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Antropocentrismo ou Biodiversidade: 8,7 milhões de espécies vivas e 30 mil desaparecendo por ano, artigo de José Eustáquio Diniz Alves

 

[EcoDebate] A revista PLoS Biology publicou, em agosto de 2011, o resultado do censo da biodiversidade, mostrando que existem cerca de 8,7 milhões de espécies vivas no Planeta Terra. Este número não inclui os animais procariontes, como bactérias e vírus. A margem de erro do censo é de cerca de 15%, podendo existir 1,3 milhão de espécies a mais ou a menos. Do total de espécies estimadas, 6,5 milhões vivem na terra e 2,2 milhões na água. As 8,7 milhões de espécies estimadas do domínio Eucariota (organismos com membrana nuclear) estão divididas da seguinte forma:

– Animais: 7,7 milhões de espécies (953.434 descritas e catalogadas)

– Plantas: 298 mil espécies (215.644 descritas e catalogadas)

– Fungos: 611 mil espécies (43.271 descritas e catalogadas)

– Protozoários: 36,400 espécies (8.118 descritas e catalogadas)

– Cromistas: 27,500 espécies (13.033 descritas e catalogadas)

O termo utilizado para descrever toda esta diversidade biológica é BIODIVERSIDADE. As plantas, os animais e os microrganismos fazem parte de um todo vivo e o próprio Planeta Terra é considerado um ser vivo, de acordo com a Teoria de Gaia. A diversidade biológica está presente em todo lugar, enriquecendo o espetáculo da vida e, até mesmo, fornecendo alimentos, remédios e matéria-prima para o ser humano.

Estas milhões de espécies que fazem parte do ecossistema desempenham funções diferentes dentro do ciclo de vida. As plantas produzem seu próprio alimento utilizando somente a luz solar, que as tornam capazes de extrair substâncias inorgânicas, que estão no solo e na atmosfera, transformando-as em substâncias orgânicas. Os animais herbívoros alimentam-se destas plantas e são fontes de alimento dos animais carnívoros. O equilíbrio do ecossistema e o processo de polinização depende da variedade de espécies e todas possuem uma relação de interdependência, ou seja, uma depende da outra para sobreviver.

Porém, o desequilíbrio do ecossistema é um dos principais problemas ambientais da atualidade. A redução da biodiversidade coloca em risco o próprio ecossistema. A caça e a pesca predatória, a poluição das águas, do ar e do solo, a contaminação dos rios e dos oceanos, o desmatamento, as monoculturas, o uso de pesticidas e defensivos agrígolas, a falta de saneamento básico nas cidades, dentre outras ameaças ambientais, coloca em risco o equilíbrio biológico da Terra. O contínuo crescimento econômico e populacional está reduzindo o habitat das demais espécies do Planeta, pois as atividades de produção e consumo da espécie humana estão ocupando e/ou poluindo todos os espaços da terra, dos rios, lagos, oceanos e do ar.

De acordo com o World Resources Institute já houve cinco grandes extinções de espécies na Terra, todas provocadas por fenômenos naturais. Porém, estamos diante de uma sexta extinção que tem sido provocada, não por razões naturais, mas pelo antropocentrismo que tem provocado a perda de habitat, superexploração de espécies, difusão de espécies invasoras e poluição. A relação simbiótica entre as espécies está sendo alterada pela humanidade. A taxa de extinção atual é entre 1.000 e 10.000 vezes superior à taxa natural. As estimativas atuais apontam para uma taxa de extinção de espécies de cerca de 30.000 espécies por ano, ou três espécies por hora.

Neste ritmo de destruição, até o final do século XXI, um terço das espécies terrestres terão desaparecido em decorrência do egoísmo e da onipresença humana em todos os cantos do Planeta. A redução da biodiversidade, decorrente do ecocídio e do biocídio provocados pelas atividades antrópicas, tem acelerado o processo da sexta extinção e coloca em risco a vida do ser humano na Terra. Mas, antes mesmo do seu próprio suicídio, o ser humano já pode ser considerado o principal inimigo das outras espécies vivas do mundo.

José Eustáquio Diniz Alves, colunista do EcoDebate, é Doutor em demografia e professor titular do mestrado em Estudos Populacionais e Pesquisas Sociais da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: jed_alves{at}yahoo.com.br

EcoDebate, 28/09/2011

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Alexa

One thought on “Antropocentrismo ou Biodiversidade: 8,7 milhões de espécies vivas e 30 mil desaparecendo por ano, artigo de José Eustáquio Diniz Alves

  • Bom dia.
    Texto excelente para ser popularizado. A transcrição e divulgação para população gerará efeito e mudança de comportamento. Sinto nas pessoas vontade de fazer algo. Elas, nós- as pessoas, não encontramos guias, líderes e encaminhamento. A visão do homem como agressor e destruidor intimida. O homem, os seres, as gentes devem ser chamadas para participação. A falta de comunicação entre o meio acadêmico e as populações é uma abismo. De um lado os cientistas que defendem o meio ambiente, donos do saber. De outro os culpados pela destuição. Tá faltando uma inclusão e não culpabilização que achata e desvia o olhar dos problemas.

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