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Greenpeace denuncia que a produção de urânio contamina água em Caetité(BA)

Ativistas do Greenpeace coletam amostra de água contaminada em poço de Juazeiro, Caetité
Ativistas do Greenpeace coletam amostra de água contaminada em poço de Juazeiro, Caetité (BA). Foto do Greenpeace,

O Greenpeace, organização mundial de defesa do meio ambiente, divulgou ontem (16) um relatório denunciando a contaminação da água por urânio na cidade de Caetité, na Bahia. Segundo o relatório Ciclo de Perigo – Impactos da produção de combustível nuclear no Brasil, municípios do sertão baiano estão sofrendo com os “nocivos impactos” causados pelas operações na usina de urânio de Caetité, gerenciada pelas Indústrias Nucleares do Brasil (INB).

A INB é uma estatal responsável pela extração e produção do yellow cake, uma espécie de concentrado de urânio, gerador do combustível para as usinas nucleares do país. A mineração de urânio na Bahia para a fabricação do combustível nuclear, segundo o Greenpeace, é utilizada nas usinas de Angra dos Reis (RJ).

À Agência Brasil, Rebeca Lerer, coordenadora da campanha de energia do Greenpeace, disse que foram colhidas várias amostras de água utilizada pelas comunidades que vivem na área de influência direta da mina – compreendidas num raio de 20 quilômetros – e duas delas constataram que a água utilizada para consumo humano apresentava contaminação por urânio muito acima dos índices máximos estabelecidos pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Em uma das amostras, a concentração de urânio era sete vezes maior do que o limite da OMS, estabelecido em 0,015 miligrama por litro.

De acordo com o Greenpeace, elementos radioativos como o urânio chegam ao interior do corpo humano quando ingeridos por meio de alimentos ou água, inalados, absorvidos pela pele ou mucosas ou quando administrados em exames que utilizam esses materiais.

Um estudo feito no local em 2007 pela pesquisadora Geórgia Prado constatou que os habitantes da região de Caetité apresentavam uma concentração de urânio no corpo cem vezes maior do que a média mundial. A pesquisa foi feita utilizando dentes de humanos.

“Uma vez que a pessoa ingere o urânio, ele se acumula dentro do corpo e não é expelido. Com isso, podem ocorrer diversas formas de câncer e problemas nos rins”, explicou Lerer.

O resultado das análises feitas pelo Greenpeace será encaminhado para o Ministério Público Federal (MPF) da Bahia e também para o governo do estado, solicitando a suspensão do uso da água pelos moradores locais até que o problema seja solucionado e a abertura de uma auditoria para avaliar a atuação da INB em Caetité. O Greenpeace também pede o fim da exploração de urânio no Brasil para a fabricação de combustível nuclear, utilizado para geração de eletricidade e também com fins militares.

O assessor do presidente da INB, Luiz Felipe da Silva, disse que a empresa recebeu o relatório do Greenpeace na tarde de ontem (16) e que ainda não é possível dar uma resposta formal ao documento. No entanto, Silva afirmou à Agência Brasil que a INB têm programas de controle sistemáticos, previstos na licença ambiental, que não detectaram nenhum problema com a água consumida pelos moradores das comunidades próximas da usina. “Estamos em dia com nossas obrigações ambientais e trabalhistas”, afirmou. A INB diz que o relatório do Greenpeace será avaliado nos próximos dias.

Matéria de Elaine Patricia Cruz, da Agência Brasil, publicada pelo EcoDebate, 17/10/2008.

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