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New York Times questiona a segurança dos suplementos alimentares

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[Por Henrique Cortez, do EcoDebate] O jornal The New York Times, na matéria “Study Urges More Oversight of Dietary Items”, destaca que um relatório do Government Accountability Office reconhece que os suplementos não são adequadamente regulados e controlados nos EUA.

Os suplementos, essencialmente compostos por complexos vitamínicos, ‘pílulas’ e fórmulas de dietas, produtos herbais e bebidas energéticas, são, em escala global, vendidos sem prescrição médica.

De acordo com a FDA, Food and Drug Administration, nos 10 primeiros meses de 2008, foram relatados 948 casos de problemas de saúde associados aos suplementos alimentares, mas não necessariamente causados por eles. Destes casos, destacam-se 9 óbitos, 64 casos graves com risco de vida e 234 hospitalizações.

A matéria cita que a FDA estima em 50 mil casos de reações ou problemas sem gravidade associados aos suplementos.

No entanto é um grande mercado no qual, em 2008, 114 milhões de norte-americanos gastaram US$ 25 bilhões com o consumo destes produtos. Boa parte deste gigantismo depende diretamente da automedicação, da venda prescrição médica.

A matéria cita, também, recente relatório da FDA [FDA amplia o alerta contra suplementos para perda de peso] declarando que as 69 marcas líderes de suplementos de dieta, destinados à perda de peso, continham aditivos ou drogas adicionadas ilegalmente e que poderiam colocar em risco a saúde dos consumidores.

Estes produtos, pouco regulados e com fiscalização inexistente, também são amplamente consumidos sob forma de automedicação, o que amplia os riscos potenciais.

Um estudo recente concluiu que mais de 1/3 das crianças e adolescentes saudáveis dos EUA tomam vitaminas desnecessariamente e, em boa parte, sem acompanhamento médico.

Apesar de diversos estudos, que demonstram restritas aplicações das vitaminas e suplementos, ainda assim, elas são largamente consumidas, como se tivessem, por si mesmas, o poder de evitar doenças. Suas aplicações, como parte integrante de tratamentos são reconhecidas, mas não tem qualquer efeito para evitar doenças ou, por si mesmas, reduzirem os riscos do desenvolvimento de doenças. Vejam o tema discutido na matéria “Nova pesquisa conclui que os complexos multivitamínicos não previnem doenças“.

No final de 2008, no Brasil, MPF processou a Anvisa por ‘leniência e conivência’ com distribuidora de produtos nutricionais Health Saúde, pela venda de suplementos alimentares pela internet sem a realização de estudos sobre os efeitos deles sobre o organismo dos consumidores. No entanto, casos como este, existem às dezenas.

Estes casos podem ser especialmente críticos nos idosos, porque os idosos tratados com vários remédios ao mesmo tempo podem ser vítimas de interação medicamentosa.

Questões análogas devem ser discutidas em relação aos produtos herbais, com destaque para os mais diversos chás, utilizados sem controle e sem uma posologia adequada. Por exemplo, um estudo recente constatou que o chá verde bloqueia benefícios de medicamento usado no tratamento de mieloma múltiplo. Outro recente estudo afirma que o ginkgo biloba não tem qualquer efeito na redução de demência e doença de Alzheimer.

Muitas pessoas utilizam suplementos de ginkgo biloba na esperança de melhorar a memória, para ajudar a tratar ou prevenir a doença de Alzheimer e outros tipos de demência, para diminuir a claudicação intermitente (dor nas pernas causada pelo estreitamento artérias) e para tratar a disfunção sexual, esclerose múltipla, zumbido, e outra para outras condições de saúde. Na Europa e nos Estados Unidos, os suplementos de ginkgo biloba estão entre os medicamentos mais vendidos e na França e na Alemanha, embora classificado como suplemento fitoterápico, é regulamentado como medicamento prescrito.

A utilização de suplementos, portanto, deve sempre ser avaliada com cuidado e com orientação/prescição médida.

Para acessar a matéria “Study Urges More Oversight of Dietary Items“, do New York Times, clique aqui.

[EcoDebate, 12/03/2009]

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