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Artigo aponta significativa redução de mortalidade infantil por causas evitáveis

As ações de promoção à saúde vinculadas a ações de atenção a saúde auxiliam o declínio da mortalidade infantil em 56,5% (Foto: Jornal Vicentino)
As ações de promoção à saúde vinculadas a ações de atenção a saúde auxiliam o declínio da mortalidade infantil em 56,5% (Foto: Jornal Vicentino)

Pesquisadores do Ministério da Saúde (MS), da Universidade de Brasília (UnB) e da Universidade de São Paulo (USP) avaliaram as tendências dos coeficientes de mortalidade por causas evitáveis em menores de 1 ano no país, ou seja, o número de óbitos que poderia não ter ocorrido por prevenção ou tratamento e pela presença de serviços de saúde efetivos. A pesquisa [Mortes evitáveis em menores de um ano, Brasil, 1997 a 2006: contribuições para a avaliação de desempenho do Sistema Único de Saúde], publicada na revista Cadernos de Saúde Pública da Fiocruz, apontou que as causas reduzíveis de mortalidade apresentaram um declínio de 37% entre os anos de 1997 e 2006. Os dados ainda indicaram que a mortalidade por adequada atenção ao parto diminuiu em 27,7% e por adequação às necessidades do recém-nascido em 42,5%. No entanto, no que se refere à atenção à gestação, a mortalidade fetal ou infantil sofreu um aumento de 28,3%.

“O conceito de morte evitável parece apropriado para o monitoramento e avaliação dos serviços de saúde, uma vez que a mensuração de indicadores de causas de morte evitáveis beneficia-se da objetividade, da oportunidade, da facilidade e da disponibilidade continuada dos dados, permitindo, por exemplo, análises de tendências temporais e comparações entre regiões e municípios”, afirmam os pesquisadores no artigo. “Os resultados permitiram observar que houve uma atuação positiva dos serviços de saúde no perfil de mortalidade infantil do país”.

A análise, que teve como base o Sistema de Informação de Mortalidade (SIM) e o Sistema de Informação de Nascidos Vivos (Sinasc), mostrou que no grupo de causas reduzíveis por ações de imunização houve uma redução de 75% de mortes no período estudo. As ações de promoção à saúde vinculadas a ações de atenção a saúde auxiliam o declínio da mortalidade infantil em 56,5%. As doenças infecciosas, causas que mais contribuem para este último grupo, contribuíram em sua redução em 66,5% para a diminuição do coeficiente de mortalidade.

“Houve uma redução de 47,7% do coeficiente de mortalidade das causas reduzíveis por ações adequadas de diagnóstico e tratamento. As causas que mais contribuem com esse grupo são as pneumonias com redução de 52,7% do seu coeficiente específico de mortalidade”, comentam os pesquisadores. Além disso, eles acrescentam que, no mesmo período de análise no Brasil, as demais causas de morte infantil que foram consideradas como não evitáveis mostraram certa estabilidade.

No se refere ao aumento do número de óbitos infantis por conta de complicações maternas da gestação, os pesquisadores destacam que, entre tais complicações, uma importante especial deve ser dada à hipertensão e à eclampsia, que em grande parte poderiam ter sido melhor manejadas no pré-natal. “Estas afecções se constituem nos principais fatores de risco para mortalidade neonatal precoce”, dizem os estudiosos. “A ampliação do acesso à atenção pode ter resultado na melhor identificação desses óbitos, porém esta ampliação mostrou-se insuficiente para evitar a ocorrência de óbitos por essas causas”.

Com relação as diferentes dos coeficientes de mortalidade por causas reduzíveis segundo as regiões do Brasil, a redução mais acentuada se deu no Sudeste (42%), seguida pelo Centro-Oeste (36,5%) e pelo Nordeste e Sul, empatadas com 32,4% no período de 1997 a 2007. No Norte, a redução foi mais discreta no mesmo período analisado (28,6%).

Reportagem de Renata Moehlecke, da Agência Fiocruz de Notícias, publicada pelo EcoDebate, 19/05/2010

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