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Notícia

Hidrelétrica de Mauá desmatará quarta maior faixa contínua de floresta nativa do Paraná

Mil homens trabalham para derrubar a floresta nativa que dará lugar ao reservatório da nova hidrelétrica do Paraná, no Rio Tibagi.

A reportagem é de Katia Bremabatti e publicada pelo jornal Gazeta do Povo, 08-05-2011.

A quarta maior faixa contínua de floresta nativa do Paraná está caindo por terra, desta vez com autorização oficial. Menor em extensão apenas se comparada aos trechos da Serra do Mar, ao Parque Nacional do Iguaçu e à reserva indígena de Mangueirinha, a mancha verde que margeia o Rio Tibagi está sendo derrubada para dar lugar ao reservatório da usina hidrelétrica de Mauá, entre Telêmaco Borba e Ortigueira. Mil pessoas trabalham, desde janeiro, na retirada de araucárias, perobas e canelas centenárias. As árvores estão sendo cortadas com a justificativa de que apodreceriam, prejudicando a qualidade da vida do reservatório.

O Instituto Ambiental do Paraná informa que nem toda a floresta será derrubada, porque os trechos de mata que ficam em áreas muito íngremes (e representam 30% da área) serão mantidos. A última estimativa, de março, aponta que foram retirados 632 (21%) dos 3 mil hectares que devem ser derrubados.

A reportagem esteve em um dos postos de armazenagem das madeiras cortadas. Cada tora foi marcada com um número, numa espécie de inventário. Aroeiras, pinheiros e cedros-rosa com mais de um metro de diâmetro estão empilhados. Também foram recolhidos muitos galhos finos, que devem ser usados para queimar em caldeiras ou fazer carvão. Ao final do desmate, a madeira cortada deve ser leiloada. A renda vai para o caixa do consórcio Cruzeiro do Sul, sociedade da Copel e da Eletrosul responsável pela construção da usina.

Líder em desmate

Em muitos pontos às margens do rio, a paisagem é de terra nua. Algumas máquinas tentam conter a erosão, para que o solo revolvido não assoreie o rio. O corte acontece simultaneamente em vários pontos das margens do Tibagi. Em alguns locais onde a derrubada aconteceu no início do ano, novas árvores surgiram vigorosas, formando capões que podem ser retirados antes da formação do reservatório, previsto para começar em agosto.

Três empresas trabalham na área, ao preço médio de R$ 13,5 mil por hectare limpo. Só um dos oito lotes de derrubada ainda não foi iniciado. Ao total, R$ 39 milhões devem ser gastos nesse serviço. Trabalhadores acostumados a cortar árvores plantadas numa área de manejo de pinus e eucalipto no estado foram contratados para o desmate. O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Florestais de Telêmaco Borba, João Ernesto Ribeiro, conta que muitos lamentam a queda das enormes toras nativas. O trabalho é feito basicamente com motosserra.

A derrubada da floresta é inevitável diante da decisão governamental de investir na geração de energia pela matriz hidrelétrica, usando o maior rio ainda não represado do Paraná, o Tibagi. Mas o fim do quarto maior trecho contínuo de mata nativa do estado, por si só, deve garantir ao Paraná a liderança nacional em desmatamento de remanescente florestal no próximo Atlas de Monitoramento da Mata Atlântica. No último levantamento, divulgado em maio de 2010, o estado figurou na segunda posição nacional, com a derrubada, em dois anos, de 2,7 mil hectares – menos do que está sendo derrubado agora nas margens do Rio Tibagi.

Reservatório alagará área de megabiodiversidade

Hidrelétrica de Mauá: Reservatório alagará área de megabiodiversidade

(Ecodebate, 10/05/2011) publicado pelo IHU On-line, parceiro estratégico do EcoDebate na socialização da informação.

[IHU On-line é publicado pelo Instituto Humanitas Unisinos – IHU, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Unisinos, em São Leopoldo, RS.]

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5 thoughts on “Hidrelétrica de Mauá desmatará quarta maior faixa contínua de floresta nativa do Paraná

  • ELIETE FERREIRA DE CAMPOS

    É de doer o coração da gente esta derrubada de arvores , estão acabando com a casa de inumeros animais em nome do progresso.Sera que eles(humanos) gostariam de serem despejados de sua casa sem nehum aviso?
    É pra cabar…
    Pena que a minha indignação´não signifique muito para os ditos poderosos.
    pelo menos posso me expressar aqui no Eco Debate, e tenho certeza que muitos vão ler este desabafo

  • Elisabeth Bado

    É lamentável que nossa sociedade não se “satisfaça” com absolutamente nada.
    Teremos que desmatar todas as florestas, poluir todos os rios e manaciais para nos darmos conta?
    Vida simples e feliz!
    EU NÃO PRECISO DE TODA ESTA ELETRICIDADE DESTRUIDORA!
    Energia eólica.
    Quero viver em comunhão com o planeta!

  • Começou as poesias e as fora da real, agora que voces ligarem a tomada, o chuveiro, a televisão a internet, lembrem-se, que voces que são contra os desmates, por favor, acendam velas,tomem banho na bacia e se isolem do mundo.Que estupidez querer gerar energia, sem fazer barragens e sem desmatar. Quanta distorçào de conhecimento em falar em desmatamentos com se fosse algo do fim do mundo, é só exigir que as empreiteiras façam uma compensaçào florestal em outra região mais próxima, reflorestar com nativas uma área idêntica, e só inserir nas cláusulas da contratação das obras esse ítem e está resolvido a compensação do desmate e as pessoas tem de saber que as árvores podem e devem nos dar lucro financeiro e ambiental, que elas se não forem retiraradas na sua maturidade, elas “MORREM SOZINHAS NA MATA SEM DAREM SUA CONTRIBUÍÇÃO AO SER HUMANDO”.Portanto como qualquer alimento a árvore pode e deve ser suprimida sim, apenas que o incompetente do nosso governo exija o que tem no código florestal,desde 1965, cada árvore tirada plante outras 3,5,10,20 e assim por diante.
    Ou seja quando se colhe a soja,a cana,o milho etc, eles plantam de volta até a nove colheita, com a árvore também poder ser assim.Engenheiro Florestal José Hess

  • Para José Hess:

    Reflorestamentos NÃO SÃO florestas – nem serão. Chamemos, então, de “plantio cientificamente pensado”.

    Ah, será que adianta “pedir” o reflorestamento para empreiteiras aqui no Brasil?
    Pelo que tenho visto na amazônia (i)legal… não tem adiantado muito os pedidos de dedicados comprometidos com o planeta, como você.

    Outro Ah! As florestas não foram criadas somente para dar lucro ao humano e, vc como engenheiro florestal deve saber, existem MUITOS outros animais que vivem destas/nestas árvores que “MORREM SOZINHAS NA MATA SEM DAREM SUA CONTRIBUÍÇÃO AO SER HUMANO”.

    E não tem nada de “natureba” e “fora da real” nisto.

    Eu não pedi essa tecnologia burra inventada pelos mais inteligentes que eu. Eu peço um mundo com ar puro, saúde e paz. Mesmo que para isto tenha que abrir mão dos confortos tecnológicos destruidores; e não me importo de utilizar as velas e banhos de bacia que, aliás, SÃO A ÚNICA FORMA que MILHARES de seres humanos utilizam – por causa desta tecnologiacapitalista inventada pelos mais inteligentes que eu.
    Vá a um bairro pobre de qq cidade do mundo e você VERÁ que tem muita gente já vivendo desta forma HOJE.
    Vá na ÁFRICA e veja as pessoas já sem água.
    É isto querido, que Deus nos abençoe e nos livre da nossa burrice.

  • almeida cheang

    ola pessoal
    eu queria sugerir porque nao escavar e retirar as arvores de boa qualidade e forte e transportasse para lugares mais altos da regiao onde sera inundado e os pequenos portes cortasse para outras utilidades como lenha.assim preservaria muito a regiao

Fechado para comentários.