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Sementes crioulas: Agricultura ecológica preserva mais de vinte variedades de milho

milho crioulo

Nos últimos 50 anos, a monocultura, a produção em larga escala e a introdução de produtos sintéticos nas plantações alteraram a diversificação agrícola e, consequentemente, a alimentação. Hoje, o trigo, o arroz, o milho e a soja representam 85% do consumo de grãos no mundo. Enquanto isso, há mais de 10 mil espécies de plantas comestíveis, das quais muitas precisam ser resgatadas. No interior do Rio Grande do Sul, agricultores trabalham para garantir a diversidade do milho.

O grão que a maioria das pessoas está acostumada a consumir é um tipo híbrido, resultado do cruzamento de diferentes variedades para aumento da produtividade. Na natureza, porém, existem dezenas de outros tipos, como preto, roxo, vermelho, branco e mesclado. As sementes dessas espécies são denominadas “crioulas”. São nativas e foram conservadas pelos produtores rurais ao longo dos anos.

[Leia na íntegra]Em Ibarama, na região central do RS, várias famíilas mantinham a tradição de cultivar as espigas pouco conhecidas em pequena escala. Para reforçar essa produção, os agricultores iniciaram a preservação e a troca de sementes entre as propriedades. Incentivados pela Emater/RS-Ascar, os produtores do município criaram o grupo dos “guardiões das sementes crioulas”. Vinte e três agricultores rurais preservam as sementes e promovem a distribuição das quase trinta variedades, entre elas bico-de-ouro, brancão, brazino, dente-de-ouro-roxo, palha fina, sabuguinho, tunicado, lombo baio e vermelhão. Uma vez por ano, acontece um dia de troca das sementes entre os mais de cem produtores da região. Em 2010, o evento ocorre no dia 13 de agosto.

“Evitamos que se perdesse esse material, evitamos a erosão genética das sementes”, conta o técnico agrícola da Emater, Giovane Vielmo, um dos coordenadores do projeto. “O material estava sumindo e possibilitamos a continuidade do cultivo”. Giovane destaca a amplitude do resgate já alcançada. Além de premiações em nível nacional, a iniciativa ganhou destaque no ramo da pesquisa. “Despertamos o interesse de universidades e de institutos como a Embrapa, que vêm a Ibarama buscar informações e o melhoramento das sementes crioulas. Antes, as portas estavam fechadas para a valorização dessas sementes”. O projeto também resultou na Festa Estadual do Milho Crioulo – a terceira edição está marcada para abril de 2011, em Ibarama.

Vantagens
As sementes crioulas são mais resistentes e dependem menos de insumos, pois são adaptadas às características do local de onde são nativas. Para o ambiente, o benefício é a manutenção da biodiversidade. Além disso, o cultivo contribui com o fortalecimento da agricultura familiar. Os diferentes grãos viram artesanato e enriquecem a gastronomia, dando orgiem a novas receitas culinárias. “A família inteira se envolve”, ressalta Giovane.

Reportagem do Portal Vida Orgânica, publicada pelo EcoDebate, 22/09/2010

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