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Notícia

Fatores ambientais podem estar por trás do aumento dos casos de alergia alimentar

 

Especialistas observam crescimento na procura por médicos e tratamentos; sem atendimento correto, reações alérgicas podem levar à morte

De repente, uma porção de petiscos saborosos se transforma em uma cadeia de reações indesejadas. O corpo fica coberto de manchas avermelhadas e o ar, mais difícil de respirar. Os olhos e a boca incham. É o corpo criando sintomas para denunciar uma reação alérgica a algum alimento – ainda que isso nunca tenha ocorrido antes ao paciente. Sem atendimento médico, pode levar à morte. Matéria de Nina Martinez, Estadão.com.br.

Há poucas semanas, o fim trágico de uma menina de 7 anos, morta após a ingestão de amendoins oferecidos por uma colega de escola, comoveu os Estados Unidos. O episódio reacendeu o debate sobre os casos de alergia alimentar e a necessidade de saber quais são os sinais de alerta para se prevenir.

Dados coletados entre 1997 a 2007, pelo Centros para Controle e Prevenção de Doenças (Centers for Disease Control and Prevention) mostram um aumento de 18% nos casos de alergia alimentar entre crianças abaixo de 18 anos, nos EUA.

No Brasil, embora não haja dados oficiais, os especialistas também observam um aumento na procura por médicos e tratamentos, nota Renata Cocco, diretora da Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia (Asbai) e especialista em alergia alimentar. Estima-se que entre 20% e 30% dos brasileiros tenham algum tipo alergia – os alérgicos a alimentos seriam 8% das crianças e 2% dos adultos.

Grande parte das reações está ligada a uma predisposição genética, mas os fatores ambientais contribuem, cada vez mais, para o crescimento de queixas. “A mudança nos hábitos alimentares, na higiene e no espaço urbano em geral altera o equilíbrio do sistema imunológico das pessoas e colabora para o desenvolvimento dos processos alérgicos”, diz Renata Cocco. Além disso, o elevado índice de obesidade contribui para o surgimento de alergias, especialmente as alimentares. “Sem contar que pessoas com sobrepeso têm muito mais chances de desenvolver asma”, acrescenta a especialista.

Crianças e adultos

Qualquer pessoa pode começar a ter alergia de um dia para o outro, e com algo que comeu a vida toda. “O corpo pode passar a rejeitar alguma coisa na composição do alimento e iniciar uma alergia”, explica Ana Paula Castro, médica especialista em alergia alimentar do Instituto da Criança, no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

Geralmente, as reações começam segundos após a ingestão do alimento ou até 2 horas depois e se manifestam principalmente na pele e no sistema respiratório, com inchaço, manchas vermelhas e falta de ar. O choque anafilático é a reação mais grave, em que ocorre queda da pressão arterial, arritmia cardíaca e colapso vascular, podendo até mesmo levar à morte. O mais surpreendente é que em 75% dos casos de anafilaxia a pessoa sabia que era alérgica.

Como ainda não há cura para alergias, a melhor forma de lidar com o problema é evitar o contato e a ingestão dos alimentos tidos como perigosos para a saúde da pessoa. Deve-se procurar um profissional para fazer um diagnóstico correto e iniciar um tratamento. “Com o auxílio da orientação médica, o paciente vai saber como restringir os alimentos que causam alergia, podendo substituí-los por outros, e também que remédios poderá usar para aliviar os sintomas, caso venha a sofrer uma crise”, explica Ana Paula Castro.

Quando a pessoa já sabe que é alérgica, deve sempre perguntar pela composição do alimento antes de comer – seja em casa ou no restaurante -, lembra a alergista.

A boa notícia é que a criança pode deixar de ser alérgica com o amadurecimento do sistema imunológico, à medida que cresce. Mas o médico só deve indicar a restrição do alimento somente quando a alergia for comprovada e houver riscos. “O que não pode é a criança não receber os nutrientes necessários porque foi diagnosticada como alérgica erroneamente”, atesta. Já quem desenvolve alergias depois de adulto, provavelmente terá de conviver com isso até o fim da vida.

Alergia alimentar ou intolerância?

Embora muita gente confunda, são problemas bem diferentes. A alergia é uma reação grave que exige cuidado e orientação, pois pode até levar à morte. A intolerância a algum alimento nada mais é do que um problema metabólico forte. Embora seja incômoda, ela não oferece riscos.

“A intolerância ocorre porque o organismo não aceitou bem o alimento, ou algo que o compõe, e então responde negativamente, ocasionando mal-estar, enjoo, problemas intestinais”, diferencia a alergista Ana Paula Moschione Castro. A intolerância também pode surgir se houve abuso

Grupo de risco dos alérgicos

Especialistas em alergia alimentar apontam que crianças com algum parente de 1º grau que apresente doença alérgica (como asma, rinite, alergia alimentar ou dermatite atópica) têm 85% mais chances de desenvolver alergia alimentar.

Caso isso ocorra, elas também terão de 2 a 4 vezes mais chances de ter asma e/ou outras alergias, comparado com crianças sem esta condição, diz uma pesquisa do Centros para Controle e Prevenção de Doenças (Centers for Disease Control and Prevention). durante o consumo de alguma comida ou bebida.

Alergias. Fonte: O Estado de S.Paulo
Alergias. Fonte: O Estado de S.Paulo

EcoDebate, 30/01/2012

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