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Energia elétrica: Relatório independente aponta erros na operação do Sistema Interligado Nacional

A conta de luz do brasileiro deve ficar mais cara em 2011, mesmo com sobra de energia no Sistema Interligado Nacional (SIN). Levantamento do Instituto Acende Brasil identificou que o modelo computacional responsável por organizar a geração e a distribuição de eletricidade no país não foi alimentado corretamente e irá gerar prejuízo para o consumidor.

Apresentado, no dia 15/12, o relatório do Programa Energia Transparente aponta as restrições de operação da Usina de Itaipu, entre janeiro e junho, como um dos principais problemas. As limitações, adotadas para conserto das linhas de transmissão depois do apagão de 2009, não foram informadas aos computadores que, por sua vez, acabaram desperdiçando energia.

“Se a saída de Itaipu tivesse sido formalmente avisada ao sistema [computacional], o ONS [Operador Nacional do Sistema] teria acionado algumas térmicas – certamente as de menor custo – antecipadamente, guardando a água dos reservatórios para outro momento e não as jogando fora”, afirmou o presidente do instituto, Claudio Sales.

Como isso não ocorreu e os reservatórios foram abertos, completa Sales, “em vez de acionar as térmicas mais eficientes num segundo momento [de demanda mais alta], o modelo acionou as térmicas mais caras, do tipo emergencial, a óleo [e mais poluentes]”.

Outro motivo para a sobreoferta de energia de alto custo foi a falta de dados sobre as pequenas usinas (biomassa, pequenas centrais hidrelétricas e eólicas), que geraram volume de energia inferior ao previsto. Essa informação também não foi repassada como deveria ao modelo computacional, “subestimando sua importância”.

O relatório também critica decisão do ONS e do Comitê de Monitoramento do setor de transferir energia da Região Sudeste para a Nordeste, culminando “em uma queda desproporcional da energia armazenada no Sudeste”. Além disso, destaca que as linhas de transmissão das regiões Norte e Nordeste não conseguem enviar energia com a mesma capacidade que recebem.

Por causa dos problemas de 2010, o Programa Energia Transparente contabiliza que os encargos com a operação do sistema custarão, em 2011, pelo menos R$ 1,2 bilhão (acumulado até outubro), que serão diluídos nas contas de luz dos consumidores. Em 2010, em função da demanda reprimida pela crise, o custo foi de R$ 600 milhões em relação ao ano anterior. Em 2009, foram pagos R$ 2,3 bilhões com os encargos.

“O grande paradoxo é que temos agora uma situação de sobreoferta até 2014. Esse custo adicional, de acionamento extemporâneo das usinas, está acima de R$ 1 bilhão, uma conta que será paga por todos nós e será da ordem de 1% a 2% das contas”, afirmou Sales.

Procurados pela Agência Brasil, o ONS e a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) não comentaram os dados do relatório do Instituto Acende Brasil.

Reportagem de Isabela Vieira, da Agência Brasil, publicado pelo EcoDebate, 17/12/2010


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