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Artigo

O intenso conflito socioambiental do sul de SC causado pela atividade carbonífera, por Tadeu dos Santos

‘DESABAFO’

O INTENSO CONFLITO SOCIOAMBIENTAL DO SUL DE SANTA CATARINA, CAUSADO PELA ATIVIDADE CARBONÍFERA, PELO QUE SE PERCEBE NÃO MAIS INTERESSA AO RESTO DO PAÍS.

A declaração infelizmente é cruel, mas verdadeira. Não fosse a pertinência da coordenação da ONG Sócios da Natureza (ONGSN), o assunto estaria totalmente fora de pauta em todas as esferas, que de uma forma ou de outra tem abordagem ambiental, mesmo com o inconveniente título de 14ª região mais poluída do Brasil, por causa da poluição do carvão mineral, de acordo com decreto federal nº 85.206 de 1980, mesmo ano de fundação da ONGSN, criada justamente para combater a intensa poluição causada por esta atividade.

Na verdade os malefícios causados pela exploração, beneficiamento e queima do combustível fóssil carvão mineral nunca interessou muito aos órgãos governamentais responsáveis pelo controle e fiscalização da poluição, enquanto que o lucro gera atenção da mídia, por exemplo, que por sua vez seduz políticos, governantes e demais autoridades que decidem, que determinam e que aprovam a famigerada atividade, apesar de tudo.

Não encontramos apoio nem mesmo nos coletivos ambientais que reúnem o universo das médias e grandes ONGs deste país, pois os mesmos estão voltados apenas ao Bioma da Amazônia, principalmente aos projetos das grandes hidrelétricas. Interessante observar que até ONGs ambientalistas da região Sul também demonstram estar preocupadas apenas com as hidrelétricas da Amazônia, quando as térmicas a carvão do Sul são bem mais impactantes e maiores responsáveis pela emissão de gases efeito estufa.

Três bacias hidrográficas (Araranguá,Urussanga,Tubarão) com seus rios contaminados/inutilizados, apresentando alta acidez com baixíssimo pH, não permitem Vida em seus cursos d’água; Os rejeitos piritosos misturados com a terra a tornam improdutiva para qualquer cultivo; A Mata Atlântica também não resistiu, pois foi destruída pela ganância; O ar está comprometido no entorno da mega usina Jorge Lacerda, com os gases que também provocam a traiçoeira chuva ácida, num raio de até 300 km, conforme a dinâmica dos ventos; Ações Judiciais e TAC de nada adiantam contra o poderoso lobby do carvão mineral, tanto que existe até uma atuante Frente Parlamentar pró-Carvão no Congresso Nacional.

Neste mesmo cenário, ocorrem eventos extremos provenientes da violência das águas e dos ventos, como enchentes catastróficas (também com mega-desmoronamentos) e assustadores ciclones extra-tropicais e tornados por exemplo, situação única no país, tanto que a região foi o epicentro do furacão Catarina – o primeiro do Atlântico Sul.

A indiferença manifestada mesmo pela população afetada que parece ter aprendido conviver com o caos ecológico ou que tudo isto faz parte das suas vidas, como o mineiro que tem trabalhar embaixo da terra para então sobreviver sobre a mesma com a pneumonoconiose, doença que adquire com a poeira do pó negro num ambiente de alta insalubridade, ou seja, pior que escravidão, pois vende sua vida por uma insignificante aposentadoria após 15 anos de trabalho. Toda esta desgraça social e ambiental persiste para exageradamente enriquecer os donos das mineradoras e gerar comprovadamente a fonte energética mais suja do planeta Terra, e, contribuir junto com as queimadas da Amazônia o ameaçador e preocupante aquecimento global.

Por Tadeu dos Santos, pela Coordenação da ONG Sócios da Natureza
www.tadeusantos.blogspot.com

EcoDebate, 04/07/2011

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