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Enxurrada em SC alerta para efeito devastador do aquecimento global

Blumenau (SC) - Casas no bairro Progresso onde na noite de ontem ocorreram novos deslizamentos de terra devido aos fortes temporais Foto: Wilson Dias/ABr
Blumenau (SC) – Casas no bairro Progresso onde na noite de ontem ocorreram novos deslizamentos de terra devido aos fortes temporais Foto: Wilson Dias/ABr

A quantidade de chuvas que vem ocorrendo há uma semana em Santa Catarina preocupa a população do Estado e de outras regiões do país. Até a tarde de sexta-feira (28), foram registrados 78.707 entre desalojados e desabrigados. A Defesa Civil do Estado também registrou 100 óbitos e 19 desaparecidos. No total, são mais de 1.500 milhão pessoas afetadas.

Pesquisadores apontam que o motivo da enxurrada é uma seqüência de eventos meteorológicos. O pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônica (INPA), Antonio Manzi, explica que um bloqueio atmosférico foi o que desencadeou o início das chuvas. No entanto, ainda não é possível dizer porque o fenômeno ocorreu em Santa Catarina, já que a intensidade de chuva no local não é comum nesta época do ano.

“Tem algumas situações atmosféricas, da variação do tempo, no dia-a-dia, que estabelece uma massa de ar com alta pressão sobre uma região e aí ela não deixa passar, por exemplo, as frentes frias que vem do sul, que chegam até a região e não conseguem avançar e isso produz chuva no local”, diz.

Manzi argumenta que numa avaliação mais ampla, é possível relacionar a enxurrada catarinense com as mudanças climáticas globais. Mesmo que ainda não existam dados suficientes, estudos prevêem que as mudanças globais vão amplificar os fenômenos climáticos.

O meteorologista do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Olívio Bahia do Sacramento, relata que o fato dos eventos meteorológicos ocorrerem por dias consecutivos acentuou a quantidade de chuvas.

“Nós tivemos um intenso anti-ciclone atuando sobre o Atlântico e a circulação associada a este anti-ciclone trazia muita umidade do oceano para o continente. Além desses ventos trazendo umidade para o continente, tivemos outro sistema meteorológico atuando em torno de quatro, cinco mil metros de altura, que era o vórtice ciclônico, que intensificava ainda mais a instabilidade provocando grande volume de chuva ”, diz.

Diante da calamidade que tomou o Estado durante a enxurrada, os pesquisadores concordam que um planejamento urbano, que preveja eventos de tal magnitude, é o único jeito de minimizar os efeitos. Sacramento, do INPE, pondera que, igual a outros estados, Santa Catarina não está preparada para agir numa situação de emergência deste tipo.

Matéria de Paula Cassandra, da Agência de Notícias Chasque, publicada pelo EcoDebate, 01/12/2008

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