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Notícia

Poços e zonas protegidas para facilitar acesso à água potável de etíopes

Sole Chefa (Etiópia), 2 mar (EFE).- Algo tão simples como beber água da bica é um luxo para a maioria dos etíopes, que em muitos casos têm que percorrer vários quilômetros para poder satisfazer suas necessidades diárias. Por Antonio Jaén, para a Agência EFE, publicado pelo UOL Notícias, 02/03/2008 – 14h39.

ONGs estão empenhadas em tentar resolver problemas tão básicos como este, e projetos como os que realiza a Etiópia Intermón Oxfam estão resolvendo as necessidades mais urgentes de muitos etíopes.

“Antes ia às três da madrugada ao vale para pegar água e não voltava até às onze da manhã”, diz à Agência Efe Alaiku Tufa, uma das encarregadas de levar água a suas famílias nesta localidade do sudeste do país.

“Agora temos mais tempo, que podemos dedicar a nossas casas e a nossos filhos”, acrescenta.

Segundo dados do Governo de Adis-Abeba, só 42% da população etíope tem acesso a água potável. De acordo com dados da ONU, mais de um bilhão de pessoas no mundo todo são privadas de água limpa.

A cada ano morrem 1,8 milhão de crianças em conseqüência direta de diarréias e outras doenças ocasionadas por água suja e pelo saneamento insuficiente, por isso desde começos deste século a água suja é a segunda causa de mortes infantis no mundo.

Na Etiópia, essa tragédia é visível nas comunidades rurais. Na região de Tigray, no região norte, há zonas onde só uma décima parte da população tem acesso a água potável.

Outros problemas acrescentados são as disputas violentas entre as comunidades para poder usar a água e o fato de se verem obrigados a buscá-la em lugares não protegidos, onde o gado também bebe ou onde inclusive se encontram normalmente animais mortos.

“O acesso à nascente de onde pegávamos a água nos obrigava a fazer uma viagem longa e perigosa, e as violações eram algo comum”, diz Abaynesh Asfaw, mãe de cinco filhos.

Em Tigray, o Ministério da Saúde participa dos progressos que vão ocorrendo nas zonas onde a Intermón já instalou alguns pontos de retirada de água.

“Antes da intervenção, 67% das doenças eram causadas por infecções devidas ao uso de água contaminada”, aponta Desta Michael, especialista no desenvolvimento da higiene e saúde na zona.

“Agora – acrescenta – o número reduziu-se notavelmente, registrando 32%, após apenas 9 meses usando os poços instalados por Intermón”.

Neste ponto, Bolosso Sore, uma localidade do sul da Etiópia, mostra um exemplo ainda mais claro, com o completo desaparecimento da diarréia aguda que em um ano afetou 67 pessoas, das quais morreram duas.

Desde que a população dessa localidade começou a usar a água dos poços instalados no local, não se registrou nem um só caso.

Apesar de poder vislumbrar um avanço no que supõe um dos maiores problemas na Etiópia, ainda são muitas as zonas que carecem da assistência necessária para poder desenvolver planos de transformação hidrológica.

Intermón Oxfam, uma ONG espanhola, dedicada ao desenvolvimento da cooperação e a ajuda humanitária, começou esta caminhada que já conseguiu levar uma brisa de segurança a milhares de lares, ao longo do país.

Junto ao indispensável trabalho de criar poços e zonas protegidas, de acesso à água, Intermón, em colaboração com ONG locais, também implementa um programa de higiene e saúde nas casas.

Entre outras atividades estão a construção de milhares de vasos sanitários. Até agora a defecação é feita a campo aberto, um costume que é mais normal nestes lugares e continua sendo em outros muitos.

“Este é um projeto que surgiu da necessidade”, afirma Kaleab Getaneh, coordenador deste programa na Intermón Oxfam Etiópia.

“A água e o que ajuda o apropriado uso dela é algo primário para qualquer comunidade – acrescenta -. É vital seguir trabalhando, para chegar ao maior número de pessoas possível”.