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Algaroba: Comida garantida na grande festa cristã, artigo de Juracy de Sousa Nunes

[Ecodebate] No fim de cada ano, os brasileiros e grande parte dos habitantes do mundo ocidental, se deleitam com as festas e com as comidas típicas da época: chester, peru, frutas secas, nozes, castanha-do-pará, pinhão, castanha de caju, vinhos, rabanada, bacalhau, panetone e muitas outras guloseimas nacionais ou importadas.

O Sertão Nordestino, especialmente na zona rural, também conta com sua riqueza gastronômica. A famosa galinha de capoeira à cabidela com farofa, cardápio das festas natalinas que enche as medidas dos mais exigentes e dos mais comedores que conhecem a gostosura do prato requintado.

Mas, a Mãe Natureza não esquece outros membros de sua grande família. Por isso permitiu o cultivo o nascimento expansão de um vegetal trazido do Peru, que dá frutos saborosos no fim do ano, independente da média pluviométrica local.

É a alogarobeira, conhecida aqui por algaroba e cujo nome científico é Prosopis juliflora (Sw) DC. É uma espécie vegetal arbórea da família Fabaceae (leguminosae), subfamília Mimosodae, cuja safra, chega na última quinzena de novembro, se prolonga até o mês de janeiro, e o pico da maturação das vagens coincide com o ciclo natalino celebrado pela cristandade.

A algaroba é combatida por uns que a rotulam de planta invasiva. É defendida por outros que dizem que sua implantação no Semiárido Nordestino fomentou o desenvolvimento regional.

Convivendo com estas árvores desde a década de 1960, conheço o perigo da penetração de suas raízes a procura de água. Parede de açude, caixa d’água subterrânea, cisterna, piscina, poço artesiano, poço amazonas, calçada, cocheira e outras edificações entram em risco com algaroba por perto.

Todavia, reconheço suas grandes vantagens: do tronco e dos galhos são feitos mourões e estacas para as cercas; as flores são apreciadas pelas abelhas que fazem um mel de excelente qualidade; como matriz energética, a lenha e o carvão substituem a madeira nativa quase extinta nessa microrregião; o verde da folhagem o ano inteiro, ajuda o juazeiro a fazer sombra combatendo a insolação, e, no fim ano, a bicharada tem garantida a sua festa com as vagens saborosas que já começam a cair.

As cabras e as ovelhas, o gado e os eqüinos e até bicho do mato (veado, raposa, furão, ticaca e muitos outros) têm direito a comida farta, graças à dádiva da natureza que não esquece os seres considerados inferiores.

Juracy Nunes é médico em Monteiro (PB). juracysnues{at}gmail.com

EcoDebate, 26/11/2010


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