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O Meio Antrópico Industrial, artigo de Roberto Naime

[EcoDebate] A indústria foi por muito tempo, a atividade mais responsabilizada por danos ao meio ambiente. A própria origem da questão ambiental se deve a despejos de efluentes não tratados de uma fábrica de acetaldeído na Baía de Minamata no Japão, na década de 50.

Hoje não é exagero dizer que os diversos setores industriais se encontram na vanguarda das ações de preservação ambiental e sustentabilidade nas mais diversas áreas da economia.

A indústria engloba todas as transformações que os materiais minerais e agropecuários sofrem para se tornar bens de consumo imediato das populações que constituem os mercados.

Existem vários setores e tipos de indústrias, desde as muito poluente (como curtumes e boa parte da indústria química em geral) até setores pouco poluentes (indústria farmacêutica), que não produzem efluentes, resíduos e nem emissões atmosféricas.

Atualmente, os conceitos de sustentabilidade e preservação ambiental estão bem disseminadores na cultura dos empreendedores industriais, que são responsáveis por algumas das ações mais ousadas de planejamento ambiental, transparência e responsabilidade social.

Com o crescimento da preocupação em caráter mundial em se conseguir o desenvolvimento sustentável e o conseqüente aumento do poder de pressão do consumidor, cada vez mais exigente em termos ambientais, as empresas potencialmente poluidoras estão preocupadas com sua imagem, de maneira que estão procurando adaptar-se aos novos tempos, diminuindo seu potencial poluidor.

Por sua vez, a competitividade moderna também exige das indústrias adequação a esta tendência ambiental, o que está propiciando o surgimento de indústrias de produtos e serviços ambientais, as chamadas “indústrias verdes”, que têm suas atividades especializadas e direcionadas à criação e desenvolvimento de processos programas, serviços e equipamentos anti-poluidores que visam diminuir ou eliminar a poluição, como por exemplo: reciclagem de lixo, filtros, catalizadores etc.

Portanto, indústrias verdes são aquelas cuja produção está adequada aos novos parâmetros ambientais e estão direcionadas a serviços que visem a diminuição da poluição.

Mas é inegável que o arcabouço jurídico e a ação normatizadora, reguladora e fiscalizadora do Estado são indispensáveis para atingir uma sinergia eficiente com a indústria, que está cada vez mais tomando consciência de seu papel na preservação ambiental.

O fenômeno da globalização tem trazido às empresa a necessidade de adaptação cada vez mais às novas exigências mercadológicas. Conseqüência disso é a necessidade de criação de normas de caráter mais abrangente e de aceitação internacional, o que tem gerado uma onda de normalização em escala planetária, principalmente quanto a qualidade do produto e da produção em si.

Porém, após a Conferência Sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento no Rio de Janeiro, a Rio-92, ocorreu uma verdadeira globalização também das questões ambientais, dando origem a necessidade de se normalizar os produtos tendo em vista o meio ambiente. Assim, criou-se a série ISO 14.000, que dá orientação a obtenção dos Certificados de Gestão Ambiental, através de sua série de normas, a qual está sendo implantada cada vez mais pelas indústrias em quase todo o mundo, incluindo ai nosso país.

A série ISO 14.000 apresenta grandes novidades em termos de processamento e qualificação dos produtos. Estabelece novos princípios gerais para auditoria ambiental, cria o selo verde, sendo assim um moderníssimo instrumento de garantia de adaptação dos produtos potencialmente danosos ao meio ambiente.

As empresas que voluntariamente aderem à certificação ambiental terão várias vantagens operacionais como menos desperdício de matéria prima, maior qualidade dos produtos, maior confiabilidade mercadológica, maior credibilidade nas licitações, melhores oportunidades de negócios em geral, maior competitividade, menor impacto ambiental e mais oportunidade de empréstimos incentivadores etc.

Dr. Roberto Naime, colunista do Ecodebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.

EcoDebate, 17/05/2011

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One thought on “O Meio Antrópico Industrial, artigo de Roberto Naime

  • Trabalho no setor calçadista do Vale dos Sinos, região metropolitana de Porto Alegre, RS e o que vejo infelizmente é um quadro diferente do citado acima. Aqui, para se manter o padrão de lucro rápido e fácil, as empresas continuam trabalhando do modo antigo, não efetuando nenhum investimento pensando em minimizar impactos ambientais,ou pior ainda, fazem de conta que não poluem e após passar as inspeções que raramente ocorrem, das secretarias competentes, voltam a produzir sem se preocupar com seus dejetos. Na metade do ano passado ocorreu o último desastre ambiental no Rio dos Sinos, o qual matou milhares de peixes por ter vazado material químico altamente poluente no valão de Novo Hamburgo, material este talvez vindo de Estância Velha, onde existem vários Curtumes. Lembro que, na época, a FEPAM disse que ia fazer exames laboratórias para investigar as causas, mas que provavelmente a mortandade de peixes deveria ter ocorrido pelo excesso de esgoto doméstico recebido pelo rio, também pelo fator agravante das secas daquela época. Após mudança de governo, os técnicos da FEPAM, já fecharam quatro Curtumes devido a problemas nos processos industriais e somente após este ato, os mesmo começam a se condicionar, a passos lentos, aos novos procedimentos industriais, deixando um rastro menos destrutível. A meu ver, a fiscalização deve melhorar para forçar mais situações como esta. Com isto, ganhamos nós que bebemos a água do Tio dos Sinos e ganhará o Meio Ambiente.

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