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Oito empresas emitem 63% de todo o CO2 industrial em São Paulo. Cosipa lidera emissões

Oito empresas são responsáveis por 63% de toda a emissão de CO2 das indústrias paulistas. Elas respondem por cerca de 18 milhões dos mais de 29 milhões de toneladas do principal gás responsável pelo efeito estufa emitidas todos os anos. No topo da lista está a Companhia Siderúrgica Paulista (Cosipa), responsável por 6,357 milhões de toneladas do gás lançado na atmosfera, em 2006. Por Emilio Sant”Anna, do O Estado de S.Paulo, 24/04/2008.

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A empresa de Cubatão é seguida por três refinarias da Petrobrás e uma petroquímica de Santo André. Completam o ranking das oito primeiras a Companhia Brasileira do Alumínio, a Votorantim Cimentos Brasil e a Rhodia, indústria química – todas no interior do Estado.

Os principais setores industriais responsáveis pelas emissões são o petroquímico, siderúrgico, de transformação e de minerais não metálicos. O resultado foi apresentado ontem pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente de São Paulo durante reunião do Conselho Estadual do Meio Ambiente (Consema). Essa é a primeira vez que o governo do Estado divulga o nome dos principais emissores industriais. Para outros setores como agricultura, o estudo ainda será feito.

O levantamento listou as cem principias emissoras do Estado. Para isso, 379 empresas foram selecionadas e convidadas a preencher voluntariamente um questionário enviado pela Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) – 329 delas responderam. “As estimativas foram baseadas na metodologia usada pelo IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas)”, diz o secretário de Estado do Meio Ambiente, Xico Graziano.

Fazem parte também desse levantamento empresas como a Gerdau Aços Longos, Camargo Corrêa Cimentos, Suzano Papel e Celulose, Basf e Monsanto do Brasil. Todas elas, porém, com emissões bem abaixo do 1,033 milhão de toneladas da Rhodia, a oitava da lista.

Em março, Graziano chegou a anunciar números preliminares, mas adiou a divulgação dos nomes dos principais emissores. A decisão foi resultado do pedido das empresas para corrigir informações enviadas à Cetesb.

Agora, a secretaria deve procurar essas empresas para discutir a formulação de projetos voluntários de diminuição das emissões de CO2. “Isso não é punição para as empresas, mas dá instrumentos à Cetesb para se engajar nas negociações com elas”, diz o secretário.

BOA NOTÍCIA

O relatório divide os 29 milhões de toneladas do gás, lançados na atmosfera em 2006, como provenientes da queima de combustível industrial e como resultado do processo de produção em si. Segundo Graziano, 77% do combustível utilizado é proveniente de fontes renováveis – uma boa notícia.

A proposta para a realização do relatório partiu do ex-secretário José Goldemberg e levou cerca de seis meses para se concretizar. O ex-secretário prevê que a redução de emissão de CO2 não será homogênea entre os setores listados pela pesquisa, mas considera que é possível chegar a um bom resultado. “O que está sendo feito nos EUA é a identificação dos grandes emissores e o estabelecimento de metas”, afirma. “O que está sendo feito hoje em São Paulo nos coloca na mesma posição da Califórnia, o Estado mais avançado dos EUA nessa questão.”

Segundo ele, a tecnologia impedirá que esse processo seja barrado por interesses econômicos. O ex-secretário cita a redução na emissão de enxofre pelas indústrias americanas na década de 1980 como exemplo. “Acabaram chegando a um processo barato para diminuir a quantidade de enxofre. Acredito que o mesmo vai acontecer com o CO2”, diz.

Os próximos passos da secretaria devem ser a realização de um novo relatório com a emissão total no Estado, analisando os setores de transporte e agricultura, por exemplo. “Ainda vamos avançar nesta área, pois essa conta não inclui as emissões que são resultado do consumo doméstico e comercial de combustíveis nem do uso do solo”, diz Graziano.

De acordo com dados de 2006 da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), apenas a emissão de CO2 proveniente do setor de transporte aéreo e viário foi de 49 milhões de toneladas no País. O óleo diesel foi responsável por 55% dessa emissão, a gasolina por 35% , e a querosene utilizada na aviação 10%.

O secretário descarta a adoção de medidas de incentivo fiscal para as empresas que começarem a reduzir as emissões. No entanto, diz que, num futuro próximo, isso pode se transformar em crédito acumulado. “Elas teriam um atestado de que começaram a cortar a emissão antes de 2012.”

Cosipa lidera emissões de CO2 em São Paulo, diz governo
SÃO PAULO, 23 DE ABRIL – A Companhia Siderúrgica Paulista (Cosipa) é a primeira da lista das cem maiores empresas emissoras de gases geradores de efeito estufa do Estado de São Paulo, divulgada nesta quarta-feira pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente. O levantamento foi apresentado pelo secretário Francisco Graziano Neto, durante reunião do Conselho Estadual do Meio Ambiente (Consema), na sede da secretaria em São Paulo. Por Cláudia Fontoura, da Agência Reuters, publicada pelo Estadao.com.br, quarta-feira, 23 de abril de 2008, 18:15.

A siderúrgica é responsável pela emissão de 6,35 milhões de toneladas de CO2 (dióxido de carbono de origem fóssil) por ano. As refinarias Replan, Revap e RPBC, do grupo Petrobras, aparecem na sequência. A Replan, que produz diversos derivados do petróleo, emite, segundo dados da secretaria, 3,12 milhões toneladas de CO2 por ano.

A Petroquímica União (PqU) é a quinta colocada com 1,46 milhão de toneladas do gás por ano. As primeiras oito colocadas no ranking respondem por 18,26 milhões de toneladas por ano, ou 63 por cento do total.

Em nota divulgada no final da tarde, a Cosipa afirmou que “mundialmente, o processo siderúrgico gera emissão de CO2 e as indústrias vêm trabalhando para otimizar a sua matriz energética”. A Cosipa disse ainda que “tem atuado pró-ativamente no controle e redução das emissões” e que investiu 336 milhões de dólares, nos últimos dez anos, em gestão e equipamentos de controle ambiental.

Procurada pela Reuters, a assessoria de imprensa da Petrobras afirmou “que a empresa ainda não tomou conhecimento de todas as informações contidas no relatório e vai se pronunciar assim que possível”. E a PqU não quis se pronunciar imediatamente.

Para realização do levantamento foram selecionadas 371 empresas com maior potencial de emissão do gás. Destas 329 responderam voluntariamente a uma avaliação aplicada pela secretaria a partir de critérios do Intergovernamental Panel on Climate Change (IPCC), considerando o consumo de combustível e a produção industrial informados pela empresa.

A proposta de realização do inventário surgiu por sugestão do ex-secretário de Meio Ambiente José Goldemberg. “A lista não é um instrumento de punição, mas dá condições de engajar a Cetesb em negociações com esses emissores para acordos voluntários”, disse Goldemberg nesta manhã.

Nelson Reis, representante da Federação da Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), declarou que o setor tem sido proativo na questão das mudanças climáticas.

“O fornecimento voluntário das informações é uma mostra da transparência que a indústria trata do tema”, disse.

Segundo Graziano, o investimento em eficiência energética e em novos processos de tecnologia de produção são caminhos que as indústrias deverão começar a seguir para reduzir as emissões.

“Imagino que no setor empresarial, ninguém mais duvida de que essa é a agenda”, disse. “Na competição global, é fazer ou fazer. Na Europa, o consumidor já escolhe o carro considerando a emissão de CO2.”

O CO2, muito confundido com o CO (monóxido de carbono), não é considerado um poluente. Seus efeitos estão relacionados ao aquecimento global. A indústria é responsável por um terço da emissão do gás. Os outros dois terços têm origem em setores como comércio, transporte, energia, em aterros sanitários e domicílios.

Segundo Marcelo Minelli, diretor de engenharia, tecnologia e qualidade ambiental da Secretaria de Meio Ambiente, está sendo produzido um levantamento para identificar os maiores emissores nos outros setores, que deve levar de dez a 12 meses para ser concluído.