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Poluição: Contaminação de fósforo, cobre e mercúrio torna escassos os peixes, aves e anfíbios na região da Billings

Vida no manancial é ameaçada pela contaminação de fósforo, cobre e mercúrio, segundo estudo da Cetesb

Peixes, aves e anfíbios que habitam a Represa Billings correm o risco de desaparecer por causa da poluição por fósforo, cobre e mercúrio, elementos encontrados em altas concentrações, o que vem degradando ano a ano a qualidade desse manancial de 9.600 hectares. Segundo o Índice de Qualidade das Águas para Proteção da Vida Aquática (IVA), elaborado pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), em 2008, na maior parte do corpo do reservatório a água foi classificada como ruim e regular, com exceção do Ribeirão Pires, com qualidade péssima no ano passado. A situação se repete há anos. Reportagem de Eduardo Reina, no O Estado de S.Paulo.

Pescadores reclamam da escassez de tilápias, guarus, lambaris e traíras. Moradores do entorno do manancial, estudiosos e ambientalistas falam do perigo do desaparecimento de quatro tipos de aves em extinção que dependem de áreas alagadas e de várzeas: garça-azul, gavião-asa-de-tilha, carqueja-de-bico-manchado e maçarico-do-campo. No corpo da represa, nos rios e riachos afluentes, são vistas com cada vez menos frequência pererecas, pererecas-verdes e rãzinhas-de-barriga-colorida.

O fósforo é originado do despejo de esgoto in natura no corpo d’água, principalmente na região da cidade de Ribeirão Pires, que tem parte do esgoto doméstico tratada numa estação local que será desativada. Mas a maior parte das residências ainda não está ligada ao sistema coletor da Sabesp. O fósforo degradou em demasia o Ribeirão Pires, um dos afluentes do trecho Rio Grande da Billings.

Nessa situação, a água apresenta alta produtividade de micro-organismos. Com isso, perde transparência, fica com qualidade alterada e propícia para a procriação exagerada de algas. Em 2008, o fósforo apresentou uma concentração média de 0,648 micrograma por litro, segundo a Cetesb. A concentração média dos últimos cinco anos foi de 0,592 mg/l.

E a proliferação de algas por causa dos altos índices de fósforo levou a um outro problema: a concentração de cobre. Esse metal, encontrado no braço do Rio Grande, é proveniente dos produtos utilizados pela Sabesp para controlar a proliferação de algas. É nesse trecho que se faz a captação de água para abastecimento da população.

O IVA mostra que, apesar desses problemas, no Reservatório do Rio Grande e no braço do Taquacetuba houve uma ligeira melhora no índice, quando comparado ao resultado do ano anterior, mas também foi encontrada contaminação.

MAIS POLUIÇÃO

Também foram observadas no Ribeirão Pires concentrações de fenóis totais acima do limite máximo estabelecido pela legislação. Fenóis são compostos orgânicos provocados por despejos de efluentes industriais. São compostos tóxicos aos organismos aquáticos, em concentrações bastante baixas, e afetam o sabor dos peixes e a aceitabilidade das águas por conferir sabor e odor muito pronunciados, em especial os derivados do cloro. Para os seres humanos, o fenol é considerado prejudicial à saúde – a ingestão causa náusea, vômito e dores estomacais.

Apesar da qualidade boa em relação ao IQA, outro metal pesado encontrado durante a elaboração do estudo é o mercúrio, principalmente na bacia de drenagem do Rio Grande. A concentração observada em março de 2008 – 0,2 mg/l – ultrapassou o limite máximo estabelecido por lei, de 0,1 mg/l. Porém, segundo a Cetesb, avaliando-se as concentrações de mercúrio total nesse ponto desde 2005 – ano em que houve uma padronização na metodologia de análise -, observou-se somente uma ocorrência, em março de 2006, de concentração de mercúrio total em desconformidade com a legislação. No ponto da Billings utilizado para abastecimento público, garantem técnicos da Cetesb, não foi observada nenhuma desconformidade com a legislação em relação ao mercúrio total ao longo do ano de 2008.

FÓRMULA

A Cetesb utiliza uma fórmula matemática que tem muitas variáveis para elaborar o Índice de Qualidade da Água (IQA). Trata-se de um indicador de qualidade de águas doces para fins de abastecimento público, obtido a partir de uma fórmula matemática que usa como parâmetros a temperatura, o pH, o oxigênio dissolvido, a demanda bioquímica de oxigênio, a quantidade de coliformes fecais, o nitrogênio, o fósforo, os resíduos totais e a turbidez, todos medidos na água.

A classificação, segundo as faixas estabelecidas pela Cetesb é: ótima (de 80 a 100); boa (de 52 a 79); regular (de 37 a 51); ruim ( 20 a 36) e péssima (0 a 19). Quanto maior o valor do IQA, melhor a qualidade da água. Esse indicador foi adaptado e desenvolvido pela Cetesb, a partir de um estudo realizado em 1970 pela National Sanitation Foundation, dos Estados Unidos.

EcoDebate, 30/10/2009

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