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Uso de suplementos alimentares e vitamínicos exige cuidados para evitar abuso das substâncias

Seja para manter a energia durante as atividades ou para ganhar massa muscular, os suplementos alimentares sempre foram um grande aliado dos atletas — de academia ou não — na busca por uma performance cada vez melhor. Essas substâncias, à base de proteínas, aminoácidos e açúcares, caíram no gosto dos esportistas, ganharam cada vez mais adeptos, saíram das academias e ocuparam espaço até nos consultórios médicos. A Vigilância Sanitária, porém, mesmo tendo flexibilizado algumas das normas que regem o consumo dos suplementos, decidiu pedir mudanças na forma de publicidade dos produtos e alertar para excessos no uso. Há relatos que vão de problemas intestinais até malefícios renais e hepáticos decorrentes do abuso das substâncias.

Segundo o nutricionista especialista em alimentação esportiva Vitor Hugo Correia, antes de procurar uma loja especializada, os pacientes devem pedir ajuda de um profissional da nutrição — médicos nutrólogos ou nutricionistas — para determinar que tipo de suplemento deve ser consumido. “Existem substâncias que ajudam a ganhar músculos, outras que prometem queimar gordura. Há ainda aquelas que dão energia. O uso de uma substância para outro fim pode acarretar um efeito até mesmo contrário ao que a pessoa deseja”, conta. Reportagem de Max Miliano Melo, no Correio Braziliense.

Ele alerta que, ao se introduzir uma substância não natural no corpo, sem a devida orientação, os resultados podem ser bastante negativos. “No mínimo, a pessoa vai perder dinheiro, já que em geral esses suplementos são caros. Mas os efeitos negativos podem ser bem piores, e incluem problemas de fígado e rins e aumento de peso”, conta o nutricionista. “Isso acontece, em geral, porque o corpo precisa trabalhar mais para metabolizar os suplementos. Assim, se esse consumo é excessivo, há uma sobrecarga do sistema renal, por exemplo”, alerta.

A psicóloga Ana Paula Pongelupe explica que o uso de suplementos alimentares pode esconder outro problema. “O consumo errado desses produtos pode mostrar uma excessiva busca pelo chamado ‘corpo perfeito’. Além de prejudicar a saúde, abusar de suplementos pode ser um sintoma de uma excessiva preocupação com a aparência”, afirma a psicóloga.

Para ela, é importante que se reflita sobre a real necessidade desse tipo de tratamento e da importância que a imagem tem para cada um. “Muitos embarcam em uma ilusão de que serão socialmente aceitos ou de que irão conseguir encontrar um relacionamento apenas por causa do corpo. Isso não é verdade. Tão importante quanto conseguir um abdômen definido ou um braço bem trabalhado é ser uma pessoa interessante”, completa Ana Paula.

Uso correto
O nutricionista Vitor Hugo Correia lembra, no entanto, que quando consumidos corretamente os suplementos são extremamente úteis. “Sem eles, é bem mais difícil trabalhar o corpo ou manter a energia em atividades mais intensas. Mesmo pessoas que não são esportistas, mas que vêm de situações em que permaneceram muito tempo paradas, como internações hospitalares, podem utilizar os produtos para recuperarem a massa muscular”, afirma (veja quadro).

O educador físico Renan Reis, 26 anos, demorou a descobrir o potencial da suplementação alimentar. “No fim da faculdade, eu não sabia como funcionava, para o que servia. Nado desde criança, e nem como atleta conhecia os efeitos da suplementação”, afirma. Com o crescimento dos últimos anos no consumo, ele resolveu procurar mais informação. “Primeiro, me informei em uma loja. Depois, já sabendo mais ou menos como funcionava, comecei a me especializar no assunto. Hoje, tanto utilizo para mim quanto indico para os meus alunos”, afirma o professor de musculação e nadador, que consome proteínas, repositores energéticos e ômega 3.

Ele assegura que, quando começou a pesquisar melhor o uso de suplementos, muitos mitos caíram por terra. “Eu tinha uma imagem muito estereotipada, como a maioria das pessoas. Se usados corretamente, os suplementos podem ajudar não apenas quem é atleta”, afirma. “Nos últimos anos, a visão do que é suplementação mudou. Antes, as pessoas passavam em frente a uma loja de suplementos e olhavam com preconceito, achavam que aquilo era ‘bomba’. Hoje, a situação é bem melhor”, afirma.

Parte dessa mudança sentida por Renan ocorreu graças às normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que modificou substancialmente a maneira com que esses produtos são apresentados. “Antes, na embalagem predominava a imagem de um homem extremamente forte. Hoje, as regras não permitem isso”, conta o educador físico. Além da mudança na publicidade, uma nova resolução adotada pela Anvisa passou a exigir que todos os produtos desse grupo tragam mensagens de alerta ao consumidor sobre a importância de uma boa alimentação.

Outra novidade da Vigilância Sanitária foi a liberação do uso da substância creatina no Brasil. O aminoácido dá mais força e auxilia na manutenção da energia durante as atividades. “Como se trata de uma substância de difícil metabolização, ela nunca havia sido liberada, pois os órgãos de controle temiam que seu abuso levasse a casos de insuficiência renal”, explica o especialista Vitor Hugo Correia. “Em pequenas quantidades, ela não faz mal. O importante é ter em mente que grandes doses não vão aumentar a performance, e sim trazer problemas de saúde”, completa.

Aproveitando a nova onde de suplementação alimentar, o engenheiro Antônio de Almeida Castro, 29 anos, resolveu deixar o corpo em dia. Ele segue o exemplo da noiva, com quem vai se casar dentro de dois meses, e consome suplementos desde julho. “Ela já toma há um ano, e me incentivou. Os suplementos me dão mais energia para praticar atividades. Como tomo depois da prática, eles ajudam na reposição da musculatura durante os exercícios aeróbicos”, conta o praticante de spinning e futebol.

Na hora de escolher qual tipo de suplemento tomar, o engenheiro fez o que os especialistas orientam: procurou um nutricionista. “Na loja, em geral, querem vender todo tipo de produto, mas o nutricionista pode me orientar sobre que tipo de produto é mais indicado para o meu tipo de atividade”, afirma Antônio. “Mesmo com a ajuda da suplementação, não tem jeito, o mais importante continua sendo uma alimentação saudável e equilibrada”, conclui.

EcoDebate, 13/10/2010

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