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Vazamento de rejeitos na Alunorte: Rio da Amazônia vira ‘mar vermelho’, revela pesquisa da UFPA

Escoamento de efluentes da lama vermelha no rio Murucupi. Foto do Ibama
Escoamento de efluentes da lama vermelha no rio Murucupi. Foto do Ibama

O Laboratório de Química Analítica e Ambiental da UFPA (LAQUANAM) divulgou, neste mês de junho, os primeiros resultados do estudo preliminar dos níveis de contaminação ambiental no Rio Murucupi, que, no dia 27 de maio, foi atingido pelo vazamento de lama vermelha da planta industrial da Alunorte, localizada em Barcarena.

A equipe de pesquisadores da Faculdade de Química da UFPA esteve no local no dia 29 de maio coletando amostras de água, do solo, de sedimentos, de peixes e de plantas. Os resultados das análises da qualidade da água já estão prontos e foram entregues à Delegacia do Meio Ambiente (DEMA) para fazerem parte do inquérito que investiga as causas e as responsabilidades sobre o vazamento.

A professora Simone Pereira, coordenadora do LAQUANAM e responsável técnica pelo estudo, explica que os índices de cloreto, a turbidez da água, os níveis de oxigênio dissolvidos no ambiente aquático e a concentração de metais, como ferro, alumínio, cádmio e cobre, não estão em conformidade com os parâmetros estabelecidos pela legislação ambiental, a resolução 357/05 do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA).

“Os peixes são utilizados como bioindicadores dos ecossistemas aquáticos e sua mortandade sinaliza um grande desequilíbrio ambiental que pode prejudicar, seriamente, a saúde e as atividades econômicas do homem”, afirma a química. No caso do Rio Murucupi, entre as prováveis causas da morte dos peixes, a pesquisa indica: o aumento da tubidez da água, causada pela presença da lama vermelha; a presença de alumínio solubilizado pelo aumento do pH, o que mata os animais sufocados ou o excesso de cobre na água, que, em doses elevadas, é extremamente nocivo.

Para Simone Pereira, os estudos sobre a presença do cloreto de sódio, o sal de cozinha, na água são importantes para sinalizar o que ocorreu no Rio Murucupi. “Os altos valores encontrados para cloreto de sódio indicam o uso do HCl (ácido clorídrico) como agente neutralizante da soda cáustica (NaOH), presente no processo de produção da alumina. Essa tese é reforçada pelo pH neutro (pH em torno de 7) encontrado no Rio Murucupi que, normalmente, apresenta características ácidas (pH em torno de 5) e pelos estudos de correlação e PCA”. E acrescenta: “a alta salinidade do rio pode interferir no crescimento da vegetação aquática e causar problemas de saúde e os índices ali encontrados são equivalentes à quantidade de sal presente em uma região de estuário, onde as águas do rio e do mar se encontram. Não são comuns em um rio de água doce em plena bacia amazônica”.

A pesquisadora destaca os problemas de saúde que podem ser causados pelo vazamento, devido aos elevados índices de metais na água. “A presença do alumínio no organismo humano pode provocar a doença de Alzheimer. O Cádmio é um metal com potencial tóxico que pode provocar no homem disfunção renal, hipertensão, arteriosclerose, inibição no crescimento, doenças crônicas em idosos, a doença conhecida por Itai-Itai e até câncer. O Ferro livre é tóxico porque sua presença e concentração têm papel importante no controle e transporte entre as células e no armazenamento de substâncias dentro delas”.

Clique aqui e acesse o relatório parcial da UFPA sobre o vazamento de lama vermelha no Rio Murucupi, em Barcarena.

* Texto de Glauce Monteiro, da Ascom UFPA, publicada pelo EcoDebate, 30/06/2009.

** Matéria indicada por Rogério Almeida, colaborador e articulista do EcoDebate

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