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Saiba mais: Como se obtém transgênicos, artigo de Roberto Naime

[EcoDebate] A grande maioria das plantas transgênicas até agora produzidas (ZANETTINI, M. H. B & PASQUALI, G. Plantas Transgênicas. Uma nova ferramenta para o melhoramento genético vegetal. Ed. UFRGS 2000), utilizou o sistema Agrobacterium; ou a transferência direta de genes para protoplastos ou o método de bombardeamento com microprojéteis.

O sistema Agrobacterium utiliza bactérias que existem nos solo e que se associam as plantas causando tumores. Isto ocorre porque as bactérias são capazes de inserir seus próprios genes no genoma da planta. São uma espécie de câncer das plantas.

Os genes transferidos estão codificados no DNA de um grande plasmídio (que nada mais é do que uma molécula de DNA extra-cromossômica, com capacidade de duplicação autônoma, que no colégio nos ensinavam como um tipo de partenogênse). Depois, um segmento deste plasmídio, chamado T-DNA é transferido da bactéria para as células da planta hospedeira, integrando-se ao seu genoma. (Se fosse no câncer, seria a inoculação de uma só célula que produziria toda a doença até a metástase).


A expressão dos genes da bactéria agora dentro da planta, resultam na síntese de auxinas e citocininas (que são hormônios sexuais vegetais, como o progesterona e testosterona são hormônios sexuais humanos), que levam à formação de tumores e de aminoácidos modificados, que são substâncias necessárias para a sobrevivência da bactéria.

Se os genes responsáveis pela formação de tumores forem removidos, qualquer gene de interesse poderá ser colocado em seu lugar, e através do mecanismo ou sistema mediado pela bactéria, ser integrado no genoma da planta, e assim produzir o melhoramento que se espera.
Esta primeira forma de obtenção de transgênicos utiliza a capacidade de produzir câncer vegetal de uma bactéria. Quem já viveu um caso de câncer na família começa a refletir mesmo sem querer.

Quanto interferem os desequilíbrios hormonais na redução da capacidade imunológica, pois afinal a primeira coisa que acontece no câncer vegetal, usado na transgenia, é a interação com o sistema hormonal sexual das plantas? Quanto é responsabilidade de stress, produtos químicos e fatores de poluição ambiental?
O segundo processo é a transferência direta de genes para protoplastos. (que são células vegetais das quais são extraídas as paredes celulares). Para transferência dos genes os protoplastos são incubados em soluções que contem os genes a serem incorporados. Em seguida, um choque elétrico de alta voltagem é aplicado por um curtíssimo período de tempo. O choque causa uma alteração da membrana celular promovendo a abertura temporária dos poros, que permite a penetração e integração dos novos genes ao genoma da célula vegetal hospedeira.

No terceiro e último processo, há um bombardeamento com microprojéteis. Este método consiste em aderir moléculas de DNA sobre micropartículas de ouro e tungstênio, e com o auxílio de um aparelho de pressão, produzir aceleração destes projéteis contra um tecido alvo ao qual quer se adicionar o gene.
As partículas penetram na parede celular e são depositadas dentro das células, resultando na transformação das células individuais pela incorporação no genoma da planta que se quer melhorar, dos genes introduzidos pelas micropartículas aceleradas em alta pressão.

A primeira aplicação comercial deste processo foi em 1982, na produção de insulina humana para tratamento de diabetes. Para fornecer insulina em quantidades necessárias para o uso medicinal, foi isolado o gene que produz insulina humana e transferido para uma bactéria que passou a ser a produtora artificial da insulina.

Tudo parece complexo, parece um filme de ficção científica, mas é tudo simples, compreensível e totalmente lógico. Encerramos com um exemplo dignificante de como esta tecnologia é útil na melhoria da qualidade de vida humana.

Mas temos plena consciência que o uso desta tecnologia de forma descontrolada pode ser muito perigoso e danoso à vida humana e ao meio ambiente em geral e muitas obras de ficção científica tem se inspirado nesta periculosidade, conforme assistimos a todo momento no cinema e televisão.

Roberto Naime, Professor no Programa de pós-graduação em Qualidade Ambiental, Universidade FEEVALE, Novo Hamburgo – RS, é colunista do EcoDebate.

EcoDebate, 20/07/2010

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3 thoughts on “Saiba mais: Como se obtém transgênicos, artigo de Roberto Naime

  • Matèria importantìssima porque poderia nos levar a descobrir que a MONSANTO ( e a Down Chemical com suas sucursais no Brasil, a ser AGRIPEX, SYNGENTA, NUFARM etc.)utilizaria o mesmo sistema para seus OGM (Organismos Geneticamente Modificados) se utilizando do mesmo material utilizado no produto 2,4,5-T que trasnforma o herbicida

  • (continua comentario anterior)
    NUFARM 2,4-D ou U-46 etc. em desfolhante “manipulando” ou “perfumando” ilegalmente o produto 2,5-T constituindo-se assim o 2,4,5-T = AGENTE LARANJA . Estou tentando esclarecer isso com aquilo que aconteceu e està acontecendo na TERRA DO MEIO (PA) e no Maracanaù (CE) onde hà um estoque na fàbrica da NUFARM de 2.300.000 litros de 2,4-D “adulterado”: com que?
    Padre Angelo Pansa

  • Avrei piacere approfondire questo argomento con qualcuno della Commissione Pontificia della Scienza dato che dal mese scorso ho iniziato una serie di attività ibn Brasile con l’appoggio dell’ ICEF, della Pontificia Commissione Giustizia e Pace,di Bioforest, della Conferenza Episcopale e di tanti altri e sopratutto dal proninciamento del Santo Padre Benedetto XVI nella Enciclica “Caritas in Veritate” che vorrei ringraziare a nome delle Popolazioni Indigene, dei “Senza-Terra”, dei piccoli coloni dell’Amazzonia, dei pescatori e abitanti del rio Paraiba e di tanti altri.
    Padre Angelo Pansa.

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