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Brasil retrocedeu para antes da Eco-92, diz Marina Silva

 

A ex-ministra do Meio Ambiente e ex-senadora Marina Silva (sem partido) disse que os brasileiros andaram duas décadas, mas para trás. Ela comparou a postura ambiental do governo brasileiro hoje, às vésperas da realização da Rio+20, com a de antes da Eco-92, primeiro megaevento sobre o tema realizado no Brasil. “O País andou 20 anos para chegar onde estava antes de 1992, quando ainda separava desenvolvimento de meio ambiente”, disse Marina, que concorreu nas eleições presidenciais de 2010. Matéria de Beatriz Bulla, da Agência Estado.

A ex-senadora referiu-se à posição atual do governo brasileiro em relação à Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável que acontecerá em junho no Rio de Janeiro. Marina Silva acredita que é um “retrocesso” separar desenvolvimento de meio ambiente. “Estamos colocando uma pá de cal na memória da Eco-92”, afirmou Marina, lembrando que o encontro de 20 anos atrás no Rio consagrou o conceito de desenvolvimento sustentável, que estabelece a ligação entre desenvolvimento econômico, social e equilíbrio ambiental.

Para ela, o País tem de ser protagonista na busca de uma solução para a crise ambiental global. Marina esteve em São Paulo para a divulgação de documento que pede maior dedicação do País para trazer ao centro dos debates o meio ambiente e a transição para uma economia de baixo carbono. O rascunho zero do que deve ser o documento final da Rio +20 foi criticado por focar o desenvolvimento, deixando de lado o meio ambiente.

“Nós tivemos recentemente uma mulher liderando a saída para uma crise econômica, por que não ter aqui no Brasil outra mulher liderando uma saída para a crise ambiental global?”, disse, se referindo primeiramente ao papel da chanceler da Alemanha, Angela Merkel, nas negociações frente à crise da União Europeia, e depois à presidente Dilma Rousseff. “Para mim, como mulher, seria motivo de orgulho ver uma mulher liderando um processo de transição para uma agenda de economia sustentável”, afirmou Marina, cobrando atuação incisiva de Dilma.

No início de março, Marina criticou a política ambiental de Dilma. A ex-senadora assinou carta aberta, em conjunto com organizações não governamentais, acusando a presidente de contrariar compromissos assumidos na campanha eleitoral sobre, entre outras coisas, artigos do Código Florestal. Marina disse nessa quarta-feira acreditar que “agora a presidente Dilma está respaldada para vetar um Código Florestal que seja contrário à floresta e que promova anistia para desmatadores”. E completou: “não há como liderar pelo discurso, nós temos que liderar pelo exemplo”.

“O Brasil poderia se unir à posição francesa para a criação de um organismo para o meio ambiente”, disse Marina, que, quando esteve à frente do Ministério do Meio Ambiente (entre 2003 e 2008), já havia defendido, junto com o então ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, a criação de um órgão internacional no sistema das Nações Unidas sobre meio ambiente. “Poderia nos dar força, audiência e visibilidade, além de integrar um conjunto de acordos que hoje não conversam”, afirmou.

EcoDebate, 19/04/2012

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4 thoughts on “Brasil retrocedeu para antes da Eco-92, diz Marina Silva

  • Não vejo como sermos lideres em preservação enquanto detonamos nossos recursos hídricos plantando cana de etanol e soja, processo acelerado de 92 até sei lá quando.
    Não conseguimos manter nossa ruas limpas, nossos mananciais, enfim nem mesmo a ficha limpa.
    A contaminação é da beira mar às cachoeiras de Goiás.
    Nossa Senadora tem toda a razão.

  • A solução, Marina Silva, não está em a senhora, ou qualquer outra mulher, ou qualquer homem, ou qualquer partido político assumir o cargo. É compreensível que a senhora defenda seus interesses particulares. Mas, a solução dos problemas socio-ambientais não está no voto, que, sabemos, serve somente para endossar o poder constituído do Estado, que é capitalista e que, portanto, tem a função de defender os interesses do capital.

    Mas, como dissemos, é compreensível que a senhora puxe a brasa para sua sardinha. É compreensível, mas não é louvável. Muito ao contrário.

  • Que Marina Silva defenda seus próprios interesses é compreensível, mas não é louvável. Muito ao contrário.

    Se é Marina Silva, ou qualquer outra mulher, ou qualquer homem, ou qualquer partido político que assume o cargo, isso nada vai alterar. O Estado capitalista continua o mesmo, e os interesses do capitalismo não podem por ele serem contrariados.

  • Muito bem companheira Marina. Além de ter recuado 20 anos no que diz respeito ao MeioAmbiente, a problemática indígena voltou ao tempo dos Bandeirantes. Nossos Povos Indígenas estão na beira do abismo com a PEC em discussão sobre o reconhecimento das terras indígenas. E isso apesar de uma Constituição que garante os direitos inalienáveis dos Povos Indígenas no que diz respéito também à cultura deles onde a floresta está na base de todas as atividades das comunidades indígenas da Amazônia. Vamos ter que continuar apoiando e ficando ao lado destes verdadeiros brasileiros nas lutas deles para que seus dieritos sejam reconhecidos e respeitados, e que o Governo os garanta para eles. Padre Angelo Pansa- Delegado ICEF (Internacional Court of Environment Foundation).

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