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Contato diário e direto com os agentes sociais consegue recuperar até 50% dos usuários de crack

 

Rio de Janeiro - Policiais militares conversam com usuários de crack que permanecem na região de Manguinhos, ocupada pelas forças de segurança na semana passada. Foto de Tânia Rêgo/ABr
Rio de Janeiro – Policiais militares conversam com usuários de crack que permanecem na região de Manguinhos, ocupada pelas forças de segurança na semana passada. Foto de Tânia Rêgo/ABr

 

O difícil trabalho de recuperação dos usuários de crack começa no contato diário e direto com os agentes sociais. A experiência acumulada nos últimos três anos nas comunidades de Manguinhos e Jacarezinho, no Rio, demonstra que a chamada busca ativa dos dependentes da droga pode ser o caminho mais promissor para a reinserção social. Com isso, o resgate positivo chega a 50% dos usuários.

A assistente social Conceição Monteiro, da Secretaria Municipal de Assistência Social, percorre os becos e vielas das comunidades em busca dos dependentes, juntamente com outros especialistas de sua equipe, incluindo psicólogos e agentes de educação. “Já fazemos um trabalho sistemático de abordagem de população de rua nas comunidades de Manguinhos e Jacarezinho desde 2009. Este trabalho é diário, assim como o acolhimento e o acompanhamento das famílias. A gente está criando ações mais diretas para atender à demanda de forma mais ágil, tendo em vista que os usuários estão migrando para outros pontos. Então, a gente está indo atrás deles, mesmo em mudança de local, para poder oferecer o serviço de assistência.”

Para facilitar a presença diária nas duas comunidades – que abrigam cerca de 70 mil moradores e eram associadas até o último dia 14, quando houve a ocupação pelas forças de segurança, ao forte consumo de crack – a secretaria decidiu reforçar o trabalho. Um micro-ônibus serve como ponto de referência e acolhimento, ficando baseado em diferentes locais a cada dia. Essa proximidade é a chave, segundo a assistente social, para a recuperação dos usuários.

“Temos um retorno [positivo] de 50%. E para esses que não são alcançados, há um trabalho todo de retomada. A gente não desiste daquele usuário. Mas a metade nós conseguimos êxito. Isso significa que a pessoa conseguiu o tratamento, está no mercado de trabalho, foi reinserida na família.”

De acordo com Conceição, é justamente a reconstrução dos laços familiares o fator que garante maior eficácia na recuperação. “Essa é a etapa principal do nosso trabalho. Porque o resgate do vínculo familiar causa muito êxito no atendimento. Com a família estando ali, em conjunto a gente consegue retomar esse usuário. Quando não há esse vínculo, a gente faz outro trabalho, mas é mais demorado.”

O tempo de recuperação de um usuário de crack vai depender do estágio em que ele se encontra e geralmente demanda muita persistência. “Isso depende muito do público abordado. Há pessoas que estão há pouco tempo naquela situação, então o tratamento é um pouco mais rápido. Outras já estão em uma reincidência grande de tratamento e de reinternação. É um trabalho sistemático. A gente retorna, procura referência familiar, vai cercando outras possibilidades, até chegar ao usuário. Na primeira abordagem, às vezes a pessoa nem conversa e corre. Por isso, é importante o trabalho diário, que vai criando os vínculos com a equipe.”

Moradora da região, Conceição viu de perto a chegada do crack nas comunidades. “Essa questão da droga e da dependência cresceu bastante nos últimos anos. Mas o nosso trabalho é de persistência. As pessoas [dependentes] desistem, mas depois retornam. E o importante é estar ali, para dar a oportunidade do retorno.”

Matéria de Vladimir Platonow, da Agência Brasil, publicada pelo EcoDebate, 22/10/2012

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