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Notícia

EUA pretendem autorizar a comercialização de gados transgênicos para a produção de alimento


A agência reguladora de alimentos e remédios dos Estados Unidos (FDA, na sigla em inglês), que está se preparando para permitir a comercialização de gados transgênicos para a produção de alimento, publicou ontem uma proposta para tratá-los como animais não modificados que apenas foram tratados com uma nova droga. Por Deise Vieira, da Agencia Estado.

Empresas que produzem animais transgênicos para produção de alimento terão de passar por um processo de aprovação que leva em consideração segurança alimentar e ambiental e eficiência do produto, segundo autoridades da FDA.

De acordo com Larisa Rudenko, conselheira de biotecnologia do centro de medicina veterinária da FDA, o que determina a qualidade da carne ou do leite é a saúde do animal, e não o fato dele ter sido ou não modificado geneticamente. Ela acrescentou que “há milênios, os humanos confiam nos alimentos derivados de animais saudáveis. Um animal saudável costuma produzir alimento saudável.”

A FDA também irá examinar a “composição” do alimento produzido a partir de animais transgênicos para garantir que ele não é diferente dos alimentos que sempre foram consumidos”.

Segundo Bill Flynn, conselheiro de política científica da FDA, não haverá exigência para rotular os alimentos derivados de animais transgênicos. “Não há exigência especial de rotulagem apenas porque o animal foi modificado geneticamente”, disse ele.

As informações são da Dow Jones. Agência Estado, Sexta-feira, 19 de setembro de 2008, 08:51.

Nota do EcoDebate

Os EUA rejeitam qualquer possibilidade de rotulagem dos produtos que contenham transgênicos e esta é a questão central.

Ao consumidor norte-americano e aos desavisados consumidores internacionais do seus produtos não é reconhecido o direito de ser informado e, por conseqüência, o direito de escolha no ato de consumo, ao contrário do que acontece na Europa.

No Brasil a rotulagem não saiu do papel e, se depender do governo, continuará letra morta.

A indústria de agrotóxicos jamais assumiu qualquer responsabilidade sobre os danos causados à saúde e à biodiversidade e o mesmo acontecerá com as empresas de biotecnologia.

Cedo ou tarde pagaremos o “preço” pelo abandono do princípio da precaução. Mas, qualquer que seja o dano e seu custo socioambiental, as empresas não serão responsabilizadas e os governos, a serviço do capital, colocarão seus técnicos e cientistas no papel de negarem qualquer nexo causal, do mesmo modo como fizeram e fazem com os agrotóxicos.

Como sempre a sociedade será a grande e única derrotada.

[EcoDebate, 20/09/2008]