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Ópera ‘Amazonas’ estreia na Alemanha


Cena da ópera ‘Amazonas’. Foto DW

Quase ninguém no Brasil está sabendo: Em Munique estreou nesta última semana a primeira ópera internacional sobre a ameaça da Bacia Amazônica e dos Yanomami.

[Por Norbert Suchanek, para o EcoDebate] Os realizadores deste projeto caríssimo – um projeto com a participação do Instituto Goehte Alemanha, do SESC São Paulo e outros financiadores poderosos como o Banco Alemão e a Petrobras – escrevem: “A destruição do espaço vital da floresta na bacia amazônica avança dramaticamente. Ponto de encontro de caçadores de ouro e etnólogos, protetores do meio ambiente e biopiratas, de defensores dos direitos humanos e barões da droga, de habitantes ribeirinhos desprovidos de posses e senhores de gigantescas plantações de soja, de artistas, políticos, mediadores culturais e teólogos, e de um exército de cientistas, a região amazônica é, simultaneamente, espaço vital para um grande número de grupos indígenas – como os 33.000 Yanomami, que vivem na região fronteiriça entre Brasil e Venezuela.”

A estreia desta ópera aconteceu durante a Bienal de Munique, no dia 8 de maio de 2010. Um dia antes, no evento na sede do Instituto Geothe, em Munique, cientistas, artistas e Davi Kopenawa Yanomami discutiram sobre o presente e o futuro da Amazônia.

Um dos palestrantes foi Danilo Santos de Miranda, Diretor do SESC São Paulo, um dos parceiros deste projeto. No próximo mês de julho, o SESC São Paulo vai fazer a estreia na América Latina. Participante do evento em Munique foi também o vice ministro da Cultura do Governo Lula, Alfredo Manevy. Ele falou que o governo do Brasil quer preservar a diversidade cultural do Brasil e o Davi Kopenawa Yanomami é uma pessoa chave para fazer isso. Para Alfredo Manevy, Davi é o representante de todos os povos indígenas do Brasil.

O cientista Bruce Albert falou neste evento que os yanomamis vivem novamente uma grande ameaça. A ameaça é o preço internacional do ouro! Por fim, Davi Kopenawa deu sua palestra e disse: “Nós Yanomami queremos falar com vocês, brancos. Queremos falar para vocês acabarem com a destruição de nossas florestas. Quando nós yanomami desaparecerem da floresta, a floresta também vai desaperecer.” E isso pode causar gravíssimos resultados pelo mundo.

Um dos realizadores deste projeto é Tato Taborda, compositor brasileiro. Ele falou: “O som da floresta é uma polifonia espacialmente distribuída, onde cada criatura emite seu sinal em faixas de frequência complementares aos de outras espécies. Isso acontece porque todas têm de passar seu gene adiante e superpor seu sinal ao de outra criatura, competidor direto, ou mesmo de outra espécie, e representa um gasto de energia infrutífero e a ameaça de sua continuidade como espécie.” Ele falou também que a música Yanomami não inspirou ele, “mas o som de suas vozes, através da garganta poderosa dos xamãs, é parte dessa polifonia.”

Na sinopse da ópera Amazonas, “Os compositores Klaus Schedl, Tato Taborda e Ludger Brümmer criam diferentes paisagens sonoras. Dessa forma, `Amazônia´ põe em foco três dimensões de um tema decisivo para o futuro global, e lança um olhar no passado, no presente e num possível futuro dessa região.”

A primeira parte é baseada no relato da expedição de Walter Raleigh, “The discoverie of the large rich and bewtiful empyre of Guiana”. Em 1595, Raleigh partiu em expedição com 40 homens para explorar o Orinoco. Ele acreditava que a região designada pelos espanhóis de Eldorado estaria em um local próximo ao atual território dos índios Yanomami. A segunda parte “A queda do Céu” trata da devastação da Amazônia, segundo a interpretação dos Yanomamis do sul, ao redor da aldeia Watoriki. Fonte principal para esta parte foram as conversas com a população indígena e os seus xamãs. O etnólogo Bruce Albert, que atuou como consultor, tradutor e companheiro de trajeto, teve importante participação na criação desta parte. Parte III “A espera da sustentabilidade de um método racional para solucionar o problema climático” tem como elemento central uma mesa de conferência, utilizada como um instrumento áudio visual. Representantes da política, da igreja, da economia e da área científica negociam a questão amazônica, dando início a uma tensa discussão com as vozes da floresta.

“Amazonas – Teatro música em três partes” é uma coprodução da Central do Goethe-Institut em Munique, da Bienal de Munique, do Centro de Arte e Mídia de Karlsruhe (ZKM), do SESC São Paulo, da Hutukara Associação Yanomami e da Ópera Nacional de São Carlos em Portugal. Seus parceiros de cooperação são: a Operadays Rotterdam, a Netzzeit (Viena). O projeto conta com o patrocínio da Fundação Nacional da Cultura, do Programa “Kultur” da União Européia, do Deutsche Bank, do Petrobrás, do Hamburg Süd e da Fundação EDP. Parceiros mídia: ARTE, Deutschlandradio Kultur, Antena 2 e RTP.

A estreia no Brasil de “Amazonas – Teatro música em três partes” será em São Paulo, dia 21 de julho de 2010.

Norbert Suchanek, Jornalista de Ciência e Ecologia, é correspondente internacional do EcoDebate.

Informações:
www.goethe.de/portugal
www.goethe.de/ins/pt/lis/prj/ama/ueb/pt5356286.htm
http://www.goethe.de/ins/pt/lis/prj/ama/tim/tee/ptindex.htm
www.sescsp.org.br

EcoDebate, 14/05/2010

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