz um dos principais aliados do petista” – Vera Magalhães, jornalista – Folha de S. Paulo, 05-12-2012.

Muy amigo 2

”Diante da ponderação de que o próprio Lula afirma que não será mais candidato a nada, o aliado, sob a condição de anonimato, diz: “O Lula pode dizer isso. Mas os aliados não podem aposentá-lo nunca. Se o José Serra, aos 70 anos e derrotado, ainda está no páreo, por que o Lula não pode concorrer à Presidência em 2018?” – Vera Magalhães, jornalista – Folha de S. Paulo, 05-12-2012.

Abandono

“Estamos realizando exercício de abandono deste prédio” – aviso afixado ontem na sede do Gabinete da Presidência em São Paulo, antigo local de trabalho de Rosemary Noronha. A ordem era para o BB, que funciona no edifício – Folha de S. Paulo, 06-12-2012.

Estranho

“Acho muito estranho o chefe da AGU não saber dos processos envolvendo seu subordinado. A situação dele beira à insustentabilidade. Como ele sabe de uns processos e não sabe de outros” – Randolfe Rodrigues, senador – PSOL-AP, questionando Luís Inácio Adams, ministro, sobre o seu braço direito na Advocacia-Geral da União –AGU, José Weber Holanda Alves, alvo da Operação Porto Seguro, da Polícia Federal – Zero Hora, 06-12-2012.

Biografia negativa

“O senhor indicou o procurador e a chefe da Casa Civil não concordou. Aí, saiu a chefe da Casa Civil, vossa excelência voltou com o mesmo nome, que tem biografia negativa, um nome que ficou provado que não devia entrar na AGU” – Pedro Simon, senador – PMDB-RS, questionando Luís Inácio Adams, ministro, chefe da AGU – Zero Hora, 06-12-2012.

Exceções

“São exceções que têm ocorrido no PT, que não envolvem nossa estrutura partidária” – Rui Falcão, presidente do PT, referindo-se ao escândalo envolverndo Rosemary Noronha, ex-chefe de gabinete da Presidência em São Paulo – Folha de S. Paulo, 04-12-2012.

Nervo

“A demissão de sua filha Mirella da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) levou a ex-secretária da Presidência Rosemary Noronha “ao desespero”, segundo interlocutor dela. A outra filha, que dá aulas em uma escola particular de inglês, também foi afastada do trabalho por um tempo” – Mônica Bergamo, jornalista – Folha de S. Paulo, 04-12-2012.

Nervo 2

“Na tentativa, até agora infrutífera, de falar com Lula, Rosemary dizia que queria dar a ele “explicações”. Até o fim de semana, o ex-presidente evitava atendê-la” – Mônica Bergamo, jornalista – Folha de S. Paulo, 04-12-2012.

Corruptrefe

“Semana animada: Madonna, Rosemary e Timão! E diz que a Rosemary é corruptrefe: corrupta mequetrefe!” – José Simão, humorista – Folha de S. Paulo, 04-12-2012.

Garanhões

“Um leitor disse que o Lula é muito cabra macho, nasceu em Garanhões! Garanhuns vira Garanhões!” – José Simão, humorista – Folha de S. Paulo, 04-12-2012.

“E um amigo me disse que a imprensa virou fiscal de pinto e fiscal de rosca! E uma petista disse que “este caso Rosemary é futrica”. Futrica, não! FUCKTRICA!” – José Simão, humorista – Folha de S. Paulo, 04-12-2012.

Casa de enforcado

“Agora com a chancela e o apoio do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que não deveria falar de relações privadas e de confusão entre público e privado. Fazê-lo é falar em corda em casa de enforcado” – José Dirceu, ex-ministro – Folha de S. Paulo, 02-12-2012.

Graves

“É uma pessoa que está sendo acusada. Se esses fatos se comprovam, são graves. Mas não é o PT que está sendo envolvido em escândalo” – Rui Falcão, presidente do PT – Folha de S. Paulo, 02-12-2012.

Mira

“O Planalto avalia que o diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Coimbra, não tem controle sobre os vários grupos que disputam poder na instituição, o que explicaria a desenvoltura em fazer a busca no escritório da Presidência em São Paulo -que o PT e setores do governo não engoliram” – Vera Magalhães, jornalista – Folha de S. Paulo, 02-12-2012.

Vida privada

“Ninguém tem nada a ver com a vida privada de ninguém, desde que não invada o bem público, fira princípios elementares de gestão e confira poderes extraterrestres a meros(as) terráqueos(as)” – Eliane Cantanhêde, jornalista – Folha de S. Paulo, 02-12-2012.

Estrambótico

“O enredo todo pode ser estrambótico, mas nele entraram estrelas de primeira grandeza no PT, como o ex-presidente Lula e o advogado-geral da União, Luís Inácio Adams. E fatos ainda mais bizarros podem emergir dessas águas turvas” – editorial “De chinelos a ilhas” – Folha de S. Paulo, 30-11-2012.

Pinga e escorre

“A corrupção no Brasil “pinga do teto e escorre pelas paredes” (Nelson Rodrigues). Só assim Rosemary Noronha, simples secretária de certo órgão, poderia nomear pessoas para cargos tão acima de sua posição na hierarquia” – Ruy Castro, escritor – Folha de S. Paulo, 30-11-2012.

Cleópatra

“O único a não se espantar com isso talvez fosse Nelson. Para ele, não havia pessoa insignificante: “O mais humilde mata-mosquito pode se julgar um Napoleão, um César, e agir de acordo”. Como tinha costas quentes, Rosemary convenceu-se de que era a Cleópatra de si mesma” – Ruy Castro, escritor – Folha de S. Paulo, 30-11-2012.

Gatos

“Ao ouvir os protestos vociferados de ex-grandes nomes da política contra suas condenações, alegando uma inocência de vestais, vem-me a imagem de Millôr Fernandes: “o rabo escondido, com o gato de fora”. Muito boa mesmo, exceto por não fazer jus à inteligência e à integridade dos gatos” – Ruy Castro, escritor – Folha de S. Paulo, 30-11-2012.

Manda ver

“Dilma negou a auxiliares que tenha orientado operação-abafa para impedir a convocação de ministros para falar sobre o caso Rosemary. “Se quiserem convocar, convoquem”, afirmou” – Vera Magalhães, jornalista – Folha de S. Paulo, 30-11-2012.

Equívoco

“O escândalo demonstra o equívoco da gestão dele na AGU. A concepção dele é de uma advocacia de governo, e não da defesa da União” – Allan Titonelli, presidente do Sinprofaz (Sindicato Nacional dos Procuradores da Fazenda Nacional), pedindo o afastamento do ministro Luís Inácio Adams da AGU – Folha de S. Paulo, 30-11-2012.

Tangente

“A estratégia da tropa avançada do Palácio do Planalto no Congresso em relação ao episódio Rosemary Noronha é tentar circunscrever os fatos ao campo da “vida pessoal” do ex-presidente Lula. Mais ou menos como aconteceu com o então ministro da Fazenda Antonio Palocci em relação à casa de lobby frequentada por ele em Brasília. Até que apareceu Francenildo Costa e surgiu a (má) ideia de quebrar o sigilo bancário do caseiro” – Dora Kramer, jornalista – O Estado de S. Paulo, 30-11-2012.

Peixe Calado

“Lula exerce o sagrado direito de não dizer nada que amanhã ou depois possa se voltar contra ele” – Dora Kramer, jornalista – O Estado de S. Paulo, 30-11-2012.

Virgem

“Agora vamos pro mensalão dos tucanos. Do Partido das Socialites do Brasil! Como diz um amigo meu: “depois da petralhada, a tucanalha”. Queremos o mensalão tucano. Não tem virgem na zona!” – José Simão, humorista – Folha de S. Paulo, 30-11-2012.

Longo circuito

“A viagem de Lula a Paris, anunciada ontem, incluirá outras três metrópoles: Berlim (Alemanha), Doha (Qatar) e Barcelona (Espanha). Ele parte na próxima sexta-feira, 7, e fica quase duas semanas fora do Brasil” – Mônica Bergamo, jornalista – Folha de S. Paulo, 30-11-2012.

Bem perto

“Na primeira parada, Berlim, Lula participará do aniversário do Sindicato dos Metalúrgicos da Alemanha. Em Doha, fará uma palestra para empresários. E em Barcelona receberá um prêmio do governo catalão” – Mônica Bergamo, jornalista – Folha de S. Paulo, 30-11-2012.

Bem perto 2

“Dona Marisa estuda sua agenda para saber se acompanhará o marido. É provável que ela vá a seu encontro em uma das cidades do circuito” – Mônica Bergamo, jornalista – Folha de S. Paulo, 30-11-2012.

Pecados

“Eu não sou santo. Tenho meus pecados, mas não sou corrupto” – Cyonil Borges, auditor fiscal, acusado de ter recebido R$ 100 mil do grupo que foi alvo da Operação Porto Seguro, acusado de tráfico de influência no governo – Folha de S. Paulo, 29-11-2012.

Que maldade!

“Corre nas redes sociais uma paródia do clássico O Bebê de Rosemary, de Roman Polanski, protagonizado por um ex-presidente e uma ex-chefe de gabinete da Presidência em São Paulo, com o título O Bebum de Rosemary. No final, ela o apunhala pelas costas!” – Tutty Vasques, humorista – O Estado de S. Paulo, 29-11-2012.

Vieirada

“Quem tem sobrenome Vieira tem bons motivos para estar apreensivo com a Operação Porto Seguro da Polícia Federal. Já prenderam o Paulo, o Rubens, o Marcelo… Todos Vieira!” – Tutty Vasques, humorista – O Estado de S. Paulo, 29-11-2012.

Caixa de lenços de papel

“Escândalo no PT é como caixa de lenços de papel: você puxa um e vêm logo três. Você nunca consegue puxar um só!” – José Simão, humorista – Folha de S. Paulo, 29-11-2012.

Peneira

“A manchete do Piauí Herald: “Lula afirma que foi traído por Luís Inácio”. E o Lula levou outra punhalada pelas costas? Vai virar uma peneira! O Lula já levou tanta punhalada pelas costas que vai virar uma peneira!” – José Simão, humorista – Folha de S. Paulo, 29-11-2012.

Distraído

“O Lula não pode mais dizer “Fui traído”. Tem que dizer “Fui distraído!”. Pega bem melhor!” – José Simão, humorista – Folha de S. Paulo, 29-11-2012.

Never

“Never complain, never explain, never apologize (“nunca se queixe, nunca se explique, nunca se desculpe”, em tradução literal) – Roberto Jefferson, presidente do PTB, logo depois de ser condenado a sete anos e 14 dias de prisão pelo envolvimento no caso do Mensalão – Folha de S. Paulo, 29-11-2012.

Semiaberto

“O chargista Frank revela o diálogo da moda em Brasília: “O que você vai fazer neste verão?” “Ah, vou pegar um semiaberto!” Pegar um semiaberto e tomar banho de sol no pátio!”– José Simão, humorista – Folha de S. Paulo, 29-11-2012.

Linha direta

“Paulo Okamotto, presidente do Instituto Lula e braço direito do ex-presidente, mantém linha direta com Rose Noronha, chefe regional da Presidência em SP demitida nesta semana. No começo do escândalo, ela pediu para falar com Lula. Até ontem, não tinha conseguido” – Mônica Bergamo, jornalista – Folha de S. Paulo, 28-11-2012.

Bisturi

“Nas conversas que tem tido com petistas, Rose desmente informação de que fez plástica paga por diretores da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) agora investigados pela polícia. A operação teria sido no ouvido. Ela tinha problemas de audição” – Mônica Bergamo, jornalista – Folha de S. Paulo, 28-11-2012.

Dúvida cruel

“Não houve, oficialmente, autorização de quebra de sigilo telefônico de Rosemary Noronha, apanhada pela Operação Porto Seguro. Há petista se perguntando de onde vem a informação de que Lula teria telefonado uma centena de vezes para a agora ex-chefe de gabinete da Presidência em SP. Se a moça apadrinhada pelo ex-presidente foi grampeada, esse grampo é ilegal” – Sônia Racy, jornalista – O Estado de S. Paulo, 28-11-2012.

Dúvida 2

“Aliás, a depender das conversas hoje em Brasília, Rosemary deixou a capital sem conseguir fazer um só amigo. Assessores de governo, parlamentares e até ministros têm evitado qualquer referência a ela ou à ação da Polícia Federal” – Sônia Racy, jornalista – O Estado de S. Paulo, 28-11-2012.

Caladão

“Dilma Rousseff recebeu no início da tarde de ontem informação do ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) de que a ex-chefe de gabinete da Presidência em São Paulo, Rosemary Noronha, não teve o sigilo telefônico quebrado. O potencial explosivo estaria nos e-mails e documentos apreendidos com ela. Autoridades que acompanham o caso estranharam o fato de a PF não ter pedido a interceptação dos telefonemas de Rose, nomeada para o cargo pelo ex-presidente Lula” – Vera Magalhães, jornalista – Folha de S. Paulo, 27-11-2012.

Guru

“Nas mensagens que enviava do e-mail da Presidência rastreadas pela PF, Rosemary Noronha incluía três mantras junto a sua assinatura: “Eu te adoro 2012”, “saborosas manhãs 2012” e “Gumbelzin Ori Valimando”, indicados pelo numerólogo Gilson Chveid Oen” – Vera Magalhães, jornalista – Folha de S. Paulo, 27-11-2012.

Ah, tá

“Os dois primeiros são mantras indicados para trazer sorte no ano, mas o último e impronunciável tem uma indicação específica, segundo o site do numerólogo: “Para ajudá-lo a melhorar sua vida material” – Vera Magalhães, jornalista – Folha de S. Paulo, 27-11-2012.

Maldição

“E essa nova corrupta do PT: Rosemary Noronha. Tem que achar outra corrupta. Essa não serve. Olha o que ela ganhou: uma plástica (deve ter sido com o doutor Hollywood), um convite pra camarote de Carnaval. De São Paulo, nem do Rio é. E um cruzeiro com o Bruno e Marrone! O quê? Não foi nem cruzeiro com o Roberto Carlos?. Isso não é corrupção, é maldição. Libera a mulher! Eu imploro!” – – José Simão, humorista – Folha de S. Paulo, 27-11-2012.

Há quem não goste!

“Em defesa de Rosemary Noronha, ex-chefe de gabinete da Presidência em São Paulo, deve-se dizer que, para muita gente, uma viagem de navio com os cantores Bruno e Marrone é muito mais castigo que propina!” – Tutty Vasques, humorista – O Estado de S. Paulo, 27-11-2012.

Septicemia

“A maior preocupação do Planalto no caso é José Weber Holanda Alves, exonerado da função de advogado-geral-adjunto da União. Além do desgaste para o ministro Luís Inácio Adams, Dilma teme o potencial explosivo de seus pareceres” – Vera Magalhães, jornalista – Folha de S. Paulo, 27-11-2012.

Frigideira

“Entidades sindicais das carreiras da AGU fazem manifestação em frente ao órgão, em Brasília, quinta-feira, para pedir investigação rigorosa de Holanda” – Vera Magalhães, jornalista – Folha de S. Paulo, 27-11-2012.

Deixa trabalhar!

“Estamos ainda no meio das investigações. Deixa a polícia trabalhar” – Paulo Okamotto, presidente do Instituto Lula – Folha de S. Paulo, 27-11-2012.

(Ecodebate, 11/12/2012) publicado pela IHU On-line, parceira estratégica do EcoDebate na socialização da informação.

[IHU On-line é publicada pelo Instituto Humanitas Unisinos – IHU, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Unisinos, em São Leopoldo, RS.]

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3 thoughts on “O ‘Caso Rosemary’ e a esquerda que não tem medo de se nomear esquerda

  • José Rembrandt Fontes de Aquino

    Dizia a minha avó: ” Quem nunca comeu mel, quando come se lambuza”. É o caso do PT.
    Por trás dos benefícios sociais está o” voto de cabresto” para se assegurarem no poder e os pagantes de impostos e aposentados pagando a conta.
    Não tenho conhecimento de que algum agente político tenha abdicado do seu salário, proventos, ou seja lá o que for para fazer doação a quem quer que seja.
    Por que será que o voto não é facultativo?

  • As mascaras vão caindo, finalmente.. O Jose Inácio Adams já havia se destacado pela postura antidemocrática, anti social e anti indígena na portaria 303 da AGU, vale a lembrança.
    E o Lula é, de longe, o maior direitista do País. Ninguém consegue sujar mais a imagem da esquerda e atrair tanto ódio e proconceito às causas da ideologia que o ex presidente

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