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Estudo das espécies nativas da região metropolitana de Porto Alegre revela potencial alimentício e econômico

Pouco se tem estudado sobre as potencialidades das espécies nativas do país. Atualmente, agricultores são incentivados pelas esferas governamentais a cultivar espécies exóticas em sistema de monocultura, o que empobrece o solo, diminuindo sua vida útil. No entanto, os gastos com esses cultivos podem ser altos e desvantajosos, se comparados com os benefícios da produção de plantas nativas.

Um estudo realizado pelo biólogo Valdely Ferreira Kinupp comprova o potencial alimentício e econômico de muitas espécies de plantas espontâneas ou silvestres. Elas geralmente são chamadas de ‘daninhas’, ‘inços’, ‘matos’ e outras denominações reducionistas ou pejorativas, pois sua utilidade é desconhecida pela população.

O biólogo mostra os resultados da sua pesquisa em oficinas de Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC) para assentados do INCRA em Nova Santa Rita, com recursos do PNUD e CONAB (MAPA), coordenado pela nutricionista Irany Arteche, no que se poderia caracterizar como “Biodiversidade pela boca”. Nesta semana, no Sítio Capororoca, no bairro Lami, no extremo sul da Capital gaúcha, foram iniciadas as atividades e demonstrações quanto a pelo menos meia centena de espécies vegetais nativas e espontâneas que ali são mantidas e cultivadas sob a coordenação da agrônoma Silvana Beatriz Bohrer.

A oficina foi direcionada principalmente aos assentados pela reforma agrária em Nova Santa Rita. O estudo foi objeto da tese de doutorado do biólogo que mais conhece o tema no Brasil, intitulada “Plantas alimentícias não-convencionais da região metropolitana de Porto Alegre” pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Valdely explica que, no Brasil, não se conhecem estudos sobre o percentual de sua flora alimentícia e poucas espécies nativas foram estudadas em relação à composição bromatológica e avaliadas sob o aspecto sensorial e fitotécnico. Para tanto, ele realizou consultas aos herbários da região metropolitana e revisões bibliográficas exaustivas, tanto do aspecto florístico, quanto da literatura sobre plantas utilizadas na alimentação humana.

Com a pesquisa, estimou-se a riqueza florística da região metropolitana de Porto Alegre em 1.500 espécies nativas, sendo que 311 delas (21%) possuem potencial alimentício. Dessas, 153 (49%) são acréscimos à maior listagem mundial do tema e 253 (76%) foram consumidas e/ou experimentadas durante a pesquisa.

O biólogo avalia que o estudo mostrou o inequívoco potencial alimentício de um número significativo de espécies autóctones – aquele que é natural de uma dada região – subutilizadas, cujo aproveitamento econômico poderá contribuir para o enriquecimento da dieta alimentar humana e o incremento da matriz agrícola brasileira e ou mundial.

Mais informações: Silvana Bohrer (Sítio Capororoca): 3258.5607
Paulo Brack: 9142.3220

* Enviado por Paula Cassandra

[EcoDebate, 22/05/2009]

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