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Escola Latino Americana de Agroecologia leva novas técnicas a pequenos produtores e incentiva intercâmbio cultural

O incentivo à trocar das experiências que cada um traz do movimento a que pertence é uma das práticas da Escola Latino Americana de Agroecologia, na Lapa (PR).

A escola faz parte da rede de Institutos de Agroecologia Latino Americanos (Ialas), que tem unidades no Brasil, no Paraguai e na Venezuela. Atualmente está sendo criada uma escola na Amazônia e há projeto para uma unidade no Haiti.

O projeto, implantado em 2005, surgiu como um dos resultados das Jornadas de Agroecologia, que há nove anos reúnem de 3 mil a 4 mil pequenos agricultores no sudoeste do Paraná. Também participam das atividades estudantes, técnicos, representantes de organizações sociais de vários estados e de países da América Latina.

O curso já está na terceira turma e desta vez atende jovens do Haiti, da República Dominicana, do Equador, do Paraguai e da Colômbia, além de estudantes de outros estados brasileiros. Atualmente, 70 pessoas frequentam a Escola Latino Americana de Agroecologia, na Lapa (PR). O projeto funciona no assentamento Contestado, onde vivem 108 famílias, cerca de 400 pessoas.


“É um espaço também de intercâmbio de culturas e saberes. A maior dificuldade inicialmente é o idioma. Nessa terceira turma, na etapa preparatória serão ministradas aulas de português e de espanhol”, disse Priscila Facina, da coordenação pedagógica da escola, em entrevista à Agência Brasil. Ela lembra que foi no Paraná que surgiu o primeiro curso superior de agroecologia.

“Atendemos apenas pessoas que são vinculadas a um movimento social da Via Campesina”, explica a coordenadora. No Brasil, a Via Campesina engloba vários grupos como O Movimentos dos Trabalhadores Rurais sem Terra, o Movimento de Atingidos por Barragens e a Comissão Pastoral da Terra, por exemplo.

O curso, uma parceria com o Instituto Federal do Paraná (IFPR), já formou 80 pessoas. Segundo Priscila Facina, a metodologia de alternância, usada na educação no campo, com um período na escola e outro na comunidade de origem, tem proporcionado bons resultados.

“Eles têm tarefa do curso para cumprir. Experiências agroecológicas, pesquisas com as famílias, monografia, estágios. Tudo é feito no tempo [em que estão na] comunidade”.

Uma parte dos recursos destinados ao projeto vem do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera), e a é composta por doações dos movimentos sociais envolvidos. O catarinense Leonel dos Santos, 25 anos, diz que tem grande expectativa com o curso.

“O modelo capitalista está infiltrado no campo, o agronegócio visa o lucro e se fortalece, então nós temos que nos organizar, adquirir conhecimentos que nos permitam esse confronto. Estamos aprendendo uma nova matriz tecnológica para levar aos companheiros campesinos”.

Luiz Coicue, 18 anos, mora em uma reserva indígena da Colômbia e diz que sua comunidade aguarda com ansiedade as novidades que ele levará da escola. “Ainda fazemos agricultura artesanal e agora vou levar tecnologia para a comunidade”.

Leonel, Luiz e seus companheiros de curso participaram da 9 ª Jornada de Agroecologia, que reúniu cerca de 3 mil pessoas.

Reportagem de Lúcia Nórcio, da Agência Brasil, publicada pelo EcoDebate, 24/05/2010

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