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Degelo: Satélite europeu CryoSat analisará as camadas de gelo da Terra

Ilustração do CryoSat em órbita sobre a Terra. Crédito: ESA - AOES Medialab
Ilustração do CryoSat em órbita sobre a Terra. Crédito: ESA – AOES Medialab

O satélite oferecerá dados com precisão de um centímetro sobre as variações da espessura do gelo.

O CryoSat, o satélite mais complexo já criado para analisar as camadas de gelo da Terra, será lançado ao espaço no próximo dia 8, com o objetivo de proporcionar dados úteis para evitar o derretimento dos polos.

O satélite vai realizar uma das seis missões de observação da Terra do programa Planeta Vivo da Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês) e é a ferramenta mais avançada da história para “saber quanto gelo está desaparecendo das calotas polares”, explicou o chefe de manutenção dos satélites do programa, Miguel Canela. Reportagem no Estadão.com.br/Planeta.

A camada de gelo que cobre o oceano Ártico chegou a índices mínimos históricos nos últimos verões e, embora a observação da cobertura de gelo do espaço não seja novidade, “é necessário determinar a variação da espessura do gelo” para entender melhor a mudança climática, diz a ESA.

O CryoSat – nome inspirado na palavra grega ‘kryos’ (frio, ou gelo) – fornecerá informações, por exemplo, sobre a Corrente do Golfo, que provoca um aumento de seis ou sete graus na temperatura na Europa Ocidental “acima do que corresponderia pela latitude”, relata Canela, e que provocaria alterações climáticas caso afetada.

Além disso, o satélite oferecerá dados com precisão de um centímetro sobre as variações da espessura do gelo, que pode alcançar cinco quilômetros na Antártida, e ampliará os conhecimentos sobre a salinidade dos oceanos.

Três meses após seu lançamento a partir da base russa de Baikonur, no Casaquistão, os cientistas poderão conhecer mais sobre o efeito das placas polares como ‘espelho’ das radiações solares e defesa natural contra o aquecimento global.

A superfície clara do gelo permite que parte das radiações solares rebata e retorne à atmosfera, enquanto as zonas terrestres as absorvem, descreve Canela.

O derretimento dos polos, prossegue, dá origem a um círculo vicioso: quanto mais gelo derrete, mais radiações a Terra absorve, mais severa é a mudança climática e mais rapidamente as calotas polares diminuem.

Alguns cientistas opinam que já chegamos ao ponto de não retorno, embora “ainda haja mais otimistas que pessimistas”.

Entretanto, o desaparecimento dos polos, que fazem com que o nível do mar aumente por volta de três milímetros cada ano, não é a única ameaça oferecida pelos polos Norte e Sul.

Em 2007, o degelo da superfície gelada do oceano Ártico fez com que, pela primeira vez na história, a rota marítima do noroeste se abrisse, abrindo um ponto de passagem de mercadorias para os Estados que querem explorar comercialmente o aquecimento global.

No entanto, Canela lembra que, “politicamente falando, ninguém é proprietário do polo Norte”.

Outra batalha será pelo controle dos hidrocarbonetos existentes sob as calotas polares. “Sob a Antártida há, provavelmente, petróleo e gases que podem ser muito interessantes”, conta Canela.

Estes interesses econômicos darão lugar a “grupos de pressão”, acrescenta o cientista, ao advertir que há “regiões do mundo onde (a mudança climática) tem um efeito devastador e outras onde é muito rentável a médio ou longo prazo”.

As estimativas do Instituto de Pesquisas Geológicas dos Estados Unidos apontam que há sob o Círculo Polar Ártico 90 bilhões de barris de petróleo, o suficiente para satisfazer a demanda mundial durante três anos.

Não por acaso, os países que circundam o Oceano Ártico – Rússia, Canadá, Dinamarca (com a Groenlândia, seu território), Noruega e EUA – já disputam o controle da região.

EcoDebate, 06/04/2010

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