Comissão Europeia quer proibir o Bisfenol-A(BPA)em mamadeiras
Órgão responsável por propor legislação e implementar decisões iniciou discussões sobre o veto ao químico associado a câncer, obesidade e diabetes
A Comissão Europeia, órgão responsável por propor legislação e implementar decisões nos países da Comunidade Européia iniciou essa semana discussões para proibir o uso de bisfenol A (BPA) na fabricação de mamadeiras e produtos infantis. O BPA é um químico usado na fabricação de plástico e no revestimento interno de latas de alimentos e bebidas. Seu uso já foi associado em mais de 200 pesquisas a doenças como câncer, obesidade, diabetes infantil, problemas neurológicos e infertilidade. Reportagem de Fabiana Dupont e Fernanda Medeiros, do sítio O Tao do Consumo.
A decisão de buscar a proibição do químico em mamadeiras de policarbonato vem logo após a divulgação da posição da EFSA (European Food Safety Authoriy), no final de setembro, que considera que em pequenas doses o bisfenol A pode ser tolerável. Desde então o assunto parece ter se tornado prioridade para a Comissão. “Já tivemos algumas reuniões com os representantes de países membros e a Comissão tem a intenção de levar a diante a proibição do BPA em mamadeiras,” afirmou Frederic Vincent, porta voz da comissão em assuntos de saúde e consumo. “No momento não sabemos qual é a opinião de todos os países membros, mas sabemos que a França e Dinamarca já estão pressionando para a proibição.” O porta-voz disse que a Comissão está trabalhando em propostas mais detalhadas e tem a intenção de divulgar uma decisão ainda no primeiro semestre de 2011.
Na semana passada, nos Estados Unidos, a senadora Diane Feinstein estava no processo de incluir uma emenda no Ato de Modernização de Segurança Alimentar, pedindo a proibição do bisfenol em embalagens de alimentos. Mas o Conselho Americano de Química (ACC) conseguiu bloquear a consideração da emenda, alegando que o BPA é seguro. No entanto mais de 200 estudos científicos já demonstraram que o BPA é prejudicial a saúde e que afeta principalmente crianças e bebês. A indústria química nos Estados Unidos já gastou milhões de dólares em lobby só neste ano para impedir a aprovação da proibição do bisfenol A. Apesar de ter conseguido impedir a entrada da emenda no senado e a aprovação da proibição na Califórnia, sete estados americanos já baniram o químico. “Eu não entendo como essas indústrias podem se opor a suspensão de um químico que no mínimo pode comprometer o sistema endócrino de crianças e bebês só porque eles querem ganhar dinheiro com isso”, disse a senadora Feinstein.
Brasil – Amanhã, quinta-feira, a Sociedade de Endocrinologia e Metabologia – regional SP promove, em São Paulo, o primeiro fórum sobre Desreguladores Endócrinos. Além de médicos, o fórum terá a presença do Procurador Regional dos Direitos do Cidadão do Ministério Público Federal, Jefferson Aparecido Dias, do Gerente de Informação do Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), Carlos Thadeu de Oliveira e das criadoras do site O Tao do Consumo, Fernanda Medeiros e Fabiana Dupont.
Textos originalmente publicados no Food Production Daily em 19 de novembro de 2010; Pasadena Star News em 23 de novembro de 2010
SBEM – SP
EcoDebate, 25/11/2010
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