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Geomorfologia na análise ambiental, artigo de Roberto Naime

[EcoDebate] A geomorfologia é a ciência que estuda o relevo da superfície da terra e esta intimamente relacionada com o substrato rochoso existente e os processos pedogênicos atuantes superficialmente, bem como as ações das águas superficiais e subterrâneas.

A natureza das rochas determina 3 diferentes tipos de domínios geomorfológicos:

Escudos antigos ou maciços cristalinos: representam imensos blocos de rochas antigas, de natureza cristalina, estes escudos são constituídos de rochas magmáticas formadas em eras pré-cambrianas (mais de 600 milhões de anos para trás) ou por rochas sedimentares que foram transformadas em rochas metamórficas. No Brasil, os escudos antigos correspondem a 36% da área do território nacional, sendo conhecidos o Escudo das Guianas, a norte da planície amazônica e o Escudo Brasileiro, na porção centro oriental brasileira;

Bacias sedimentares: são depressões relativas dos terrenos, preenchidas por sedimentos que se transformam em rochas sedimentares e freqüentemente estão associados a presença de hidrocarbonetos como petróleo. No Brasil ocorre petróleo nas bacias sedimentares de fundos oceânicos. Estas bacias correspondem a 64% do território brasileiro, destacando-se as bacias do meio norte, do Paraná, além da bacia do rio São Francisco e pantanal.

Dobramentos modernos: são estruturas formadas por rochas magmáticas e sedimentares pouco resistentes, que foram afetadas por forças tectônicas em períodos recentes, formando as cadeias montanhosas ou cordilheiras. Exemplos são os Andes, as Montanhas Rochosas nos Estados Unidos, os Alpes na Europa e o Himalaia na Ásia. Estas estruturas não ocorrem no Brasil.

A expansão dos estudos geomorfológicos no Brasil é recente, devido a própria valorização das questões ambientais. A análise geomorfológica se aplica diretamente na análise ambiental. As primeiras referências geomorfológicas brasileiras são do século XIX, quando os naturalistas procuram descrever o meio natural.

O conhecimento geomorfológico no Brasil é recente e incorpora os conceitos da Teoria Geral dos Sistemas do biólogo alemão Ludwig Von Bertallannfy, aplicando idéias relativas ao equilíbrio dinâmico.

A geomorfologia foi muito valorizada na execução do Projeto Radam Brasil a partir de 1.973, em que levantamentos envolvendo geologia, geomorfologia, solos, vegetação e uso dos solos, recobriram todo país formando um total de 40 volumes (SEPLAN/IBGE, 1986).

Os grandes domínios geomorfológicos são as montanhas (grandes elevações do terreno formadas por forças tectônicas), planaltos (superfícies planas e elevadas), planícies (superfícies planas e deprimidas), depressões absolutas (porções do relevo mais baixas que o nível do mar), que não ocorrem no Brasil, chapadas (planaltos de rochas sedimentares apresentando topografia tabular), cujo melhor exemplo no país é a Chapada dos Guimarães, cuestas (que são formas assimétricas de relevo, formadas pela sucessão alternada de camadas rochosas com resistências diferentes em relação a erosão) e depressões periféricas (áreas deprimidos de menor resistência contornando rochas mais resistentes).

Os acidentes de terreno resultam da ação de agentes de origem interna, como vulcanismo, tectonismo e outros, e de agentes de origem externa, como águas correntes, temperaturas, chuva, vento, geleiras e seres vivos.

A geomorfologia tem óbvia e intrínseca relação com o meio ambiente, sendo uma resultante de todas as forças internas e externas que atuam na crosta terrestre.

Após a definição dos grandes domínios que representam as grandes potencialidades terrestres do Brasil, estamos na fase de caracterizar sítios arqueológicos, cavernas e outros monumentos mais recentes do país.

Roberto Naime, colunista do Portal EcoDebate, é Professor no Programa de pós-graduação em Qualidade Ambiental, Universidade FEEVALE, Novo Hamburgo – RS.

EcoDebate, 18/03/2011

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One thought on “Geomorfologia na análise ambiental, artigo de Roberto Naime

  • Nerio Jorge Susin

    Caro Roberto, boa tarde

    É um prazer ler um artigo que aborde um tema que as vezes até a academia tenha colocado em segundo plano. Como geólogo te felicito por trazer para discussão este assunto, que na minha opinião, é de fundamental importância para quem pretende analisar os efeitos de impactos que empreendimentos antrópicos possam causar ao meio natural.
    Parabéns

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