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Artigo

Vegetarianismo e meio ambiente, por Jair Donato

[A Gazeta] Um dos princípios de saúde, de ética ambiental e de espiritualidade, além de ser econômico na utilização dos recursos naturais, como o potencial hídrico, é a alimentação vegetariana. Mas, não dá dinheiro, por isso não é o negócio da vez, embora haja incontáveis estudos e recomendações sobre o balanceamento de uma alimentação à base de vegetais.

A antiga cultura de comer carne é hoje fomentada mais pelo rentável negócio de criar bois, suínos e congêneres; um forte reflexo do mundo capitalista. Cerca de um terço dos grãos produzidos no mundo são destinados para consumo animal. Nos países desenvolvidos, mais de 80% dos cereais que possuem são fornecidos ao gado. Ainda que a carne fosse algo muito saudável, na atual conjuntura, seria ético rever o consumo em função do impacto que causa ao planeta, como os desmatamentos das florestas e a emissão de gases poluentes.

Pense no inofensivo e costumeiro churrasco de fim de semana, ao espetar aquela carne macia e suculenta, regada com bebida, uma boa dose de humor e descontração, que já faz parte da cultura brasileira, algo aparentemente saudável. Contudo, para quem refletir sobre a lei de causa e efeito, e poucos fazem isso, pode começar pela fumacinha gerada pela brasa, somada aos demais impactos que houve até a chegada do boi ao espeto, vai perceber que esse é um prazer que já não compensa tanto. A reflexão maior é que não podemos continuar fazendo as mesmas coisas, porque sempre foram assim.

E as conseqüências à saúde pelo fato de comer carne, são poucas? Não. São altos os números estatísticos ligados aos índices de enfarte e de câncer, principais causas de mortes no mundo.

Distúrbios na saúde, anomalias e até impotências, podem surgir, por causa do nível de toxina descontrolado no organismo. Médicos e cientistas orientam pacientes para diminuírem o consumo de carne vermelha. Algumas dessas substâncias que vêm da carne animal em diferentes níveis não são liberadas, nem mesmo após cozimento em alta temperatura. Até o nível de humor e o instinto de um carnívoro de carteirinha é diferente, concluem.

A questão é que atualmente, o que já não é tão bom para o organismo, está sendo ruim para a qualidade de vida no planeta, pois degrada o meio ambiente. O grave é a produção desmedida de carne, em nome de um crescimento econômico em curto prazo. Ao redor do mundo, animais são reproduzidos em lotes, facilmente. A fatura é o que importa. Qual é o lucro? Essa é a diretriz.

Quando criticam quem fala da necessidade do repensar na alimentação, a única justificativa é que mandar carne para o mundo comer é um alicerce da economia no país. E querem monopolizar essa idéia, como se ignorassem outros aspectos do bem comum, a exemplo do desenvolvimento sustentável, uma realidade ainda pouco existente na produção carnívora.

Na história da humanidade, uma menor parte se permite refletir sobre o triste fato de matar milhões de animais diariamente como se transformasse um mero produto em outro, sem considerar o respeito à vida. É um tipo de comida que implica na crueldade de seres que possui vida, sentem dor e medo no processo da morte, e liberam descargas de toxinas que são ingeridas pelos que absorvem as substâncias da carne. Para informação do leitor, isso não é qualidade de vida. Esse é um assunto também ligado à expressão filosófica e espiritualista, que abordarei a posteriori.

Considerando apenas a questão ambiental, ou, o cuidar da própria casa, a explosão do crescimento animal para abate, atualmente é muito alta. A Organização Mundial da Saúde (OMS) orienta autoridades governamentais do planeta que reduzam a gordura saturada. Várias autoridades em diferentes países aconselham a população a comer menos carne vermelha para aumento da qualidade de vida.

Mas, o que fazer? Parar de comer carne? Talvez seja radical essa proposta. Então, é comer a medida certa. Ou seja, consumir racionalmente, em perfeita combinação com o vegetal e demais fontes protéicas da natureza. Para começar a mudança, isso já é um repensar, e sem radicalismo.

Jair Donato é jornalista em Cuiabá, consultor – Life Coach -, professor universitário – especialista em Gestão de Pessoas e Qualidade de Vida. E-mail: jairdomnato@gmail.com

(EcoDebate) artigo originalmente publicada pela A Gazeta, MT, 07/12/2007