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MT: assentados inovam com a criação sustentável de peixe

MT: assentados inovam com a criação sustentável de peixe

A criação de pintado e matrinxã em tanque rede – Projeto Matrinxã – é um dos atrativos da Feira do Produtor, a partir desta sexta-feira (7), em São Félix do Araguaia (MT). A atividade é pioneira no País e transformou-se em modelo de desenvolvimento sustentável e integração de políticas públicas, diretrizes da Operação Arco Verde. Nesta sexta e sábado, será realizado, em São Félix do Araguaia, o Mutirão Arco Verde Terra Legal, o oitavo dos 20 previstos para o Mato Grosso.

A partir do próximo ano, mais 70 famílias do assentamento Mãe Maria, localizado no município, vão produzir alevinos, atualmente adquiridos em Mato Grosso do Sul e Nova Mutum (MT). No assentamento será instalado um laboratório para produção de alevinos e uma unidade demonstrativa de criação em cativeiro de pirarucu, experiência também inédita no País.

Ainda para 2010, está prevista a instalação de uma indústria para beneficiamento do pescado em São Félix do Araguaia, que será explorada pelas famílias do assentamento Olaria e que irá viabilizar a comercialização para outros estados, além de incrementar a criação de peixes.

O projeto

O Projeto Matrinxã teve início, em 2002, com 22 famílias do assentamento Olaria, responsáveis pela criação das espécies em tanque rede, aproveitando a área de inundação do Rio das Mortes, afluente do Rio Araguaia. A experiência deu certo e avançou para a implementação, na região, da cadeia produtiva do peixe.

A ação envolveu assentados, agricultores familiares e pescadores tradicionais. São 92 tanques medindo 1,5m por 1,5m, produzindo cerca de 75 mil peixes, cuja próxima despesca começa no próximo mês de outubro. Além do pintado e do matrinxã, foi iniciada, neste ano, a criação de caranha (da família do pacu).

Com isso, será consolidada a cadeia produtiva do peixe. O assentamento Mãe Maria produzirá o alevino; os pescadores tradicionais e agricultores familiares participam com a engorda; e o assentamento Olaria, além da engorda, participa no processo de industrialização.

Industrializar o pescado é o que as famílias do assentamento Olaria desejam. “Gosto de mexer com o peixe; é uma satisfação fazer algo que não agride a natureza. O nosso sonho agora é vender o peixe congelado para outros mercados”, afirma Domingos de Azevedo, presidente da Associação do Assentamento Olaria.

Políticas públicas

O Projeto Matrinxã é fruto de convênio entre a Superintendência Regional do Incra e o Sindicato de Trabalhadores Rurais de São Félix do Araguaia para a contratação de assistência técnica por meio do programa de Assessoria Técnica, Social e Ambiental (ATES). Os tanques e demais equipamentos para a criação do peixe foram financiados pelo Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA).

Desde 2006, parte da produção do pescado é adquirida pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) por meio do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), que fornece pescado gratuitamente, aos sábados, para 113 famílias de municípios cadastrados no Programa Fome Zero.

No início, a distribuição era de 1 quilo/família por semana. Agora, cada família receberá 2,5 quilos de peixe por semana – cerca de 12 mil quilos/ano. O excedente é vendido no comércio local (limpo, pesado e embalado).

Investimentos

O Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA), por meio de contrato de comodato, viabilizou o kit “Feira do Peixe”, composto por equipamentos como balança eletrônica, facas e caixas térmicas, entre outros. O Ministério também viabilizou uma fábrica de gelo e irá implementar a “indústria do pescado”, cuja capacidade será beneficiar 30 toneladas de peixes por mês. Para a indústria e a aquisição de uma caminhão frigorífico estão assegurados R$ 354,6 mil.

A Fundação Banco do Brasil investiu R$ 376,5 mil no assentamento Mãe Maria para a implementação do laboratório de alevinos. A liberação dos recursos aguarda a obtenção, pelo assentamento, do licenciamento ambiental. Para o desenvolvimento dessa atividade, a Secretaria Estadual de Meio Ambiente concedeu uma licença especial, que é revista a cada três anos para o monitoramento do impacto ambiental.

A Prefeitura de São Félix do Araguaia doou 3,5 hectares de terreno público, distante oito quilômetros do local de criação dos peixes, para a construção das casas das famílias assentadas onde a energia elétrica chegou por meio do Programa Luz para Todos do Ministério das Minas e Energia. As moradias foram construídas por meio de crédito oferecido pelo Incra. E a “indústria do pescado” será instalada na área destinada às residências.

* Informe do Portal do Ministério do Desenvolvimento Agrário, publicado pelo EcoDebate, 08/08/2009

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