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Belo Monte: Entidades vão se posicionar contra os projetos hidrelétricos para o rio Xingu

BRASÍLIA – Milhares de índios, ribeirinhos, ambientalistas e representantes de entidades sindicais deverão chegar a Altamira este fim de semana. Eles são esperados para participar de um encontro de três dias que vai se posicionar contra os projetos hidrelétricos para o rio Xingu: tanto a usina de Belo Monte como outras pequenas centrais. Do Diário do Pará, PA, 20/05/2008.

Promovido por um grupo de entidades contrárias à construção de Belo Monte, o Encontro Xingu Vivo para Sempre tem marcante presença internacional. Com direito a press-release (textos enviados aos jornalistas) em inglês e assessor de imprensa no Estado norte-americano da Califórnia, o encontro ocorre de 19 a 23 de maio, no ginásio poliesportivo da cidade.

Os organizadores acreditam que Altamira terá a maior reunião de indígenas na Amazônia brasileira desde o histórico I Encontro de Povos Indígenas, em fevereiro de 1989. Na ocasião, os Kayapó e outros grupos indígenas da Bacia do Xingu se mobilizaram contra os planos do governo federal de construir cinco hidrelétricas no rio. Três mil pessoas (650 índios) participaram do encontro assinalado pela imagem da índia Tuíra ameaçando com um facão o então presidente da Eletronorte – e hoje à frente da Eletrobrás – José Antonio Muniz Lopes.

O objetivo do encontro da próxima semana é exatamente o mesmo do de 20 anos atrás: demonstrar a oposição dos índios e seus aliados à usina de Belo Monte, incluída no Plano de Aceleração do Crescimento (PAC).

Mas os organizadores não se limitarão a Belo Monte: estão de olho nas pequenas centrais hidrelétricas, tanto as finalizadas como as futuras, no Pará e no Mato Grosso. Estimam que esses projetos – nove no total – atinjam aproximadamente 16 mil pessoas (14 povos indígenas) e representam ameaças às populações tradicionais, seja por removê-las de suas casas, seja por causar supostos prejuízos à pesca e ao transporte fluvial.

Eles querem propor ações que incluam “um modelo de desenvolvimento alternativo para a região, considerando o planejamento integrado da bacia, além de discutir a formação de um Comitê para a Bacia Hidrográfica do Xingu”. Jornalistas de todo o mundo foram convidados para o encontro, que espera reunir pelo menos mil indígenas do Xingu e de outras regiões da Amazônia.

Entre os organizadores do encontro estão entidades religiosas, ambientalistas e sindicais, cujo interesse comum é serem todos contrários à construção de Belo Monte. Sob a bandeira da oposição à usina estão unidas entidades como o Fórum Popular de Altamira, a Fundação Viver Produzir e Preservar, o Conselho Indigenista Missionário, o Sindicato dos Trabalhadores em Educação Publica do Pará, o Movimento de Mulheres Trabalhadoras de Altamira, a Federação dos Trabalhadores na Agricultura, a Comissão Pastoral da Terra e a Associação do Moradores do Médio Xingu, o Instituto Socioambiental, Amigos da Terra, WWF e Rainforest Foundation.

Não poderiam faltar dois adversários históricos da usina: o procurador federal Felício Pontes, autor de diversas ações contra a construção de Belo Monte, e o bispo D. Erwin Krautler, da Prelazia do Xingu. Para ambos, a maior crítica que se pode fazer ao governo federal é de não ter aberto um debate amplo e profundo com a sociedade sobre um assunto tão relevante.