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Carbono a mais no ar mata, diz pesquisa

O governo da Califórnia acaba de ganhar um trunfo na sua luta judicial contra a Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA, na sigla em inglês). Um estudo feito na Universidade Stanford conseguiu isolar o dióxido de carbono atmosférico dos demais poluentes e ligá-lo de forma direta com mais mortes no mundo. Matéria da da Folha de S.Paulo, publicada pela Folha Online, 05/01/2008 – 10h24.

Na última quarta-feira, o governo de Arnold Schwarzenegger entrou na Justiça contra a EPA. O órgão bloqueou no mês passado a nova legislação californiana que criou padrões rigorosos de emissão de poluentes para o setor de transportes.

A justificativa usada pelo órgão federal –que havia décadas não impugnava uma decisão estadual– era a de que não havia indícios técnicos de que a poluição estava realmente piorando a saúde das pessoas.

Porém, o estudo que será publicado na revista “Geophysical Research Letters” diz exatamente o contrário.

“Isso [mais carbono e mais mortes] é uma relação de causa e efeito e não é apenas uma correlação” afirma Mark Jacobson, o principal autor do trabalho. O modelo matemático desenvolvido por ele mostra como o dióxido de carbono aumenta a temperatura global e provoca, a cada grau que o termômetro sobe, mais mortes.

Esse processo, segundo Jacobson, estaria causando a morte de 20 mil pessoas em todo o mundo por ano. “Essa pesquisa tem uma implicação particular para a Califórnia, Estado que tem seis cidades entre as dez mais poluídas dos Estados Unidos”, afirma o pesquisador.

Para o cientista, essa situação peculiar –muita poluição– justifica o fato de a Califórnia ter uma política específica, e mais agressiva, para tentar reverter o problema.

“No total, 30% de cada mil mortes adicionais que ocorrem nos EUA por causa do aumento de 1ºC devido ao carbono serão registradas na Califórnia, que tem 12% da população americana”, calcula Jacobson.

Para ele, não há dúvida de que a maior emissão de carbono é a grande vilã no aumento do número de casos de pessoas que morrem por problemas respiratórios ou cardíacos.

No modelo feito em Stanford, vários fatores foram incorporados. Desde o transporte dos gases e das partículas em suspensão na atmosfera até os efeitos do vento, da chuva, do calor e das nuvens. Os processos oceânicos também entraram na conta.

“O mais lógico, em termos de próximo passo, é reduzir o dióxido de carbono na atmosfera.”