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Editorial

É fácil ser ecocético, difícil é assumir as responsabilidades, por Henrique Cortez

Henrique Cortez

[EcoDebate] Aos menos desatentos não é difícil perceber que passamos por momentos difíceis e delicados, não apenas em termos ambientais como também em termos humanitários.

No entanto, não são poucos que se sentem confortáveis e seguros no papel de ecocéticos, ora negando a crise ambiental, ora ‘duvidando’ do aquecimento global e, muitas vezes, até fazendo de conta que a grave crise alimentar que assolou o planeta entre 2007 e 2008 não aconteceu e não acontece.

É fácil ser cético porque basta negar e nada mais. Quem nega a priori nada precisa provar ou demonstrar. A simples negativa se justifica por si mesma. Simples assim.

Ao contrário, os mais de 2500 pesquisadores do IPCC e mais de 500 trabalhos científicos publicados nos últimos dois anos demonstram à exaustão os fatos comprováveis do aquecimento global e das mudanças climáticas.

O conhecimento científico sobre as mudanças climáticas já é tão forte e avassalador que nem mesmo o governo dos EUA foge das evidencias.

O conhecimento científico relativo ao aquecimento global e as mudanças climáticas vem, ao longo dos últimos 10 anos, tornando-se cada vez mais consistente exatamente em razão deste processo de desenvolvimento do conhecimento.

Existem opiniões céticas em relação ao aquecimento, mas elas são isoladas e com grandes diferenças de conceitos e métodos de pesquisa e documentação científica.

Os estudos do IPCC, com a efetiva participação de mais de 2500 cientistas e mais de 600 instituições (universidades e centros de pesquisa) utilizam modelos matemáticos com quase mil variáveis e fatores de análise.

Além disto, nos últimos 5 anos, foram publicados mais de 500 trabalhos científicos, efetivamente documentados, com resultados, métodos e instrumental revisados por pares.

Os modelos matemáticos estão em permanente evolução, incorporando novos dados e fatores de análise. É uma excelente demonstração do conhecimento em construção.

Assim estamos falando de um enorme e e cientificamente consistente resultado demonstrável e comprovável.

Os céticos do aquecimento possuem pouquíssimos trabalhos publicados e, em geral, sem revisão por pares (peer review, em inglês) . Podem até acreditar duvidar que o aquecimento global e as mudanças climáticas não são devidas aos fatores antropogênicos, mas não conseguem provar que não é.

Além do mais, utilizam fatores isolados ou poucas variáveis, o que permite concentrar os resultados em direção ao foco desejado.

No fundo, a questão essencial é: vale a pena correr o risco?

Aos que acham que tudo isto é bobagem sugerimos que acessem as nossas tags “aquecimento global”, “mudanças climáticas” e “pesquisa” .

As fontes de informação, descritas nas tags citadas, são mais do que suficientes para oferecer uma detalhada visão destas crises, que se agravam a cada dia. Os ecocéticos podem não aceitar quaisquer informações contrárias à sua posição cômoda e sem sustentação científica, mas não podem negar que as informações existem à exaustão.

Respeito o direito de opinião e o direito de questionar o aquecimento, mas, na minha opinião, negar as evidencias cientificas do aquecimento global, a partir de fatores ou eventos isolados e não apresentar estudos e pesquisas com o volume, densidade e abrangência relativamente proporcional ao apresentado pela comunidade científica internacional é uma grosseria e um desrespeito para com a ciência e para com a sociedade.

Negar o aquecimento é fácil, difícil é documentar e comprovar cientificamente as bases da negativa.

Não que faça alguma diferença, porque os ecocéticos já acharam o seu ‘nicho ecológico’, na confortável opção pelo comodismo e pela alienação.

Henrique Cortez, henriquecortez{at}ecodebate.com.br
coordenador do EcoDebate.
batendo bumbo...

EcoDebate, 18/08/2010

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3 thoughts on “É fácil ser ecocético, difícil é assumir as responsabilidades, por Henrique Cortez

  • Não estou nem um pouco interessado num discussão para “provar” isto ou aquilo, como disse bem o Toepfer, antigo ministro de meio-ambiente da Alemanha e hoje vice-presidente da Welthungerhilfe (ação mundial contra a fome) “estamos assistindo à uma crescente superposição de desastres naturais e de consequências da ação humana”. É isso aI, cada um pode dar o peso aos dois fatores que lhe convier, mas que está acontecendo algo não se pode negar.
    A Muenchner Rueck, a maior empresa mundial de resseguros, segundo ela mesma com o maior banco de dados no mundo, afirma que os desastres aumentaram em frequência e intensidade.
    Não vale a pena arriscar, e se não pudermos reverter as coisas, mitigar a gente deve no que possível for.
    Eu, tu, eles tem filhos, netos, podemos arriscar uma posição “vai dar tudo certo” ou ” a ciência vai dar um jeito”??? Podemos?!

  • Arnaldo Malinski

    É facil ser Ecocético?

    Ao contrário, não é nada fácil.
    Fácil é ser Ecocatastrófico.

    As pessoas que tentam tratar o assunto de maneira científica são taxadas como “céticos”, são acusados de receber dinheiro de grandes petroferas, quando todo mundo sabe que as empresas de petróleo pagam, na verdade, as ONGs.

    2.500 cientistas afirmam o que mais de 31.000 discordam, dentre eles mais de 11.000 Phds.

    Para quem lê bem em inglês:

    “We urge the United States government to reject the global warming agreement that was written in Kyoto, Japan in December, 1997, and any other similar proposals. The proposed limits on greenhouse gases would harm the environment, hinder the advance of science and technology, and damage the health and welfare of mankind.

    There is no convincing scientific evidence that human release of carbon dioxide, methane, or other greenhouse gasses is causing or will, in the foreseeable future, cause catastrophic heating of the Earth’s atmosphere and disruption of the Earth’s climate. Moreover, there is substantial scientific evidence that increases in atmospheric carbon dioxide produce many beneficial effects upon the natural plant and animal environments of the Earth.

    This petition has been signed by over 31,000 American scientists.”

    Pois bem. Uma coisa é dizer que ocorrem eventos climáticos importantes, e que isso trás prejuízo, outra é dizer que o ser humano é responsável.

    Ainda que sejamos responsáveis devemos, antes de impormos restrições a economia de um país, verificar qual é exatamente a causa.

    A questão é muito mais complexa do que está sendo veiculado.

    Estão agindo com a emoção, devemos dar valor à razão em momentos de críse como estes, sob pena de cometermos grandes injustíças.

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