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Liberdade de imprensa e violência no Pará, artigo de Nelson Tembra

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[EcoDebate] A liberdade é uma condição fundamental para o pleno exercício do jornalismo. O objeto do jornalismo é a história do presente. Uma história produzida pelos homens e marcada pela busca da liberdade. Não é por acaso que o jornalismo alimenta uma paixão insaciável pela liberdade, da qual tanto depende e defende.

A defesa da liberdade de imprensa é presença marcante em cada um de nós, articulistas e editores do Acorda Pará. Para a equipe do Acorda Pará, o jornalismo livre é patrimônio da sociedade e deve estar associado a um rigoroso sistema de responsabilidade social da mídia e seus profissionais.

Para os jornalistas, a defesa da liberdade de imprensa não é apenas um princípio, é também uma questão de sobrevivência. A ‘bala perdida’ e outras ameaças contra o jornalista Jorge Calderaro não ameaçam apenas ao jornalista, mas à própria democracia.

Ao relatar, sistematizar e denunciar o uso da força, o abuso de poder, as ameaças veladas ou não, o assédio moral para impedir o acesso e difusão da informação, a equipe editorial do Acorda Pará reafirma seu papel de protagonista nessa luta, de referência da categoria, e contribui com a preservação da própria democracia. Não se trata apenas uma denúncia. É um alerta e um convite para a luta permanente por um jornalismo livre, ético e qualificado.

Denunciar casos de violência contra jornalistas e profissionais da comunicação num Estado continental como o Pará, passará a ser, cada vez mais, um desafio a ser enfrentado por nossa equipe editorial. Perseguiremos sempre as informações sobre os casos para denunciá-los, defender a liberdade de imprensa e exigir do Poder Público ações mais eficientes neste setor.

Obter, cada vez mais, dados precisos sobre as injustiças e as irregularidades permitirão construir uma política mais abrangente para a área. Uma ação da qual participem todos os segmentos envolvidos na questão.

O caso merece ser denunciado à Comissão de Direitos Humanos da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), para ser incluído em seu banco de dados. Estima-se que a maioria dos casos nem é denunciada e, quando é, não chega a ser divulgada. Portanto, o caso contra o jornalista Jorge Calderaro pode ser considerado uma amostragem da triste realidade paraense e até mesmo do Brasil.

As tentativas de intimidação contra jornalistas, via de regra, são as mais diversas. A mais comum é a agressão física ou verbal. O assédio judicial é a segunda ‘arma’ mais usada para censurar ou tentar impedir a publicação de informações pela imprensa, ou ainda, punir o profissional ou empresa por matéria veiculada.

E o pior, na maioria dos casos, os autores são acusados de crimes contra o interesse público, os quais pretendem esconder da população bombardeando os jornalistas com ações judiciais.

Na realidade, muito antes de chegar à Justiça, a busca por ‘calar a boca da imprensa’ começa nas entrevistas e na própria redação. Jornalistas expulsos de coletivas, impedidos de fazer coberturas, com equipamentos apreendidos durante reportagens e até mesmo demitidos depois de publicar matérias que contrariam os interesses políticos, econômicos e pessoais dos ‘donos do poder’.

Urge tornar público a situação de risco que se encontra, não só o profissional, mas também a própria sociedade paraense, ao não ter o seu direito constitucional de acesso à informação e de liberdade de expressão respeitados ou ameaçados.

Nelson Batista Tembra, Engenheiro Agrônomo e Consultor Ambiental, com 27 de experiência profissional, é colaborador e articulista do EcoDebate

[EcoDebate, 05/01/2009]

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