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Artigo

Histórias de superação, artigo de Montserrat Martins

[EcoDebate] Histórias que se tornam universais, que despertam interesse em povos das mais diversas culturas, costumam ser as histórias de superação, aquelas nas quais o protagonista enfrenta as situações mais adversas, os piores pesadelos e revezes, sem desistir jamais de seus objetivos. Da persistência de quem está convicto de sua missão é que emerge a capacidade de sobreviver (ou mesmo sucumbir, mas de modo heróico) e emergir superando todos os desafios.

Mesmo para os que não tem fé, as histórias cristãs são reconhecidas como inspiradoras, não é por acaso que estão presentes em quase todas as culturas. Inclusive para Maomé, profeta dos muçulmanos, assim como para os budistas, todos eles descreveram Cristo como profeta e iluminado. Assim é que o simbolismo da Páscoa, como ressurreição e afirmação de fé na sobrevivência do espírito, é o exemplo maior de uma história de superação – de que a causa e a mensagem sobrevivem à morte física e revivem para os que com ela se identificam.

Filmes e novelas recorrem a histórias de superação para comover. E o fazem até com os personagens secundários, como o papel vivido por Glória Pires na novela das nove, de uma mulher ingênua que se tornou vítima de uma armação e acabou sendo culpabilizada e presa. Nesse enredo dramático são expostas as piores mazelas dos nossos sistemas judiciário e carcerário, nos quais pessoas desprovidas de recursos ficam expostas à própria sorte e ainda à violência do crime organizado, mesmo dentro dos presídios.

Ficção baseada em fatos reais, essa personagem revela um grande desafio para nossa sociedade atual, detectar e corrigir situações injustas, que se configuram em distorções dos propósitos civilizatórios das leis. Temos a expectativa de que na trama ficcional, após muito sofrimento, valha o ditado de que “a justiça tarda, mas não falha”, e tudo se encaminhe para um final feliz. No mundo real, os caminhos são ainda mais árduos e custosos. Por isso, em boa hora o CNJ – Conselho Nacional de Justiça – vem procedendo a um “mutirão” carcerário em que examina a situação de pessoas com poucos recursos para a própria defesa.

Temos exemplos de países mais desenvolvidos, nos quais o sistema judiciário como um todo está preparado para punir os criminosos do “colarinho branco” e também reprimir o crime organizado, em contraste com a nossa realidade de prender principalmente os “ladrões de galinha”. Se a criação do CNJ foi polêmica e ainda falta definir melhor suas funções em relação a outras instituições jurídicas, seu “mutirão” carcerário está dando um belo exemplo de sua razão de ser.

Montserrat Martins, colunista do EcoDebate, é Psiquiatra.

EcoDebate, 25/04/2011

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