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Sistemas agroflorestais atuam no combate à emissão de gases efeito estufa

 

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Diagnóstico é fruto de pesquisa elaborada por técnicos e agricultores do projeto Agroflorestar (da Cooperafloresta), em parceria com Embrapa-Florestas, Universidade Federal do Paraná e Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, que compara a fixação de carbono nas agroflorestas com manejo sustentável à regeneração natural em florestas.

[Por Josi Basso, jornalista, para o EcoDebate] Maximizar renda, fixar famílias agricultoras em suas terras, gerar condições dignas de vida, proporcionar consciência ambiental e, como resultado, atuar no combate à emissão de gases efeito estufa. Parece utopia. Mas é a realidade do Projeto Agloflorestar, patrocinado pela Petrobras através do Programa Petrobras Ambiental.

Os dados do Projeto, executado pela Cooperafloresta – Associação dos Agricultores Agroflorestais de Barra do Turvo/SP e Adrianópolis/PR – podem ser aferidos por meio de informações comprovadas por pesquisas realizadas em parceria com Universidade Federal do Paraná, Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) e Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMbio).

A pesquisa, ainda em fase de finalização, comprova que o manejo sustentável dos recursos naturais nas agroflorestas contribui de forma significativa para a fixação de carbono se comparado à mesma taxa em florestas em regeneração natural. Os diagnósticos são decorrentes de análise científica realizada por pesquisadores, técnicos e agricultores do Agloflorestar e das Instituições parceiras.

A análise, denominada ‘Estoques de carbono nas florestas’, é baseada na elaboração, implantação e manutenção de estudos em ecossitesmas produtivos, que mantenham a diversidade, a resistência, e a estabilidade dos ecossistemas naturais em áreas da Mata Atlântica, de atuação da Cooperafloresta. Aliado a isso, nas áreas avaliadas, as famílias agricultoras agloflorestais ligados à Associação tem o trabalho fortalecido, seja no incremento de renda, produção, agroindustrialização, certificação e comercialização dos seus produtos. No total, são 300 famílias agricultoras e quilombolas envolvidas.

O experimento foi desenvolvido em 16 agroflorestas para a caracterização da estrutura florestal. Nesta seleção, foram incluídas agroflorestas de diferentes idades, em distintas condições de solo e relevo e conduzidas sob variações amplas de manejo. “O manejo agroflorestal comprovadamente se reflete na dinâmica do carbono, aponta para a possibilidade de agregar carbono, produção de alimentos e biodiversidade nos mesmos espaços”, esclarece o doutor Walter Steenbock – engenheiro agrônomo e pesquisador do Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMbio), coordenador do estudo.

Proposta da pesquisa

A proposta da pesquisa ‘Estoques de carbono nas florestas’, do Projeto Agloflorestar, é identificar como o manejo sustentável dos recursos naturais nas agroflorestas pode atuar no combate à emissão de gases efeito estufa.  As estimativas realizadas já demonstram que a quantidade de carbono que é fixada a cada ano de crescimento de uma agrofloresta é muito superior à esta taxa em floretas em regeneração natural.

Avaliação

Para a avaliação, foram realizados coletas de solo e de serapilheira, além de levantamentos fitossociológicos em 16 agroflorestas.

Indicadores químicos de qualidade do solo, estoque de carbono e a taxa de decomposição de resíduos, quando comparados com áreas de regeneração vegetativa natural, apontam resultados positivos, com uma reversão produtiva, no momento, de 749 halqueires (ha). Além da amplia

O balanço de carbono, somado aos impactos positivos da agricultura agroflorestal, que produzem bens e serviços mensuráveis, aponta o sucesso do trabalho da Cooperafloresta, que estamos comprovando em campo com a pesquisa ‘Estoques de carbono nas florestas’”, avalia o pesquisador Walter Steenbock.

O estoque acumulado de carbono em florestas com regeneração natural não tem sido capaz de compensar as expressivas emissões de gases de efeito estufa, de acordo com a necessidade do planeta, como tem sido preconizado. Tal compensação, comprovadamente, só tende a incrementar a redução da biodiversidade e, de forma indireta, aumentar o próprio efeito estufa”, frisa Steenbock.

O grande contingente populacional no meio rural, implementando práticas produtivas que gerem fertilidade do solo, biodiversidade, fixação de carbono e qualidade de vida é o que se faz necessário para se evitar a escassez de recursos naturais”, conclui o coordenador do estudo Walter Steenbock.

Realização

A pesquisa ‘Estoques de carbono nas florestas’ é resultado da parceria entre o Projeto Agroflorestar patrocinado pela Petrobras através do Programa Petrobras Ambiental. Há ainda cerca de 30 Instituições parceiras, nas esferas Estadual e Federal, além de Universidades e Escolas Públicas envolvidas no trabalho.

Sobre o Agroflorestar

O Projeto Agloflorestar adota a ferramenta de cultivo e produção agrícola sustentável, já que não permite monoculturas, pesticidas, transgenia e garante o trabalho sustentável dos produtores rurais agroflorestais. Consiste na elaboração, implantação e manutenção de ecossistemas produtivos que mantenham a diversidade, a resistência, e a estabilidade dos ecossistemas naturais, promovendo energia, moradia e alimentação humana de forma harmoniosa com o ambiente.

http://agroflorestar.org.br

Sobre a Cooperafloresta

A Cooperafloresta, fundada em 2003, atua diretamente com 110 famílias agricultoras e Quilombolas. Promove o fortalecimento da agricultura familiar assessorando os processos de organização, formação e capacitação das famílias agricultoras, planejamento dos sistemas agroflorestais, além do beneficiamento, agroindustrialização, certificação participativa e comercialização da produção.

http://cooperafloresta.org.br/

EcoDebate, 23/08/2012

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2 thoughts on “Sistemas agroflorestais atuam no combate à emissão de gases efeito estufa

  • Cumprimentos a todos os idealizadores e participantes do Estudo! Conciliar a preservação e uso sustentável dos recursos naturais com a promoção do desenvolvimento social e justa distribuição dos benefícios ( ” promovendo energia, moradia e alimentação humana de forma harmoniosa com o ambiente” ) se constitui num dos mais promissores campo de Pesquisa, especialmente para o Brasil, que presta 16% de serviços ecossistêmicos globais, utilizando tão somente 3% em benefício da população, desperdiçando o restante, atualmente sem remuneração e uso social.

    A participação do ICMBio, em parceria com reconhecidos centros de referência como a UFPAR e EMBRAPA se constitui em fato inédito e emblemático no trato do tema da sustentabilidade das florestas. Se considerarmos que o Brasil possui Áreas indígenas de 1.126.939 km2 ou 13,20 % de nosso território (Funai) e Unidades de Conservação com 1.513.309 km2 ou 17,71 % de nosso território, e ainda 30% de Reserva Legal (cerca de 250 milhões de hectares) , pode-se imaginar o potencial de uso e exploração sustentável que 60% do território nacional apresenta, hoje àreas à margem de qualquer uso produtivo significante em benefício da sociedade.

    A utilização para a avaliação de coletas de solo e de serapilheira, além de levantamentos fitossociológicos merece destaque, porque tambem outros estudos (como de Ortega, Sinisgalli, Roncon) demonstram que os nutrientes e componentes ambientais são diferentes conforme os estágios sucessionais, e que os serviços ambientais sao mais eficientes em florestas jovens, e com incremento negativo em florestas senis. Sanquetta e Mattei tambem já demonstraram cabalmente que a regeneraçao das florestas demanda por distúrbios, em um adequado plano de manejo sustentável. Então, o mito radical da floresta intocável poderá aos poucos ser desfeito.

    Como cidadão e estudioso do tema, sinto um conforto espiritual com a existência de linha de pesquisa nesta direção, que poderá auxiliar em muito para formulação de Políticas, Planos, Programas públicos efetivamente sustentáveis, conciliando a preservação com o desenvolvimento social verdadeiro, num país como o nosso.

    Cumprimento a todos, com estímulo ao Coordenador para difundir amplamente o aprendizado que a pesquisa vem proporcionando, especialmente no âmbito do MMA.

  • Lori Luci Brandt Dalla Porta

    Parabéns aos pesquisadores envolvidos e aos agricultores e comunidades quilombolas. A nossa entidade ambiental vem trabalhando e acreditando no potencial dos sistemas agroflorestais e levando idéias, sementes, pesquisas onde normalmente não chegam as notícias. Saber que o sistema agrícola voltado às comodities e a produtos de exportação por um lado é gerador de riquezas e por outro lado degrada o meio ambiente. Os sistemas florestais serão importantes para o futuro da agricultura pois além de manter florestas em pé ajudam a amenizar o clima, conservar as águas e como exposto na pesquisa, são os grandes contribuintes para a questão do carbono.

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