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Artigo

O Plano da Bacia Hidrográfica do Rio Salitre e o Mascate Ambiental, artigo de Almacks Luiz Silva

 

[EcoDebate] Recentemente uma nova lei de integração das águas e do meio ambiente foi sancionada na Bahia (Lei Nº 12.377 de 28/12/201), dando um teor mais empresarial ao uso do que eles chamam de RECUR$OS NATURAI$.

Para a gestão do ambiente, enquanto patrimônio da humanidade, nada foi feito! A Integração do IMA e do INGÁ, serviu apenas para dizer, de forma diplomática, que o SRH foi abalado com a criação do INGÁ e veio a falecer com a instituição do INEMA – Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos.

Os comitês de bacias continuam silenciados. Seus membros ainda não receberam a tão propagada formação que os qualificariam para o processo de gestão participativa, e nem mesmo o Ministério Público teve força para fazer com que o Estado, pelo menos, garantisse a realização das plenárias e reuniões que dariam prosseguimento à resolução do conflito denunciado e instalado no baixo Salitre e na bacia do Verde Jacaré.

Os escritórios regionais (Casa do Meio Ambiente) continuam completamente dependentes de Salvador e sem autonomia para fazer a descentralização do “sistema”, continuam a mercê do QI “quem indica”. As nomeações para as os “chefes” destas casas na maioria, são indicadas pelos partidos da base “alugada” que estão dando sustentação a esse tipo de política de “governabilidade”, de quem e pra quem?

Falando em Salitre, cadê o Plano de bacia do Salitre? O TDR – Termo de Referência aprovado pelo Comitê em 27 de novembro de 2007 e contratado em outubro/2009 e em pleno período eleitoral fará três anos sem sair da fase de elaboração. Sequer o diagnóstico foi concluído! Ficam as perguntas:

1.Será que a empresa contratada não quer receber este dinheiro?

2.Será que a equipe indicada e aprovada pelo INEMA, equipe esta composta por pessoas que trabalharam no e para o órgão desde a época de SRH, e que até já treinaram pessoas que hoje estão lá trabalhando, não sabe escrever um diagnóstico?

3.A quem interessa a não conclusão deste Plano de Bacia?

4.Será que os Planos de Bacias de outras regiões hidrográficas não estão sendo feitos? Por que não?

5.Evidências levam a crer que o “mascate ambiental” que antes de ser secretário de Meio Ambiente da Bahia era consultor ambiental da empresa Bahia Mineração S.A., deve estar preparando algum modus operandi para talvez prestigiar a empresa Paradigma Soluções Ambientais por ser notório ainda existir uma ligação empresarial e pessoal do citado Secretário com o seu ex-sócio, o Sr. Cláudio Roberto Bertoldo Langoneque (trecho retirado da NOTA publicada pela Associação dos Servidores do Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos – ASCRA e a Associação dos Especialistas e Fiscais do Grupo Ocupacional Fiscalização e Regulação – ASSERF, entidades que representam os servidores do Sistema Estadual do Meio Ambiente – SISEMA).

O foco agora é a contratação de vários Planos de Bacias. O Plano do Salitre contratado em 2009, atualmente irregular por estar caduco e sem nenhum aditivo de atualização deveria ser visto pelo Ministério Público. Não sei como uma entidade mantém um departamento com chefia e vários funcionários para administrar apenas uma contratação caduca desde a aprovação da TDR em 2007.

Em 2011 houve apenas uma reunião plenária, todas as demais foram sabotadas pelo órgão gestor. Sei que SABOTAGEM é uma palavra forte, mas o que dizer se de um lado as resoluções dizem que será garantido o custeio para a participação social, e do outro, os ordenadores de despesas do Estado, conhecendo as limitações da sociedade civil e dos pequenos usuários, não repassam o dinheiro em tempo hábil para compra da passagem?

Alguns companheiros me aconselharam calar e não fazer mais críticas ou denúncias, deixar de estar vigilante para não sofrer com a lâmina fria e cortante do Governo. Ora vejam que ao ouvi-los falar qualquer um pensaria que estavam se referindo ao governo passado, no entanto este tormento caracteriza o governo de hoje, que destituiu a competência pra nomear a militância, que fala de participação popular, mas rejeita e condena a crítica. Eu acreditava e esperava mais deste governo e agora querem que, descendo a ladeira e andando para trás, eu tenha confiança, fé e esperança que tudo irá melhorar – Quando?????!!!!!!

Almacks Luiz Silva é colaborador da CPT, Coordenador Geral do Fórum Baiano de Comitês de Bacias Hidrográficas, Presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Salitre (sub-bacia do Rio São Francisco).

EcoDebate, 24/01/2012

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2 thoughts on “O Plano da Bacia Hidrográfica do Rio Salitre e o Mascate Ambiental, artigo de Almacks Luiz Silva

  • AROLDO CANGUSSU

    Caro Almacks

    Conte com minha solidariedade nessa luta, mas não desanime. A atuação dos comitês de bacia ainda está muito longe do que preconiza a Lei 9.433/97, mesmo aqui em Minas Gerais, tendo em vista a ampla dependência do poder público (como você falou, falta dinheiro até para passagens).

    Aroldo Cangussu

  • LUIZ ALBERTO RODRIGUES DOURADO

    Fica patente a catadupa de descalabros perpetrados pelo Secretário do Meio Ambiente (CONTRA O MEIO AMBIENTE) que tem foco em ações desastradas, ilegais, inconstitucionais e que aviltam todos os baianos.
    A aprovação da Lei 12.377/11, mesmo sofrendo contenções feitas de última hora por pessoas, instituições entre elas o NUSF capitaneando vários Ministérios Públicos da Bahia, ainda assim deixa seus estragos em todos os âmbitos do meio ambiente. Trata-se de um desmonte do que houvera sido uma das melhores leis ambientais estaduais. Como se não bastasse continuam profussas e numerosas também em vários outros processos. LIcenciamento virtual com cheque em branco para degradar sem limites…. no nível de médios impactos que se tornam grandes. Cerceamento do Controle Social em todos os processos. Centralização nas mãos do Secretário do Meio Ambiente que controla todos os processos de meio ambiente com sua tirania socioambiental. Desmonte de Unidades de Conservação e favorecimento de processos ilegais, Tentativa de Controle Absoluto do CEPRAM (felizmente contida), Inviabilização nas discussões sobre o bioma Caatinga para a Rio 2012, etc. Neste diapsão a pergunta que não quer calar é a seguinte: Quem conterá essa grande escalada de ações desastradas de Spengler?
    No âmbito dos recursos hídricos o processo é ainda mais sério com a obstaculização das ações dos Comitês tentando inviablizar o processo transparente e de controle social. Ademais não quer implantar a cobrança e não faz as outorgas favorecendo o perdularismo que reina livre no Agronegócio insustentável e destruidor do Oeste baiano, no Pólo de Juazeiro da Bahia etc.

    Luiz Dourado

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