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RJ inicia a descontaminação do terreno da Companhia Ingá Mercantil, um dos maiores passivos ambientais do estado

Foto aérea da Implementação do passivo ambiental da Ingá Mercantil. Foto de Marcelo Horn
Foto aérea da Implementação do passivo ambiental da Ingá Mercantil. Foto de Marcelo Horn

Um dos maiores passivos ambientais do Estado do Rio está próximo de ser solucionado definitivamente: O Governo do Estado e a Usiminas reiniciam nesta sexta-feira (05/06), Dia Mundial do Meio Ambiente, o processo de descontaminação do terreno onde funcionou a Companhia Ingá Mercantil, no município de Itaguaí. Para marcar o prosseguimento dos trabalhos, a Usiminas fará a demolição das paredes do galpão onde era estocado o minério, com auxílio de escavadeiras. O governador Sérgio Cabral e a secretária estadual do Ambiente, Marilene Ramos, acompanham a demolição.

Participam ainda do evento, o prefeito de Itaguaí, Carlo Busatto (Charlinho), o presidente do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), Luiz Firmino Martins, e o vice-presidente e o diretor de mineração da Usiminas, respectivamente Omar Silva Junior e Juarez Rabello.

Após a falência da Companhia Ingá Mercantil, há cerca de 11 anos, a área foi abandonada com grande quantidade de água contaminada com metais pesados, formando uma “bacia” de 260 mil m². Parte vazou, afetando as águas da Baía de Sepetiba. O Governo do Estado, por meio da Secretaria Estadual do Ambiente (SEA), juntamente com o então síndico da massa falida, Jarbas Barsanti, iniciaram a descontaminação do terreno da massa falida da Ingá Mercantil, em setembro de 2007.

Na época a Feema, hoje Inea, formatou a instrução técnica para despoluição da área e a primeira fase do trabalho foi realizada sob consultoria da PUC/RJ (Pontifícia Universidade Católica) e da Coppe/UFRJ (Coordenadoria de Programas de Pós Graduação em Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro). Os recursos necessários, de R$ 900 mil, foram disponibilizados pela massa falida. Em junho do ano passado, o terreno foi arrematado, em leilão, pela Usiminas por R$ 72 milhões.

A Usiminas concluirá a descontaminação do terreno e efetuará o envelopamento dos resíduos tóxicos restantes, processo este que impedirá a contaminação do solo e da água de forma definitiva. A empresa empreendeu estudos, nos últimos meses, para a consecução do projeto de remediação ambiental com investimentos da ordem de R$ 40 milhões.

No local, a Usiminas construirá um terminal portuário para suprir suas necessidades de exportação de minério de ferro, com investimentos estimados em R$ 1 bilhão. Com previsão para entrar em operação entre fins de 2013 e início de 2014, o terminal deverá gerar cerca de 500 empregos diretos durante sua construção. Quando as operações iniciarem, serão gerados 230 empregos diretos e outros 100 indiretos.

Histórico

No terreno da mineradora Ingá Mercantil, que faliu em 1998, foram abandonados 390 mil m³ de efluentes líquidos, formando uma bacia com 260 mil m². Parte vazou, contaminando as águas da Baía de Sepetiba. O processo de solução foi idealizado pela Secretaria Estadual do Ambiente e o projeto de descontaminação foi realizado por equipe técnica formada por professores da PUC/RJ e da Coppe/UFRJ.

O projeto de recuperação, iniciado pelo Governo do Estado, por meio da SEA, compreende a instalação de uma barreira hidráulica para contenção do fluxo do lençol freático, o tratamento dos efluentes líquidos retirados, a implantação de um sistema de monitoramento da área e o descomissionamento da área da planta industrial e acondicionamento seguro da água contaminada do reservatório da Ingá Mercantil.

Em junho de 2008, o terreno foi arrematado, em leilão, pela Usiminas. O edital do leilão estabelece que o comprador conclua definitivamente o processo de descontaminação do terreno, orçado em R$ 40 milhões, além de efetuar o envelopamento dos resíduos tóxicos restantes, processo que impedirá a contaminação do solo e de água de forma definitiva.

Com a construção da rodovia Arco Metropolitano, ligando os municípios de Itaboraí e de Itaguaí, junto ao Porto de Sepetiba, a área da Ingá se transformará em local extremamente valorizado, sendo importante para o desenvolvimento econômico do estado.

Cronologia

1977 – A Ingá Mercantil recebeu a primeira intimação de órgão ambiental para apresentar projeto de tratamento de suas águas residuais, pois foi comprovada a presença de metais pesados em seus efluentes líquidos.

1984 – A Ingá lançava seus efluentes líquidos na área de mangue da Baía de Sepetiba quando, por determinação de órgão ambiental, construiu um dique para conter os resíduos sólidos e líquidos, sendo cessados estes lançamentos.

1991 – A área de estocagem de rejeito chegou a ter 25 m de altura, o que provocou rupturas no solo mole que enfraqueceu a parede externa do dique, aumentando sua instabilidade. Neste mesmo ano, também teve início a operação da Estação de Tratamento de Dejetos (rejeitos) para tratamento da água oriunda do dique de contenção.

1997/1998 – Falência da Ingá Mercantil, quando foram abandonados efluentes líquidos, formando uma bacia de 260 mil m². Parte vazou para a Baía de Sepetiba.

2003 – Justiça Federal decretou intervenção na área de interesse, pois desde 1997 nada havia sido feito para solucionar o problema.

2004 – A Serla, hoje Inea, recuperou o dique de contenção. Porém, houve nova ruptura com vazamento do rejeito.

2005 – O dique permaneceu cheio, principalmente por falta de capacidade de tratamento e vazou novamente, sem ruptura do reforço executado.

2008 – Terreno foi arrematado pela Usiminas.

* Informe do Boletim Eletrônico SEA/ASCOM n.º 48

[EcoDebate, 05/06/2009]

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