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A lembrança do Pinheirinho não pode ‘cicatrizar’, artigo de Paulo Sanda

 

[EcoDebate] Minha caçula é uma uma graça, uma loirinha sapeca que só ela.

Talvez você se pergunte, porque eu tenho que dizer que minha filha é loirinha? Simples, eu sou oriental e minha esposa também, então ela é a diferente, entre meus 4 filhos.

Mas ela ainda não se deu conta disto, vive no meio da japonesada, um tio meu, sempre que a vê, diz “ela vai ter problema de identidade”. Aos dois anos e meio, isto ainda está tranquilo.

Meu problema com ela, é por ser muito sapeca, apronta que só ela. Vive se machucando.

Algum problema? Não de forma alguma, não sou do tipo super protetor, que não deixa a criança a vontade, um ou outro machucado, normal, afinal a criança deve ter liberdade para brincar. Lógico, exige certos cuidados.

A questão é que ela adora arrancar as “casquinhas”, aliás ela nem espera o machucado cicatrizar, ou a casquinha secar, chega a começar a arranhar o próprio machucado, tentando tirar a casquinha que ainda nem se formou.

E sabemos o quanto a tal “casquinha” é importante, ela fecha a ferida, impedindo que mais contaminações da área afetada.

Parei para pensar sobre isto e descobri que faço a mesma forma, aliás, que todos nós deveríamos fazer isto, não deixar as “casquinhas”, temos que arrancar e deixar as feridas abertas.

Não, não estou ficando louco.

As feridas que digo, são aquelas feitas em nossa alma, quando vemos a injustiça.

O Pinheirinho está na mídia, somos chocados pelas brutais imagens.

Dois mil policiais armados, disparando contra mil e duzentas famílias. Pessoas saindo em desespero, fugindo da polícia, e seu aparato. O pouco que estas pessoas haviam conseguido em suas vidas, sendo jogado na chuva, e suas precárias casas, destruídas imediatamente por tratores.

Enquanto milhares de pessoas são jogadas na rua, sem ter um teto para morar, um milionário corrupto chamado Naji Nahas, recebe por representantes, seu terreno de volta. Nahas mandou representantes para a reintegração de posse, mas a entrega foi feita pela juíza e pelo desembargador Rodrigo Capez, o mesmo que no despacho para a polícia militar de São Paulo, escreveu, que a ordem deveria ser cumprida, mesmo que fosse necessário enfrentar forças federais! Ou seja para lançar pobres na rua e dar mais ainda, para quem já tem demais, vale tudo. Até guerra!

Estas notícias, abrem feridas em nossas almas.

Mas a notícia fica velha, para de aparecer na mídia. Então forma-se aquela “casquinha”, e a ferida cicatriza. Esquecemos estas coisas.

E neste ponto que eu digo, temos que manter estas feridas abertas. Feridas em nossa alma, para que sigamos protestando contra estes abusos. Somente se elas estiverem abertas em nosso coração, as feridas dos oprimidos poderão ser saradas.

Pinheirinho tem que fincar uma bandeira em nossas almas!

Paulo Sanda é Teólogo, chefe escoteiro, palestrante, idealista, associado da ONG RUAH e tem sido ativo participante das manifestações Belo Monte NÃO, em São Paulo.

EcoDebate, 06/02/2012

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One thought on “A lembrança do Pinheirinho não pode ‘cicatrizar’, artigo de Paulo Sanda

  • Excelente o artigo de Paulo Sanda””A lembrança do Pinheirinho não pode cicatrizar””

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