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Aterros Sanitários: Velho conceito vai para a lata de lixo da história, artigo de Luciano Martins Costa

[Brasil Econômico] O desafio da destinação do lixo urbano ainda representa um dos pontos negativos nas estatísticas brasileiras de desenvolvimento. A despeito dos grandes investimentos destinados à área desde 2007, como parte do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), os indicadores da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico divulgada pelo IBGE em agosto deste ano ainda não mostram avanços significativos.

Uma das razões, segundo comunicado distribuído pelo Ministério das Cidades, é que os dados do último levantamento ainda não refletem o resultado dos R$ 40 bilhões investidos no programa, pois as obras desse tipo demoram cerca de três anos entre a contratação e a entrada em operação. Além disso, embora não esteja dito nas notas oficiais, as obras públicas quase sempre são condicionadas a interesses da agenda política.

Diz-se, no Brasil, que o investimento em saneamento tem sido historicamente deficiente porque se trata de obras que quase sempre ficam longe da vista dos eleitores.

Mas essa antiga anedota se refere diretamente ao tratamento de esgoto e não aos aterros sanitários. Neste caso, o poder público não precisa ser necessariamente investidor e muito menos operador.

Os aterros sanitários, que já chegaram a provocar batalhas entre empreiteiras, envolvendo o uso de ongs de aluguel para pressionar administradores públicos, representavam, até a década passada, problemas de longo prazo para a solução de demandas de curto prazo.

É longa a lista dos aterros que se transformaram em bombas de metano e focos de contaminação e inutilização de áreas habitáveis.

O caso de Itaboraí representa a nova visão do problema, desde que empreendedores educados para a defesa do meio ambiente perceberam o alto valor que pode ter esse tipo de investimento. O conceito contemporâneo deve ser identificado mais com a ideia da produção de energia do que com a do tratamento de resíduos.

Há pouco menos de dez anos, os aterros eram simples depósitos de lixo, raramente selecionados para reciclagem, ocupando áreas que poderiam ter destinação mais adequada, comprometendo a capacidade de expansão imobiliária e dificultando o planejamento urbano. Os contratos das empresas operadoras com o município davam ampla margem para fraudes e empreendedores mais conscientes costumavam passar ao largo desse negócio.

Associados aos programas de destinação segura dos resíduos sólidos, recentemente regulamentados por lei, os novos aterros conjugam a necessidade social do saneamento básico a oportunidades de investimento. A geração de energia é apenas a parte mais visível dos resultados, complementados pela reciclagem de materiais inertes e com postagem de matéria orgânica.

Essas iniciativas mandam para a lata de lixo da história o velho conceito dos lixões, muitos dos quais infelizmente ainda estão operantes pelo Brasil afora, nos locais onde pessoas presas à miséria buscam diariamente os restos da sociedade para suprir suas necessidades básicas. Aterros adequados podem associar a oportunidade de negócio ao benefício ambiental e ainda gerar oportunidades de renda para essas famílias que vivem distantes da cidadania.

O caso representa a nova visão do problema desde que empreendedores educados para a defesa do ambiente perceberam o alto valor que pode ter esse tipo de investimento

Luciano Martins Costa, Jornalista e escritor, consultor em estratégia e sustentabilidade

Artigo originalmente publicado no Brasil Econômico.

EcoDebate, 13/10/2010

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