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De 1999 a 2006, o município do Rio de Janeiro apresentou alta taxa de mortalidade por câncer de colo uterino

O município do Rio apresentou alta taxa de mortalidade por câncer de colo uterino e houve associação entre a mortalidade por essa doença e as condições socioeconômicas dos bairros

Rio de Janeiro: alta taxa de câncer de colo uterino – De acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), o câncer do colo uterino é a quarta causa de mortalidade entre as mulheres brasileiras e, em algumas regiões mais pobres, assume a segunda posição. A dissertação de mestrado Mortalidade por câncer de colo de útero no Município do Rio de Janeiro, 1999 a 2006, apresentada por Karina Cardoso Meira na Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), sob orientação de Silvana Granado e Cosme Marcelo Furtado Passos da Silva, mostrou que o município do Rio de Janeiro apresentou alta taxa de mortalidade por câncer de colo uterino, com 50 casos para cada 100 mil mulheres.

Segundo a pesquisadora, a taxa é muito alta quando comparada as apresentadas por outras regiões do país. No Estado de São Paulo, observou-se 8,27 casos por 100 mil no período de 2001 a 2003 (segundo Antunes e Wünsch Filho, 2006) e o município de São Paulo apresentava seis casos por 100 mil no período de 1980 a 1999 (segundo Fonseca, 2001).

Com um simples exame preventivo, disponível na rede pública de saúde, as pacientes podem detectar e tratar precocemente o câncer de colo de útero. Apesar disso, as estimativas de incidência de câncer no Brasil, para o ano de 2008, previam um risco estimado de 19 casos de câncer de colo de útero para cada 100 mil mulheres, sendo que mais de dois mil casos aconteceram no Estado do Rio de Janeiro e 860 no município do Rio, de acordo com dados de 2007 do Inca.

“Um fator preocupante diz respeito à população atingida. As camadas mais pobres da sociedade apresentam taxas mais elevadas da doença. São nesses grupos que se concentram as maiores barreiras de acesso à rede de serviços para detecção e tratamento precoce da doença e de lesões precursoras. Isso ocorre devido a dificuldades econômicas, insuficiência de serviços e também questões culturais”, aponta Karina, que é enfermeira do Inca.

Outro fator relevante encontrado na pesquisa foi uma maior incidência da doença em mulheres com até três anos de estudo e também em mulheres entre 50 e 70 anos de idade. “A cultura, a pobreza e a injustiça social são fatores que se interrelacionam e mudam de acordo com o tempo e as circunstâncias sociais. São claras as dispariedades nas taxas de incidência, mortalidade e sobrevida nos diferentes grupos étnicos, sociais e raciais. A educação influencia fortemente as condições de saúde, o acesso e o uso de serviços preventivos”, indica a pesquisadora.

Na opinião de Karina, as taxas encontradas nesse estudo sinalizam problemas nas políticas públicas de saúde para prevenir as mortes por esta neoplasia no município. Além disso, a pesquisa também indica associação entre a mortalidade por câncer de colo de útero e as condições socioeconômicas dos bairros do município do Rio. Em bairros como Humaitá, Urca, Jardim Botânico, São Francisco Xavier, Rocha, Ribeira, Parque Colúmbia, Joá e Deodoro, não foram encontrados óbitos por câncer de colo de útero no período estudado. Já os bairros de Bonsucesso, Parque Anchieta, Mangueira, Jacaré, Galeão, Pedra de Guaratiba, Costa Barros, Barra de Guaratiba, Catumbi, Alto da Boa Vista, Vaz Lobo e Cidade de Deus apresentaram as maiores taxas médias de mortalidade da cidade.

“Mulheres residentes em bairros com maior proporção de negros e pardos apresentaram um risco de mortalidade duas vezes maior. Os bairros mais atingidos são os que apresentam as piores condições socioeconômicas do município, maior proporção de indivíduos analfabetos, menor esperança de vida, menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), menor proporção de indivíduos com ensino superior e chefes de família com os menores anos de escolaridade”, conclui a autora.

* Informe Ensp, na Agência Fiocruz de Notícias.

[EcoDebate, 29/04/2009]

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2 thoughts on “De 1999 a 2006, o município do Rio de Janeiro apresentou alta taxa de mortalidade por câncer de colo uterino

  • maria regina bernardo

    desejo saber estatistica do rio de janeiro de 2006 numero de mulheres com hpv e se tiver numero da zona oeste rj seria bom não consigo achar para minha pesquisa sobre percepção de enfermeiros na esf na zona oeste rj de casos suspeitos de hpv.maria regina

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