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Estudo do Imazon estima que 76% dos crimes ambientais ocorrem em área protegida

desmatamento na Amazônia, em foto de arquivo
Desmatamento na Amazônia, em foto de arquivo

Já se sabe que muitos crimes ambientais ocorrem dentro de unidades de conservação, como parques e reservas, e de áreas indígenas. Mas um estudo divulgado ontem mostra que, de pelo menos 1.200 infrações na Amazônia ocorridas entre janeiro de 1998 e março de 2008, 76% foram registradas em áreas de proteção integral, ou seja, que não poderiam ser alteradas pelo homem.

Os dados são do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). Segundo o órgão, o número de crimes é subestimado, pois nem todos eles são detectados pelo governo e, em muitos casos, a forma de cadastramento das multas não especifica a sua localização. Reportagem de Afra Balazina, no O Estado de S.Paulo.

Os Estados de Rondônia e Pará somaram 82% dos casos identificados em áreas protegidas. Segundo Paulo Barreto, pesquisador do Imazon e um dos autores do estudo, as áreas mais suscetíveis aos crimes estão próximas das estradas. Por isso, diz o engenheiro florestal, o governo precisa reforçar a capacidade de prevenção e punição dos crimes antes de ampliar a infraestrutura na região amazônica.

“O governo tem melhorado a fiscalização, mas, normalmente, chega atrasado, quando o dano já ocorreu. É preciso uma vigilância mais sistemática”, afirma Barreto.

O desmatamento, a queimada e a exploração de madeira foram as infrações mais comuns. “Normalmente, a detecção dos crimes ocorre em operações especiais. Mas, se os fiscais ficassem mais tempo nas áreas, talvez encontrariam muita caça”, explica ele.

IMPUNIDADE

Lideram o ranking das áreas protegidas com maior valor de multas aplicadas no período avaliado a Reserva Biológica Jaru (Rondônia), a Floresta Nacional de Carajás (Pará) e a Floresta Nacional do Jamanxim (também no Pará). A primeira somou R$ 7,7 milhões em multas, a segunda, R$ 2 milhões e a última, R$ 1,9 milhões.

Os crimes em áreas protegidas continuam existindo em razão da impunidade, de acordo com o estudo do Imazon. O IBAMA concluiu menos de 5% dos casos avaliados no estudo. Cerca de 70% dos casos ainda estavam em análise antes da homologação pelo gerente executivo ou superintendente – metade deles estava nessa fase entre dois e oito anos. Até outubro de 2008 estavam em andamento no IBAMA 37,6 mil processos contra infrações ambientais em todo o Brasil, somando R$ 9,5 bilhões em multas.

Na tentativa de agilizar a cobrança das multas ambientais de alto valor e obrigar a recuperação da área degradada, o IBAMA anunciou neste mês que vai centralizar em Brasília as autuações iguais ou maiores a R$ 2 milhões. Atualmente, elas são avaliadas inicialmente nos Estados onde a infração aconteceu. “As multas maiores correspondem aos danos maiores”, explicou a procuradora-geral do IBAMA, Andréa Vulcanis.

EcoDebate, 25/09/2009

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