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Fazendeiros ameaçam comunidade Guarani que retomou terra tradicional no MS

CIMI

Um grupo de fazendeiros e seus seguranças particulares ameaçaram com vários tiros e cachorros os cerca de 250 Guarani Kaiowá que retomaram, ontem, 25 de novembro, parte de sua terra tradicional (Kurussu Ambá), perto do município de Coronel Sapucaia, no Mato Grosso do Sul. Os episódios de violência ocorreram ontem à noite e hoje pela manhã.

Segundo relato de lideranças da comunidade, no primeiro ataque diversos carros se aproximaram da área retomada pelos índios e foram ouvidos muitos disparos. A comunidade, assustada, se escondeu no mato. Entre os veículos, havia uma viatura do Departamento de Operações de Fronteiras (DOF). No ataque de hoje, também foram usados cachorros para amedrontar os indígenas.

Os Guarani pedem a presença urgente, na área, da Fundação Nacional do Índio (Funai) e do Ministério Público Federal (MPF). A Polícia Federal também não foi verificar a situação na área. Além de proteger os indígenas, a presença da PF é necessária, inclusive, para possibilitar a presença dos servidores da Funai no local, pois a integridade deles também fica ameaçada sem proteção policial.

Em dois anos: mortes e feridos
A área ocupada ontem fica a 5 km da Fazenda Madama, onde, durante um despejo em janeiro de 2007, seguranças particulares assassinaram a rezadeira Julite Lopes, de 70 anos. Até hoje, os responsáveis pelo crime seguem impunes.

A comunidade de Kurussu Ambá está vivendo há 4 anos na beira da Rodovia MS 289 que liga Amambaí a Coronel Sapucaia , onde crianças sequer têm acesso à água potável. Nesse período, além de Julite, foi assassinado, em julho de 2007, Ortiz Lopes, outra liderança. E, segundo denúncia dos indígenas, em maio de 2009, foi assassinado também Osvaldo Lopes. Nenhum inquérito sobre estes assassinatos foi concluído. Outros cinco indígenas da comunidade têm cicatrizes de feridas de balas pelo corpo, pois foram atingidos durante um ataque de seguranças particulares contra o grupo.

Desde 2007, três crianças da comunidade morreram em função de desnutrição, pois a comunidade não tem condições de plantar no espaço em que se encontra e não recebe suficiente alimentação do Estado. O atendimento à saúde também é precário. Os indígenas também denunciam a ação articulada entre fazendeiros e policiais, que armariam situações numa tentativa de criminalizar o povo. “Nós também merecemos respeito e consideração das autoridades nacionais e regionais.”, afirmam as lideranças da comunidade.

Brasília, 26 de novembro de 2009

Informe, 891, do Conselho Indigenista Missionário, publicado pelo EcoDebate, 28/11/2009

Nota do EcoDebate: como informação complementar sugerimos que leiam, também, as matérias:

Guarani Kaiowá ocupam terra tradicional à espera de demarcação em Mato Grosso do Sul

Os crimes de ódio contra indígenas no MS não param, por Henrique Cortez

Kaiowá Guarani: um genocídio silencioso?

Dossiê EcoDebate: Demarcação de terras indígenas no Mato Grosso do Sul

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Cimi denuncia incêndio de moradias de Guarani Kaiowá em Mato Grosso do Sul

Retomada da esperança com os estudos antropológicos para identificação de terras indígenas no MS. Entrevista com Egon Heck

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