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Estudo mostra que jovens consomem álcool influenciados por pais e amigos

Álcool é visto por adolescentes como uma forma de inserção na vida adulta
Álcool é visto por adolescentes como uma forma de inserção na vida adulta

Um estudo da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP) da USP mostra que muitos adolescentes de Feira de Santana, na Bahia, são influenciados pela família e amigos a consumir bebidas alcoólicas. Além disso, foi verificado que a bebida simboliza a transição da infância para a vida adulta.

Segundo dados obtidos pela pesquisadora Sinara de Lima Souza, autora da tese Compreendendo o consumo de bebidas alcoólicas através do olhar d@s adolescentes e professora da Universidade Federal de Feira de Santana (UEFS), apesar de já conhecerem os efeitos da bebida alcoólica no organismo e na vida social, adolescentes costumam consumir a bebida como forma de auto-afirmação e para serem aceitos em seu círculo afetivo. A pesquisa teve a orientação da professora Maria das Graças Carvalho Ferriani, da FSP.

Sinara desenvolveu a pesquisa para conhecer os motivos que levam os adolescentes da cidade baiana à ingestão de álcool e, para isso, em parceria com centros de saúde de Feira de Santana, convidou vários jovens entre 10 e 16 anos para participar de discussões e entrevistas sobre o assunto. Após esse procedimento, a pesquisadora conclui que uma das causas que leva os adolescentes a ingerir álcool é a aceitação e o incentivo dos pais. Segundo Sinara, “a maioria dos entrevistados que participaram da pesquisa tinha um membro próximo na família que consumia álcool. Muitos afirmam que o consumo de bebidas é comum no ambiente familiar e que os próprios pais incitavam os filhos a beber”.

Além disso, de todos os adolescentes ouvidos na pesquisa — mais de 60 participaram, mas apenas 21 adolescentes constituíram sujeitos de estudo —, somente dois disseram que a figura materna exerce influência no consumo de álcool. “Foi observado que, para a grande maioria dos entrevistados, a figura paterna é a responsável por levar e tornar o consumo da bebida alcoólica algo rotineiro. Muitas vezes esse adulto pede para o filho comprar bebidas. Isso mostra ao adolescente que é possível adotar essa prática legalmente proibida para pessoas nessa faixa etária com grande facilidade e passar a agir como adulto”, afirma.

O círculo de amigos e os novos hábitos dos adolescentes também são, para Sinara, aspectos importantes que aceleram e os incitam ao consumo de bebidas alcoólicas. A promoção de encontros em que a bebida é livre, como as festas Open Bar, fazem com que os jovens sintam-se excluídos caso não consumam álcool. “Há intolerância à abstinência. Os adolescentes afirmam que não consumir bebidas alcoólicas faz com que sejam diferentes e causam, muitas vezes, sua exclusão do grupo de convívio”, diz.

Na pesquisa foi observado também que muitos dos adolescentes entrevistados já sofreram agressão física por parte de um parente próximo ou conhecem pessoas que convivem com esse problema, mas eles têm consciência dos malefícios consequentes da ingestão de álcool no desempenho escolar. “Os adolescentes reconhecem os efeitos do álcool na vida social. Não se colocam como vítimas e afirmam que quando bebem ficam mais ousados e vulneráveis a se envolverem em casos sérios de violência. Relatam ainda que muitos não conseguem acompanhar as atividades escolares e que alguns chegam a abandonar a escola”.

Ritual de passagem
Um fator importante relacionado às causas que levam adolescentes a consumirem álcool é a possibilidade de inserção rápida na vida adulta. Segundo Sinara, “há alguns anos a passagem da infância para a vida adulta era bem delimitada, com um baile de debutantes no caso das garotas por exemplo. Tem-se percebido atualmente que o consumo de álcool é visto pelos jovens como algo que faz com que sejam incluídos na fase adulta”.

Para a pesquisadora, o desejo de transgredir regras pré-estabelecidas é forte na adolescência e quando se veem diante de uma possibilidade de testarem seus próprios limites, demonstrando supostamente serem mais maduros e autoconfiantes. Isso acontece desde a compra de bebidas — já que a venda é proibida para menores de 18 anos — até o consumo em uma roda de amigos e familiares.

Mais informações: com a pesquisadora Sinara de Lima Souza; email sinarals{at}eerp.usp.br

Reportagem de Ana Carolina Athanásio, da Agência USP de Notícias, publicada pelo EcoDebate, 27/11/2009

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