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Artigo

A ‘escolha de Sofia’ da Manu, artigo de Montserrat Martins

 

[EcoDebate] É fácil comentar sobre os outros como se fossemos “neutros” e não personagens também, no próprio assunto. Mas não é honesto quando estamos diretamente envolvidos, porque esta é a hora de se expor pessoalmente e aceitar críticas, de ser também vidraça e não só pedra. Eu já havia tido vontade de comentar sobre o papel emblemático da Manuela D’Ávila nessa eleição, depois desisti da idéia, mas acabei citando num outro assunto (sobre humor, semana passada) ao comentar o “espírito “desarmado” do sorridente: “Quem resiste ao sorriso da Manuela D’Ávila, além do Fortunati ?”.

Ao encontrar a Manuela no almoço com outros partidos, nessa quinta, ela que também é colunista do site político Sul 21, onde escrevo, me contou que lera o comentário e perguntou, espontaneamente, o que eu pensava ao comentar a simpatia dela, que deixava uma indagação mais ou menos sutil na frase seguinte: “ O Aldo é persona non grata entre ambientalistas, por suas posições sobre o Código Florestal, a Manuela desconversa sorrindo e não se fala mais nisso”.

Foi quando falei a ela, então, o que havia pensado um dia em expor em forma de comentário. Começando pela importância política que a Manu adquiriu, o que traz junto com isso uma grande responsabilidade. O carisma dela junto aos jovens, em especial, evoluiu a ponto de sua liderança se tornar uma referência política: todos nós sabemos a importância das novas gerações não só no processo eleitoral, mas em tudo o que acontece hoje.

Aí é que entra o “dilema de Sofia” da Manu, porque nós sabemos também que os jovens estão preocupados, sim, com a questão ambiental. Se é verdade que Manuela D’Ávila teve 482 mil votos no Estado, também é verdade que Marina Silva teve 725 mil votos nesse mesmo contingente, o eleitorado gaúcho (o governador Tarso Genro comentou em uma entrevista que venceu no primeiro turno por ter conquistado a simpatia também dessa parcela do público, na época).

Compreendi, conversando pessoalmente com Manuela, que ela está sendo coerente com o que acredita, ao sustentar a mesma posição que o Aldo Rebelo, o PC do B e seus aliados em questões emblemáticas como é o Código Florestal. Na primeira votação, na Câmara Federal, os deputados que resistiram ao relatório do Aldo (apoiado pela bancada ruralista) foram todos os do PV e do PSol, aliados a muitos do PT também.

Senti que Manu foi sincera me revelando pressões que sofre, mesmo entre pessoas próximas dela, para rever sua posição. Eu não estava propondo nada de original, portanto, desejando que ela se “despregasse” das posições do Aldo e abrindo uma nova perspectiva para o seu partido. Se ela está bem assim, com seus aliados, cabe respeitar a decisão. Continua tendo seus méritos, mesmo que eu quisesse vê-la mais identificada com a luta contra um dos principais problemas para as futuras gerações.

Montserrat Martins, colunista do EcoDebate, é Psiquiatra

EcoDebate, 12/12/2011

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