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Novo supercomputador do Inpe tentará prever futuro do aquecimento no Brasil

O ministro Sergio Resende anuncia a aquisição do novo supercomputador na reunião da SBPC

No começo de 2009, entra em operação no Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) o primeiro supercomputador brasileiro capaz de estudar cenários do clima global em um futuro distante. O anúncio foi realizado durante conferência do ministro da Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende, na 60ª Reunião da SBPC. O ministério investirá R$ 35 milhões e a Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), R$ 13 milhões na compra da do dispositivo. Por Igor Zolnerkevic, enviado especial a Campinas, da Folha de São Paulo, 15/07/2008.

A máquina será de “uso coletivo”, afirma o Gilberto Câmara, diretor do Inpe. O supercomputador será usado por também pesquisadores da Fapesp e da Rede Brasileira de Mudanças Climáticas Globais.

O processador da máquina terá capacidade de 15 teraflops -realizará 15 trilhões de operações matemáticas por segundo. “Isso corresponde a 50 vezes a capacidade de que o Inpe dispõe hoje [para modelos de clima]”, disse Câmara. “O Brasil é um dos países que mais pode ser prejudicado em termos econômicos e sociais pelas mudanças climáticas.”

O diretor científico da Fapesp, Carlos Henrique Brito Cruz, diz que a agência publicará em agosto um edital convidado cientistas do estado a entrarem no projeto de um modelo climático global para estudar cenários futuros para o Brasil.

“Já temos um modelo global muito bom, mas que faz previsões de apenas até seis meses”, explicou Carlos Nobre, climatologista do Inpe. “O mais crítico para planejar políticas públicas é simular os próximos trinta, cinqüenta anos, e hoje não temos como fazer isso.”

Segundo Nobre, existem pouco mais de vinte centros no mundo capazes de analisar cenários de climas futuros.

“Os modelos globais são representações matemáticas da atmosfera, dos oceanos, das regiões polares, do ciclo do carbono, da vegetação”, explica. “Simulamos o aumento da quantidade de gás carbônico na atmosfera e o modelo nos diz o que acontecerá com o clima.”

Compreender e ajustar todas as peças do novo modelo deve levar quatro anos. “Não vamos usar no modelo nada que seja uma “caixa preta”, só acoplaremos as peças sobre as quais tivermos total domínio.”

A vantagem de ter um modelo nacional para prever mudanças climáticas é que ele se focalizará nos detalhes do clima da América do Sul. “Vamos enfatizar, por exemplo, as mudanças na vegetação, principalmente na floresta amazônica. Outra questão importante é a das queimadas: qual seu impacto no clima? São coisas que vamos incluir no modelo.”

Nobre afirma que, com esse projeto, o Brasil pode entrar no “clube seleto” de 20 países que colaboram com modelos para o IPCC (Painel Intergovernamental de Mudança Climática).

[EcoDebate, 16/07/2008]