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Exercícios protegem neurônios cardíacos do envelhecimento

Os ratos foram submetidos a corridas que, para o ser humano, se aproximariam do teste de cooper
Os ratos foram submetidos a corridas que, para o ser humano, se aproximariam do teste de cooper

Estudo enfatiza a importância da atividade física constante para retardar a neurodegeneração relacionada à idade

Uma pesquisa realizada no Departamento de Anatomia do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) em parceria com o Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) constatou que praticar exercícios regularmente protege os neurônios do coração de seu processo natural de envelhecimento. Além disso, pesquisadores observaram que esses mesmos neurônios mudam de tamanho à medida que a idade aumenta.

[Leia na íntegra]O trabalho é de autoria de Eliane Florencio Gama, pós-doutoranda do Laboratório de Anatomia Funcional Aplicada à Clínica e à Cirurgia do Departamento de Anatomia do ICB. Orientada pelo biólogo Edson Aparecido Liberti, a fisioterapeuta trabalhou com ratos de três meses de idade durante dez meses, fazendo-os correr em esteiras cinco vezes por semana, por uma hora. “Geralmente esse tipo de pesquisa dura cerca de três meses, que é um tempo razoável para que o tecido sofra alteração por causa de algum estímulo. Mas nós preferimos fazer um trabalho a longo prazo para saber os seus efeitos durante o período de uma vida toda”, explica Eliane. Os ratos utilizados na pesquisa vivem em torno de dois anos.

“A velocidade a que submetíamos os ratos é algo semelhante a uma corrida para um ser humano”, descreve. A pesquisadora explica que procurou saber quanto o exercício físico podia atrasar os efeitos do envelhecimento e se a perda de neurônios do plexo cardíaco (região acima dos átrios do coração) poderia ser retardada.

Partindo de uma dissertação de mestrado sobre envelhecimento de neurônios cardíacos em ratos, feita em 1999 no próprio ICB, Eliane e Liberti já sabiam que ratos que envelhecem de forma natural, sem praticar exercícios físicos constantemente perderiam cerca de 70% dos neurônios do coração. Porém, ao analisar o plexo cardíaco dos animais que correram na esteira, percebeu-se que a perda de neurônios na região não aconteceu. “Estatisticamente, essa perda não foi significante. Isso já é um ganho, uma vez que um dos problemas do envelhecimento são as perdas”, diz Eliane.

Alteração física
Além dessa conclusão, Eliane conta que o tamanho dos neurônios do plexo cardíaco dos ratos também era diferente, levando em consideração a prática de exercícios. Os animais que não praticaram atividade física apresentaram neurônios maiores. “Quando se tem uma perda tecidual como essa, a tendência é que o corpo ocupe os espaços dos tecidos perdidos aumentando o tamanho dos neurônios que ainda estão ativos.”

No caso dos ratos praticantes de exercícios, em que não houve perda significativa de neurônios no plexo cardíaco, havia uma grande quantidade de neurônios menores. “O que sabemos é que os neurônios menores têm maior excitabilidade, ou seja, respondem melhor diante de um estímulo em relação aos maiores.”

Essa diferença é importante no equilíbrio da atividade cardíaca. “Se uma pessoa precisa, por exemplo, correr atrás de um ônibus e não tem o hábito de praticar atividades físicas, ela ficará mais cansada por muito mais tempo, mesmo estando em repouso logo depois de correr. Isso é explicado porque os neurônios cardíacos dessa pessoa são maiores e demoram mais tempo para responder às ordens do sistema nervoso central que dizem que o coração já pode diminuir a frequência cardíaca. Quando a mesma situação acontece com uma pessoa habituada a fazer exercícios, os estímulos do sistema nervoso central são recebidos por neurônios menores, que respondem rapidamente e normalizam os batimentos cardíacos.”

A pesquisadora atenta para uma vida mais saudável. “O envelhecimento é natural. Ter rugas, perder músculos, ter ossos mais frágeis é uma realidade. Mas ainda assim, todos queremos ter nossa independência e funcionalidade sem depender de ninguém. E a estratégia para isso é o exercício físico.”

A pesquisa feita no ICB teve a colaboração do professor Romeu Rodrigues de Souza, ex-professor do Departamento de Anatomia do ICB e de Wilson Jacob Filho e José Maria Santarém, do departamento de Geriatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP).

Reportagem de Rafaela Carvalho, da Agência USP de Notícias, publicada pelo EcoDebate, 04/10/2010

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