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Notícia

Estudo analisa a forma como a raridade de uma espécie afeta seu valor para as pessoas

[Por Henrique Cortez, do EcoDebate] Durante anos, os cientistas analisaram como a abundância de espécies influencia a sua chance de sobrevivência. Embora seja óbvio que os baixos números ameaçam a sobrevivência, simplesmente porque reduz as possibilidades reprodutivas, também deve ser considerado que a raridade de uma espécie também as torna mais valiosas.

É o chamado efeito antropogênico Allee, pelo qual quanto menor o número de indivíduos de uma espécie, mais provável é a sua extinção pela ação humana direta. A maneira mais óbvia é que a raridade, ao aumentar o ‘valor’, também aumenta o seu interesse para colecionadores, para troféus e produtos. Quanto mais rara uma espécie mais visada será pela caça ilegal.

Os tigres foram e continuam sendo caçados exatamente por isto. No Brasil, efeito semelhante também ocorreu com a arara azul, muito valorizada por ‘colecionadores’ internacionais. A raridade ou a ameaça de extinção são importantes fatores de incentivo ao tráfico internacional de animais.

Sobre o efeito antropogênico Allee sugerimos que leiam o artigo “Rarity Value and Species Extinction: The Anthropogenic Allee Effect”, publicado pela PLos Biology. Para acessar o artigo clique aqui.

Um novo estudo [Rare Species Are Valued Big Time], publicado na PLos ONE, indica que esta valorização das espécies raras também tem efeitos na orientação de políticas de conservação. O interesse das pessoas justifica os gastos públicos em espécies raras, com implicações negativas na conservação de espécies mais comuns.

Os pesquisadores, da Université Paris Sud, avaliaram o comportamento das pessoas utilizando um sítio web com um slideshow apresetando imagens de espécies raras e comuns. O slideshow foi programado para ‘congelar’ perto de seu final.

Eles mediram o tempo que as pessoas estavam dispostas a esperar para assistir ao slideshow. Eles identificaram que mais pessoas optavam pelas espécies raras e que elas esperavam mais tempo pela ativação do slideshow antes de desistir. A preferência na opção e a maior espera são claros indicativos de interesse.

O estudo demonstra que esta atitude também guia as ações de conservação, o que pode estar prejudicando as espécies mais comuns, mas, potencialmente, também ameaçadas. Isto é um alerta para que os conservacionistas sejam mais cuidadosos ao usar espécies raras como fator motivacional para a promoção da conservação.

O estudo “Rare Species Are Valued Big Time” está disponível para acesso integral no formato HTML. Para acessar o artigo clique aqui.

Para maiores informações transcrevemos, abaixo, o abstract:

Rare Species Are Valued Big Time

Elena Angulo¤, Franck Courchamp*
Ecologie, Systématique et Evolution, UMR CNRS 8079, Université Paris Sud, Orsay, Franc

Abstract

Background
It has recently been postulated that the value humans place on rarity could cause the extinction of rare species. This is because people are willing to pay the high costs of exploiting the last individuals. Many hobbies, such as ecotourism or the keeping of exotic pets may cause this effect – known as the anthropogenic Allee effect. However, the entire theory relies on the insofar undemonstrated assumption that people do value rarity.

Methodology/Principal Findings
In order to quantify how much people valued rare species relative to common ones, we created online slideshows of photographs of either rare or common species on an Internet web site. The slideshow with photographs of rare species attracted more visitors, and visitors spent, in general, more time waiting to view it.

Conclusions/Significance
We provide evidence that people value rare more than common species. As we did not target consumers of a specific market, this finding suggests that the anthropogenic Allee effect is likely be driven by a large part of the population. Given the substantial participation in our online experiment, we highlight the potential of the world wide web resource as a tool for conservation action. However, the evidence presented here that the general public value rare species, combined with the assumption that anthropogenic Allee effect is operating, implies that conservationists should be prudent when using rarity to promote conservation.

Citation: Angulo E, Courchamp F (2009) Rare Species Are Valued Big Time. PLoS ONE 4(4): e5215. doi:10.1371/journal.pone.0005215

Editor: Michael Somers, University of Pretoria, South Africa

Received: October 16, 2008; Accepted: March 13, 2009; Published: April 22, 2009

Copyright: © 2009 Angulo, Courchamp. This is an open-access article distributed under the terms of the Creative Commons Attribution License, which permits unrestricted use, distribution, and reproduction in any medium, provided the original author and source are credited.

Funding: Funding and E.A. salaries were provided by two grants from the Agence Nationale de la Recherche. The funders had no role in study design, data collection and analysis, decision to publish, or preparation of the manuscript.

Competing interests: The authors have declared that no competing interests exist.

* E-mail: franck.courchamp{at}u-psud.fr

¤ Current address: Estación Biológica de Doñana, CSIC, Sevilla, Spain,

[EcoDebate, 29/04/2009]

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