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Artigo

Suzano e as Águas do Maranhão, artigo de Wilson Leite

 

Todos sabem que o líquido mais precioso do planeta, que garante a sobrevivência da espécie humana, a água, é também um dos principais “insumos” utilizados em grande maioria dos processos industriais. Não se pensa uma indústria que não utilize água no seu processo produtivo.

Ao longo dos anos as áreas do Maranhão foram invadidas por grandes plantações de eucalipto – tem a fama de grande consumidores desse bem -, que tiverem em nossas terras grande produtividade com redução do tempo de desenvolvimento e elevação na sua massa. Cidades como Urbanos Santos e Cidelândia foram as primeiras a receber o plantio dessa árvore, hoje os municípios que tem plantações ultrapassam mais de 50 com ampla expansão.

Em Imperatriz, graças a acordos para isenção e redução de impostos, será instalada uma unidade fabril da empresa SUZANO PAPEL E CELULOSE que pretende produzir celulose tipo exportação aproveitando as condições de logística (hidrovia, ferrovia e BR-010), ambientais (abundancia de águas: riachos e rio Tocantins, terras férteis) para a instalação de uma fábrica que inicia o processo mais poluente da produção de papel, que é o processamento da madeira para a produção da celulose, comparando-se às guserias para a produção do ferro em nível de poluição de ar e água.

No processo de coleta de dado para elaboração do RIMA foram mapeados os riachos Barra Grande e Cinzeiro como fornecedores das águas que abasteceriam o processo de produção da fábrica. Uma grande falácia montada pelo governo do Estado com sua Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos Naturais do Maranhão – SEMA, para garantir a concessão da outorga de uso das lâminas superficiais desses riachos.

Quem conhece a região onde se encontram esses riachos (Barra Grande e Cinzeiro) que fica na zona rural de Imperatriz sabe que ao longo dos anos – coincidentemente próximos as plantações de eucalipto – vem perdendo sua perenicidade e o volume de água e conseqüentemente a diminuição de peixes que eram abundantes, principal fonte de proteína para as comunidades tradicionais da região.

O fato é que a concessão foi dada para a exploração das águas dos riachos pesquisados e citados no RIMA elaborado pela empresa SUZANO, mas que na prática eles sabiam da incapacidade que os referidos riachos teriam para fornecer a água necessária para a produção da fábrica. O engodo está sendo desvendado, na verdade a outorga pela SEMA era para encobrir a real fonte na qual a empresa tinha interesse de usar, o rio Tocantins, e como a concessão envolvia negociação com um órgão federal – IBAMA – necessitando de um desembolso maior por parte da empresa para conseguir tal aprovação, tentar-se-á mascará com a legalização pelo órgão estadual.
Estamos há mais de três meses tentando coletar imagens dos dutos em construção que vão da fábrica ao rio Tocantins, para a captação da água, mais ainda não conseguimos sucesso. Com a aquisição de vastas áreas de terras – tornando-se propriedade da empresa – o acesso é vigiado constantemente por funcionários que impedem o acesso para a comprovação da irregularidade. Coletamos imagens do Google Earth de como a área é hoje, e em breve teremos essa imagem atualizada pela ferramenta, enquanto não conseguimos uma foto aérea.

Fica a tarefa de fiscalizar esse possível crime cometido pela empresa e pelo governo do Estado do Maranhão que com toda certeza é conivente com esse crime ambiental e falsa informação para a administração publica dessa quadrilha dos Sarneys que comando o maranhão e o Brasil em parceria com seus partidos aliados.

* Wilson Leite é trabalhador assalariado e militante politico em Imperatriz

** Colaboração de Mayron Régis, articulista do EcoDebate, Jornalista e Assessor do Fórum Carajás e atua no Programa Territórios Livres do Baixo Parnaíba (Fórum Carajás, SMDH, CCN e FDBPM), para o EcoDebate, 20/01/2012

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